domingo, 27 de março de 2011

Há tempo para tudo, disso eu sei.
Mas nada se repete sobre a Terra.
Somente algum passado desenterra
Fossilizando uma alma arcaica grei.
E tanto quanto possa eu te esperei,
Porém o ciclo agora já se encerra
Não tendo mais nem paz tampouco guerra,
Somente pela vida, então passei.
Mas que se dane o tempo de sonhar,
Decerto não restasse mais lugar
Entre os tecidos feitos de esperança.
O quanto se perdera sem razão,
Traduz sempre afinal o mesmo não,
E o passo no vazio nunca avança.

2

Ao martelar a mesma história eu sinto
Que na verdade tudo fora engano
E se puder seguir em novo plano,
Eu agradeço muito e não te minto.
Vulcão? Decerto está – bem sei- extinto.
Agora o que me resta onde me dano
Expressa algum esforço sobre-humano
Nem mesmo baseado num instinto.
Vestir hipocrisia e ter somente
O quanto da expressão não se desmente
Deixando demarcada em minha pele,
Vontade de sumir e nada mais,
Cansado de lutar em vendavais
Tua presença, amiga, me repele.

3

Fizera dos meus dias outros tantos
E neles desenganos, nada além
Do quanto na verdade sempre vem
Jorrando como fossem meros prantos,
Não tente caminhar entre quebrantos
No prazo onde deveras nada tem
Somente e mente exposta ao vil desdém
Composta sem resposta em desencantos.
Procuro algum sinal do que tivemos
E vago sem cansaço nos extremos
E nada do que somos diz em glória
Lavando a roupa suja nada resta,
E sei que este caminho agora empesta
O pouco que inda havia: nem memória...

4

Um toque mais suave
A vida não se entrega
E quanto mais navega
Maior do mar o entrave,
Dos sonhos cada chave
Ou vento que se nega
Bebendo o que sonega
Expressa a velha clave.
Arcádico desejo
O sonho que ora vejo
Revejo do passado,
Embolorada sorte
Sem nada que conforte,
Não deixa nada ao lado.

5


Capacidade dita
O dito que não sigo
Também cada perigo
Proclama a dor maldita
E sei que a vida fita
O caos e não prossigo
Depois vivo comigo
A senda em falsa grita.
Restauro cada engodo
E somo neste todo
Sanando o que viesse,
O tempo se amacia
Embora a cada dia
Revejo a velha messe.

6

Um ato onde resgato
O fato consumado
E estando acostumado
Deveras do regato
O sonho que retrato
Transcende ao alagado,
No porto desenhado,
Apenas desacato,
Ingrato caminheiro
Não sabe o verdadeiro
Sentido que seguira,
Arcando com meu dano
Se eu tanto ora me engano
Tecendo outra mentira.

7


Na sordidez da vida
Desta ávida loucura
O tempo me tortura
E a luta sempre acida,
Reúne em despedida
A sorte sem ternura
Quisera uma alma pura,
Na senda repartida.
Mas nada do que tente
Ousando ser frequente
Expressa um dia bom,
A paz que nos redime
O verso além do crime
As luas de neon.

8

Quis tanto e nada veio
Anseio o que viria
Ousando em ironia
Saber de algum anseio
Diverso deste meio
Enquanto me iludia
Meu mundo ruiria
Presente em devaneio.
Arcar com arcas, barcas
E sei quanto são parcas
As sortes de quem aja,
No fundo afundo mais
E bebo lamaçais
No bote a velha naja.

9

Grumete; eu quero apenas
Em paz poder meu mar,
E quanto mais lutar
Repito velhas cenas,
Ligando as tais antenas
Por onde navegar
Se eu possa mergulhar,
Jamais tu me serenas.
Mas vejo e revelando
O dia desde quando
O quanto fora além,
Somente a mente expondo
O tempo e nada pondo
Do pouco que se tem.

10

Tsunamis dentro em nós
Guerrilhas e tramóias
E sei que enquanto bóias
Ninguém te escuta a voz,
A luta pelas jóias
As ramas da feroz
Noção que logo após
Deveras não apóias.
Esqueço e se tropeço
O mundo que confesso
Com fé não mais seria
Capazes noites vãs
Tentando outras manhãs,
Repete o dia a dia.

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