terça-feira, 1 de março de 2011

Minha alma poderia ter além
Do quanto procurara inutilmente
E quando novo passo se apresente
O tanto que desejo nunca vem.

O verso se alimenta do que vem
E bebe o que tentara. E se desmente.
O vento adentra e roça no batente
Clamando por quem fora outrora o bem.

Por vezes meu sentido se anuncia
Diverso do que tanto em tal magia
A vida semeara noutro chão.

Porém esta esperança quando alcança
Marcando com ternura e temperança
Ao explodir sublime e raro grão...



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Meu tempo decifrando este vazio
Porquanto a própria vida sonegasse
O quanto se traduz e noutra face
Revejo cada verso que hoje crio,

O céu se anunciando mais sombrio
O vento noutro tanto mergulhasse
Gerando o que se queira e já se trace
Tornando o coração, velho vadio.

E brindo com meus sonhos, poesia
Que tantas vezes queira ou poderia
Vencer o medo atroz em dor e tédio,

Buscando algum alento sem proveito
O quanto ainda tento; eu bebo e aceito
A vida já sabendo sem remédio...


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O canto se desfaz em noite escura
Sem medo do que venha ou possa até
Traçar com esperanças o quanto é
A vida sem destino em vã procura.

O prazo determina esta amargura
E sei do quanto perco em leda fé
Vencendo a mais audaz e vã maré
O corte se apresenta sem ternura.

Insetos vão rondando o vário lume
E quantas vezes tento e me acostume
Até que no final, siga insensível.

Prelúdios entre enganos, pesadelos,
Diversos caminhares que ao contê-los
Enfrento o mesmo ocaso: corruptível...


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