domingo, 27 de março de 2011

41

Não abro mais o bico
Tampouco poderia
Ousar na sintonia
Diversa; enquanto explico
Meu verso e nisto fico
Ousando em ironia
Tentando hipocrisia
E basta ser mais rico.
Complico com o quanto
O todo aonde espanto
O canto sem proveito,
Do todo que pudera
Encontro em ti a fera
E toda a caça; aceito.

42

Já não mais me aprouvera
Pousar em rumos tais
Ainda que fatais
As sortes ditam fera.
A voz demais sincera
Os ermos desiguais
E trago em meus bornais
O quanto agora espera.
Não tento acreditar
Nas velhas fantasias
E tudo o que trarias
Tomando este lugar
Decerto não mais trame
Amor como ditame.

43

Vestígios de um momento
Há tanto abandonado,
O mundo em seu recado
Não traz o sentimento
E quando a paz eu tento
O dia desvendado
Marcando com enfado
O sol que em vão sustento.
Do vento que presume
O tempo em raro ardume,
Cardumes da esperança
Quem nada mais consegue
Apenas não sossegue
E ao tanto em vão se lança.

44

Vagando no passado
Em termos mais sutis
Ainda ser feliz
É no lançar de um dado.
O prazo resgatado
O tanto que desfiz
No sonho do aprendiz
A vida dá recado.
O pranto não se extingue
Amor como estilingue
Atinge e nos maltrata,
No fim em alvo e seta
Pudera ser poeta,
Saudade; esta insensata.

45

No pranto que rolasse
Dos olhos de quem ame,
O tempo noutro exame
Traduz um novo impasse
E mostra nesta face
O sonho qual enxame
Vagando aonde clame
Tramando o desenlace,
Nesta alvorada vens
E saibas sem desdéns
O que contém tal jogo,
O dia sem promessa
A sorte recomeça
E traz a fúria e o fogo.

46

Não meça tais anseios
Tampouco veja o fim
Aonde o que há em mim
Presume tais rodeios,
Os dias mais alheios
A paz neste jardim,
O corte sendo afim
Dos ermos devaneios.
Um gole de aguardente
E nada mais se sente
Sentidos entre ocasos,
Assim seguindo o rumo
Enquanto não me aprumo
Expresso velhos casos.

47

Ousasse perceber
O quanto resta em nós
A vida mesmo atroz
Traduz qualquer prazer,
Assim cada querer
Produz enlace e nós
E sempre segue após
Ainda o posso ver.
A parte que me cabe
Bem antes que desabe
Expressa esta emoção
Do mundo em que me arribo
O tempo sem estribo
Vaga sem direção.

48


Migrante bandoleiro
Dos términos fugazes
Aonde o que me trazes
Matasse o meu canteiro,
O tempo corriqueiro
Os olhos tão mordazes
E sei das tantas fases
E nelas eu me inteiro.
Reparo cada passo
E sei quanto mais traço
Desfaço o que não fiz,
Assisto ao quanto veja
A sorte em tal peleja
Marcando este aprendiz.

49

Não fala do sonho
Tampouco da luz
Aonde conduz
O tempo bisonho,
E tanto componho
Ou mesmo seduz
O que não reluz
Já nem mais proponho.
Restando de nós
Apenas a foz
E o passo sem nexo,
O mundo atormenta
E sei da sangrenta
Batalha que anexo.

50

Já não poderia
Pousar noutro ponto
A vida desconto
Diversa e vazia,
O tempo traria
O mundo em que conto
E quando me apronto
A noite esvazia.
O verso sem rima
A lua que prima
Agora nublada,
A sorte se esvai
E o quanto me trai
Traduz sempre o nada.

Nenhum comentário: