quinta-feira, 31 de março de 2011

381

Jamais pudera
Viver após
O quanto em nós
Desperta a fera
Marcante espera
Da vida em foz
O meu algoz
Em torpe esfera.
Resumo o sonho
E me proponho
Ao menos nisto,
E se inda vejo
O meu desejo
Não mais insisto.

382

Ausente passo
De quem se fez
Na insensatez
Por onde traço
O mundo escasso
De lucidez
E se tu vês
Cada pedaço
Embevecido
Momento em luz,
Tanto produz
Falso sentido,
Até duvido
Do que reluz.

383

Apresentar
A queda enquanto
O desencanto
A se mostrar
Traz no lugar
O medo e canto
Ousando pranto
Pudesse amar.
Apenas pude
Viver o rude
Anseio em vão,
Espreito e sigo
Em desabrigo
Sem direção.

384

Não vejo
Senão
O não
Desejo
O pejo
Em vão
Então
Porejo
A luta
Astuta
Reluto
Após
O algoz
Mais bruto.

385

Meu verso traço
Onde pudesse
Talvez em messe
Ousar no escasso
Cenário faço
E nesta prece
O que se tece
Marcante espaço.
Vagando lento
O que ora invento
Bebesse em mel
A sorte em paz,
Mas nada traz
Sequer meu céu.

386

Navegações
Em rumos tais
Em tons mortais
Indagações,
E se propões
Entre cristais
Dias banais,
Trago tufões,
E sinto morta
Estreita porta
Aonde vivo
Sem ter somente
O que apresente
Em lenitivo.

387

Não quero a lua
Que não viria
Em fantasia
Imensa e nua,
Onde flutua
Alma vadia
Em ironia
Entranha a rua,
Desta sarjeta
Algum cometa
Pudesse além,
Do que arremeta
E se prometa,
Mas nada vem.

388


Ar constelar
Aonde um dia
Vencer a fria
Noção de amar,
Já sem lugar
Lutar traria
A melodia
A se tramar,
Negar o passo
E sendo escasso
O verso em vão,
O meu delírio
Antes martírio,
Em solidão.

389

Acolho o sol
E vejo as cãs
Minhas manhãs
Neste arrebol,
Algum farol
Em horas vãs
Sendas irmãs
Sou girassol,
E bebo o quanto
Pudera mais
E se garanto
E já me trais.
Em raro espanto
Dias venais.

390

Aprendo quando
O tempo ensina,
Mão assassina
Já demonstrando
O ser nefando
Onde destina
O que alucina
Mesmo matando.
Apresso o passo
Apreço traço
Sem preço, a paz,
Neste adereço
O que mereço
A vida traz?

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