segunda-feira, 18 de abril de 2011

1

Cumprindo o seu destino, alma turbada
Nas ânsias mais comuns de quem procura
Vencer o que pudera ser loucura
Traçando a mesma história demarcada
Jazendo na palavra abandonada
E tendo como fim esta amargura
A vida se presume e já perdura
Envolta tantas vezes neste nada.
Esqueço o que pudesse ser além
E sei do quanto resta e o que inda vem
Marcando com temor o dia a dia,
O vento toca a face de quem ama
E renovando assim a eterna trama
Que a cada novo tempo se veria.

2


São ermos os ritos
Que tanto profiro
Na morte, outro tiro,
Os dias aflitos,
Os versos, os mitos
O quanto prefiro
Viver e retiro
Dos olhos teus gritos,
Meu mundo calado
O vento moldado
Nas ânsias de quem
Sabendo o vazio
Ainda recrio
E nada detém.

3


Não quero outra sorte
Nem mesmo pudera
A vida se espera
E gera o que aporte,
E tento outro corte
Servindo à quimera
Que tanto insincera
Se mostra mais forte,
E o vento não veio
Sequer trazer calma
A quem dentro da alma
Vivendo outra luta
Aos poucos rodeio
E o passo reluta,

4


Não quero sentido
E nem mesmo o canto
De quem não garanto
O quanto duvido,
O peso incontido,
O marco, outro pranto
E quando me espanto
Expresso o que agrido.
E vago sem rumo
Apenas resumo
Meu todo no nada,
A luta remonta
À vida que, tonta,
Reduz cada estada.

5


Sementes ao vento
O tempo traduz
O quanto da luz
Procuro ou alento,
E sei do que invento
E sinto o que pus
No tanto que induz
Ao nada onde atento.
Espero outro mar
Nas praias do sonho
E quando proponho
Apenas vagar
Areias tocando
O dia mais brando
Sem nada aportar.

6


Não quero saber
Do mundo que grasso
E sei deste laço
Envolto em meu ser,
O quanto poder
E o velho cansaço
O mundo que traço
Jamais diz prazer.
Quisera tal sorte
Vivendo sem rumo
O tempo resumo
E nada conforte
Quem sabe do sumo
E nega um aporte.

7


Não quero o sentido
Há tanto negado
O sonho calado
O passo se urdido
No termo perdido
E mesmo se invado
O quanto do agrado
Jamais resumido.
Navego em vazios
E sei desafios
Vagando sem nexo
O tanto que possa
Não traz sequer nossa
Vontade que anexo.

8

Abrindo o meu peito
Ao quanto viria,
Viver fantasia
Ou mesmo o que aceito,
Ousando em tal pleito
Verdade veria
E mesmo a sangria
Expressa onde deito
O mundo que eu quis
O tempo desdiz
E nada mais traga
Senão tal cenário
Um saque, um corsário,
Um mar, rude vaga.

9


Na verdade o que se faz
Poderia ser diverso
Do que tanto desconverso
E procuro ser capaz,
A esperança dita a paz
E o meu mundo mais disperso
Traduzindo aonde imerso
Deixo a vida para trás.
O caminho em reticência
O que fora em inocência
Sem ciência se desnuda,
A versão que mais aceitas
Diz das tuas velhas seitas
Mesmo sem qualquer ajuda.

10


Beberia a minha sorte
Em momentos mais sagrados,
Outros tantos desenhados
Onde quer que se conforte
Outro tempo já suporte
Dias velhos, desolados
Entre enredos desenhados
Procurando o mesmo norte,
Nada mais eu poderia
Se talvez houvesse um dia
Entre sonhos mais complexos,
Dos teus olhos, brilho farto
Cada passo que comparto
Traz de ti raros reflexos.


11

Porquanto poderia envolto em densas trevas
Ousar em esperança e ter outro sentido
Aonde o que se vê deveras resumido
Traduz a solidão enquanto o sonho levas,
As sórdidas visões e nelas outras levas
E o tempo sem ter tempo, aos poucos presumido
No quanto poderia além do próprio olvido
Dizer da imensidão exposta em rudes cevas,
O tédio dominando a fonte que pudera
Trazer dentro do peito a nova primavera
E o mundo se cerzindo em fátua companhia
A luta se derrama aonde nada vejo
Somente o meu caminho atroz e num ensejo
Traçasse a realidade ainda que sombria.


12

Não pude acreditar nos ermos deste sonho
E vejo a minha luta, incandescendo a sorte
Pousando mansamente envolto em fria morte
O todo que desejo; enfim já decomponho
O tempo sem saber do quanto foi medonho
Propondo a solução sem ter onde suporte
Vagando pela noite enquanto não conforte
O vento mais atroz e nele ora me enfronho.
A parte que me cabe expressa a rude história
E sei do quanto sou e vejo em tal escória
A luta sem sentido o mundo sem razão,
A faca adentra o peito e marca com vontade
O quanto se perdera e mesmo se degrade
Matando o que tentara em nova dimensão.

13


Já não suporto ouvir sequer a melodia
Que tanto pude crer diversa da que enfurna
Minha alma sem sentido, a face mais soturna
E nisto o quanto resta aos poucos me traria,
Apenas o que tenho em leda fantasia
E sei da solidão, numa ânsia diuturna
E a sorte se perdendo em vaga voz noturna
O tempo na verdade em vão já se veria.
Presença sem valia ou mesmo inutilmente
O todo que se quer e o pouco que se sente
Ausenta deste mundo o verso mais sutil,
O gesto mais atroz e o rumo se perdendo
Num ato que expressasse apenas tal remendo
Que o mundo sem saber há tanto já previu.

