quinta-feira, 31 de março de 2011

411

Ao imitar a vida sem sucesso
Vencido caminhante da esperança
Aonde o meu passado em vão se lança
Apenas procurando algum progresso
E sendo de tal forma o que ora expresso
Vestindo com ternura a temperança
A luta se moldara em vã pujança
Do tempo onde o vazio ora professo.
Encontro nos acordos mais venais
Os dias que pudessem, mas me trais
E nada se aproveita disto tudo,
E sendo de tal forma um ser herético
Aonde me quisera até profético
No tempo ora inexato já me iludo.

412


Chegando ao que pudera em novo tom
Vencer os mais doridos sonhos rudes
E sei que na verdade quando iludes
O tempo se mostrara mesmo bom,
E vendo o que pudesse em sonho e dom,
Acordo os meus fantasmas e já mudes
Os dias mais mordazes, plenitudes
Marcando cada passo em seu neon.
Ousando acreditar no que se faz
O prazo desenhando onde é mordaz
Mordaças entre luzes e quimeras,
No quanto poderia ser feliz
Apenas o meu mundo contradiz
E ceva sem sentido o quanto esperas.

413


Levando para além da sepultura
A sorte sem sentido em desvario,
O tempo quando muito o desafio,
Apenas desenhado a vã cultura,
E o prazo na verdade se depura
E trama no final além do rio
A sorte num momento mais sombrio
Ainda que pudesse em desventura.
Esculpo com meus sonhos, meu buril,
O quanto esta esperança não previu
E mesmo que talvez já redimisse,
O prazo sem sentido e sem razão
A luta na diversa dimensão,
Apenas refletindo esta tolice.

414


O velho boquirroto não se cala
E o tempo não presume novo fim,
E sei do que resguardo e morto enfim
A luta me prepara outra senzala
Ao ver em discordância esta vassala
Vontade de viver e ter em mim
O cântico suave, mas se eu vim
Apenas o momento em dor já fala.
E o vértice no vórtice moldando
O dia noutro tom duro e nefando,
Cadenciando o passo rumo ao nada,
E sei deste finito caminhar
Aonde poderia trafegar
Deixando para trás a velha estrada.

415

Ousando acreditar que nos meus dedos
Pudesse transformar em panacéia
A vida se perdendo em rude idéia
Vagando entre os diversos desenredos,
Ainda que se vejam bem mais ledos,
Os dias em terríveis assembléias
E nisto se desenham vãs platéias
Tentando desvendar rudes segredos.
Servindo do que possa ser diverso
Em doidivanas noites nada resta
Senão a sensação dura e funesta
Pousando na incerteza, e se disperso
Meu tempo se perdendo aonde vês
Traçando novamente a insensatez.


416


Cozendo o coração em fogo brando
O medo não traria algum alento
E quando mais um pouco busco e tento,
O mundo noutro tanto desabando,
O verso se mostrara em ledo bando
E o corte se anuncia em tal tormento
E vejo do que possa e não aguento
Cenário mais sutil em tom nefando.
Realço no final a desventura
E ocaso sem sentido configura
O prazo que findasse qualquer sonho,
Meu dia se inundando sem ter tréguas
Distando da esperança várias léguas
Somente no vazio eu me componho.

417

Idílios mais diversos, sonho rude,
E o canto sem saber aonde viva
A luta na verdade traz cativa
A voz que tantas vezes desilude,
Ainda quanto mais extenso eu pude,
Viver e subverter o que se priva
Da senda mais atroz que sei esquiva
E sinto a dura face em magnitude.
Esqueço o que versando tente após
Meu passo no vazio tendo a foz,
Exprime o que pudera ser diverso,
E bebo do momento mais agudo,
E nisto com certeza não me iludo,
Apenas neste anseio aquém, eu verso.

418

Acrescentar o fim ao que tentei
E nada mais vislumbro senão isto,
E sei do quanto possa e não resisto
Marcando com terror a leda grei.

No passo sem sentido onde provei
O que inda não teria e em vão consisto
Por vezes a mortalha, eu mal despisto
E sigo o que jamais esquecerei.

Avisos entre rotas mais sutis
E sei do quanto possa e nada diz
Somente da semente apodrecida,

O solo não presume o que se quer
A luta adentra então sem ter sequer
Uma esperança feita em rude vida.

419

Mapeias com a fúria costumeira
Cenários entre enganos e vazios,
Os dias com certeza mais sombrios,
A morte delimita esta fronteira.

A sorte mesmo sendo passageira,
Entranha dentro da alma velhos rios
E bebo do que possa em desvarios
Na luta tantas vezes corriqueira.

Ligeiramente estúpida quimera
Aonde o que se possa destempera
Marcando com terror o dia a dia,

A morte se aproxima e nada vejo,
Senão cada momento em medo ou pejo
Matando o quanto quis ou mais queria.

420


Inimitável sonho em sorte rude,
O preço a se pagar não mais compensa
A vida que pudera ser imensa
Não traz o quanto quis em magnitude

O verso na verdade desilude
E marca com terror a sorte extensa
E nada do que possa recompensa
A marca mais audaz em plenitude,

Meu verso sem sentido e sem proveito
O tanto quanto possa e não aceito
Esqueço o que viera após a queda

E o prazo determina o fim do jogo
Apenas ensaiando em meio ao fogo
O meu caminho agora a vida veda.

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