domingo, 27 de março de 2011

71

Versando até o fim
Reverso da medalha
O quanto que se espalha
Traduz o todo em mim,
Não posso e sei que assim
A vida sendo falha
Prepara o que atrapalha
Matando o meu jardim.
Aonde quis bromélias
Jasmins, rosas, camélias
Apenas tanta areia,
O verso se tramando
Num solo tão infando
Jamais toma e incendeia.

72

O prazo que se finda
O trem que já perdi
O mundo desde aqui
A vida não mais blinda,
O risco sendo ainda
O todo quando o vi
Vestígio e nada ouvi
E a luta se deslinda;
Audaciosamente
O tempo tanto mente
E remetendo ao fato,
Porquanto ser feliz
Traduz o que mais quis
E o fim ora retrato.

73

Não mais se vendo o quanto
Talvez inda feliz
Do tempo onde se quis
Viver em pleno encanto,
Mas quando não garanto
O verso e por um triz
Tateio em céu mais gris
E bebo enfim o pranto.
Restando o quase nada
E vejo desenhada
A foz num novo enredo,
O canto se profana
A luta soberana
E a paz; jamais concedo.

74

Cismando contra a sorte
Que me joga por terra
A vida ora se encerra
E nada mais comporte,
Aonde fora forte
O tempo não mais cerra
A luta quase guerra
Jamais tanto conforte,
Restando o mesmo nada
Semente degradada
Nas tramas deste solo,
E quantas vezes; vi
O todo audaz e em ti,
Somente ora me assolo.

75

Brincar de ser além
Desta saudade imensa
A vida não compensa
E pensa no que tem,
O mar que traz ninguém
Em onda sempre vença
Marcando tal doença
Com dor e sem vintém.
O prazo determina
A frágil solução
E sei que desde então
Estando seca a mina
O vento não permite
Além de algum limite.

76

Navego contra as ondas
E vejo a tempestade
Que tanto nos degrade
E nela tu respondas
Pousando aonde escondas
A sorte feita em grade
Atroz sinceridade
Enquanto o fundo; sondas;
Espero um pouco mais
E sei dos dias tais
Ainda que distantes,
Os olhos mais sombrios
Tramando em desafios
Os ermos onde espantes.

77

Negociando o fato
De ser ou não tentar
Ainda desenhar
A face onde resgato
O mundo tão ingrato
A luta a se sonhar
O verso a navegar
O marco num regato
Já tanto poluído
A vida em tal ruído
Esquece qualquer meta,
E sei do que pudera
Tramando em voz austera
O que jamais completa.

78

Não meça com teu medo
Este caminho vago
E tanto se divago
Traduzo este segredo
E sei do desenredo
Aonde o que ora afago
Persiste enquanto o trago
Ou mesmo assim procedo.
Restaurações diversas
Somente tu não versas
Talvez por aversão,
O manto se puindo
O tempo outrora lindo
Esgota esta estação.

79

Inverno meu caminho
E sei que sem lanterna
A sorte sempre aderna
E volta ao tom mesquinho,
E nisto se me alinho
Aonde o mundo hiberna
Palavra bem mais terna
Eterno vão daninho;
O verso se aproxima
E tenta nova rima
E prima pelo ocaso.
Ainda sem saber
Do quanto possa haver
Aos poucos já me atraso.

80

Livrando o pensamento
Do quanto em cotas vês
O dia sem talvez
O tempo onde alimento
Meu barco contra o vento
A rude insensatez
E tudo se desfez
Em ledo desalento.
Propriedades tais
E nelas desiguais
Anseios dizem tudo.
O prato predileto
O rumo que completo
Conforme em vão me iludo.

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