quinta-feira, 31 de março de 2011

431

Apenas entre as perdas do caminho
As pedras que talvez mesmo tentasse
Vencer o quando veja em duro enlace,
E sei do meu anseio até mesquinho.

E tanto quanto em rude desalinho
O medo noutro tanto se moldasse
E nisto o que pudesse modulasse
Marcando com terror enquanto alinho.

Espero qualquer dia aonde eu veja
Somente o desenredo em vã peleja
E seja como for, como puder,

O mundo em desafeto, o sonho rude,
E nada do que eu possa ainda ilude
Na justa sensação do que aprouver.

432


Amortalhando o verso aonde enfrente
O mundo sem temor ou mesmo quando
O verso noutro tom se desenhando
Matando o que pudera, ora inclemente.

Peçonhas tão diversas e a serpente
Mostrara o que se tente e desabando
O mundo noutro já definhando
O quanto se presume e se apresente.

O verso sem sentido, o medo em vão
A luta na soberba dimensão
Apresentando ao fim o que não veio,

Coleto dos meus versos a esperança
E o peso transcorrendo enquanto avança
Meu mundo nas entranhas de um receio.

433

Asperges os insanos complementos
E bebes cada gota até que exangue
Meu mundo transformando mar em mangue
Expressa tão somente desalentos;

Aviso ao que pudesse em horda e gangue
O tempo entre diversos sentimentos,
E vivo sem saber dos tais tormentos
Perdendo o que me reste em ralo sangue.

Não quero prosseguir e não se tente
Vencer o que pudera impertinente
Momentos em ter enganos, nada mais,

Os olhos sem saber deste horizonte
Aonde o que se perde desaponte
Os ermos entre tantos terminais.

434

Não chore a derrota
A sorte se faz
E quando se nota
O canto é voraz
E sei que desbota
A luta onde traz
A morte se esgota
E nega esta paz,
Rondando o passado
Presente vazio
Futuro negado
Vestindo este estio.
E quando me evado
O mar desafio.

435

O verso sem rumo
O canto sem eira
A luta estradeira
O prazo consumo,
E se me perfumo
Mergulho onde queira
A sorte primeira
E nisto o resumo
De um tempo perdido
E nele me olvido
Do quanto já quis,
O verso sem nexo
O olhar vão, perplexo
Fatal chamariz.

436

Bebendo o vazio
E sei do que encante
A vida adiante
O tempo sombrio,
E se desafio
Viver doravante
O que noutro instante
Expressa este fio,
Apelos em rudes
Promessas e mudes
O verso afinal,
Depois do que reste
A luta em agreste
Momento é fatal.

437

Não quero a peçonha
De quem não me quer
E quando em qualquer
Caminho deponha,
A luta envergonha
Quem sabe e vier
Ousar sem sequer
A senda enfadonha.
Espero o que possa
Traçar nesta fossa
A farsa incontida
E sendo tenaz
O passo desfaz
Qualquer leda vida.

438

De tantas façanhas
A vida se faz
E sei do mordaz
Cenário em que entranhas
Além das montanhas
O tempo desfaz
O que nada traz
Senão tais barganhas,
A luta que tento
Vencer sofrimento
Num tempo mais calmo,
Aprendo e revelo
Qual fosse algum salmo
O sonho mais belo.

439


Premissas que trago
No canto mais rude
E sei do que ilude,
E nisto este afago
Deveras divago
Em tal atitude
O prazo se mude
Invade este lago,
O canto sem paz
A sede voraz
E o fim sem proveito,
Do quanto quisera
Apenas a fera
Deveras aceito.

440

Presumo o vazio
E bebo o final
Onde desafio
Qualquer ritual,
Ainda desfio
Momento fatal,
Resumo em sombrio
Tormento em geral,
O beco a saída
A luta temida
A vida sonega
A morte se vendo
Apenas remendo?
A sorte tão cega...

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