14

Não merecendo a chance envolta no vazio
Escrevo cada sonho em cores reticentes
E sei do quanto quero e mesmo quanto sentes
Do tempo sem sentido e nele o desafio,
Aprendo a navegar e invado qualquer rio
E sei do que pudera e nada mais pressentes
Sequer o que se faz em atos consistentes
E quanto ao meu caminho; estendo fio a fio.
Aprumo meu momento e busco o que teria
Ousando na verdade em velha nostalgia
Marcando com temor o fato mais atroz
Do quanto poderia; agora eu não consigo
Traçar o que pudera além do desabrigo
O mundo se escorrendo, evade-se veloz.

15

Não quero e não pudesse apenas desejar
A luta sem descanso e a solidão que vejo
Tocando sem sentido o canto onde o que almejo
Pudera de repente; ao menos, me entregar
O verso sem saber o quanto navegar
Nas ânsias do que tenho e sei a cada ensejo
O vento molda a dor e mata o meu desejo
E nada mais restasse enfim em seu lugar.
Jamais pudera ver o tempo renovado
E o canto no vazio, há tanto anunciado
Expressa o que não veio e sei já não viria,
Matando em nascedouro o quanto se desenha
Na vida que se molda além do quanto venha
Deixando sem sentido a velha poesia.

16


Não quero nem saber do que pudesse
Traçar em noite vária o meu caminho
E quando na verdade sou mesquinho
A vida renegando sorte e prece,
O vento noutro rumo já se esquece
E o verso se moldara mais daninho,
Apenas o que possa onde me alinho
Resume o que em verdade nada tece.
O preço a se pagar, o rude encanto
O mundo se desnuda e não garanto
Sequer o que inda tenho ou mais tivera,
A luta se desenha sem descanso,
E quando no final já nada alcanço,
Esqueço quando fora primavera.

17


Não pude e não tentei acreditar
Nas tramas mais diversas da saudade
E quando a minha vida se degrade
Enfrento o que restara deste mar,
O tempo sem saber onde encontrar
A vida sem viver a claridade,
Acida o que o poder não mais agrade
E mate uma esperança devagar.
O corte, a sorte e o fim são meus parceiros,
E vejo apodrecidos os canteiros
Onde pudera mesmo florescer
A sorte desdenhosa de uma vida
Já tanto destroçada, destruída,
Aos poucos noutro tanto apodrecer.

18


Removo cada pedra do caminho
E bebo este vazio que me deste
O solo se mostrara mais agreste
E o verso sem sentido, mais daninho,
Ainda quando sigo vejo o espinho
E o todo que deveras tanto empeste
O mundo sem razão e se vieste
Trouxeste outro momento mais mesquinho.
Rudeza aonde quis a maciez
O sonho que por certo se desfez
Não traz mais nova luz e sigo só,
Do todo que ansiara no passado,
Agora o tempo molda desolado
E a vida preparando o laço e o nó.

19


Caminho entre os diversos erros quando
Meu mundo se perdera em dimensão
Diversa da que sigo desde então
Num ato com certeza me moldando,
O tempo sem sentido destroçando
Os dias que deveras não verão
Apenas esta rota, ingratidão,
Castelo de esperanças desabando,
Abrando qualquer tom e mesmo tento
Vestir a hipocrisia em raro alento
E sei do sentimento mais vulgar,
Errático seguindo o dia a dia
Aonde pude crer no que teria
E nada mais encontro em seu lugar.

20


Não quero mais saber de qualquer sorte
Removo qualquer ato em tom atroz,
E vivo sem saber do que há em nós
E sei do que pudera e não conforte,
Jamais eu tentaria ter um norte
E ver o quanto a vida traz em foz
Jogando o meu caminho logo após
Fortuna preparar um novo corte,
A morte não seria tão terrível,
O mundo se aproxima noutro nível
E deste engodo apenas a verdade
Expressa o que pude acreditar
Vencendo o quanto resta em nosso mar,
Ousando além de tudo, em liberdade.


21

Das mágoas que carrego, ser-vos-ia
Diversa a sensação quando se veja
O tanto quanto vós em tal peleja
Trançais o que inda reste em fantasia.
E quando confiai no que viria
Ousando noutra sorte onde dardeja
A luta que deveras nada veja,
Senão a mesma face em agonia.
Perder-vos é seguir sem mais sentido,
E ter o passo em nada resumido,
Vacância se tornando costumeira,
E tendo-vos nesta alma em tom gentil,
O verso quanto mais a vida queira
Expressa o cristal que se partiu.

22

Passais pelas entranhas desta senda
E nada do que vós pudésseis ver
Enquanto a sorte tanto ora desvenda
Gerando o quanto quis em bel prazer,
O mundo negaria amanhecer
E a sorte desenhando em tal contenda
O que toda a verdade não atenda
E mate mal comece a renascer.
Perder-me entre estas vossas caminhadas
E ver a discordância em tais estadas
Marcando com furor o dia a dia,
E quando me entranhai, em noite branda
Minha alma tão somente se desanda
E traz o que; talvez, não mais teria.

23


A voz dos torturados adentrando
A noite dos infectos desgraçados,
O verso noutro tom se desenhando
Os dias entre enganos desdenhados,
E sei dos velhos rumos desde quando
Ousasse acreditar em celerados
Anseios que pudesse modulando
Os ermos tantas vezes destroçados;
Amar e ter no olhar esta incerteza
Jogada a minha sorte sobre a mesa
Os dados sempre negam qualquer sorte,
E sei do quanto em vós eu poderia
Tentar amanhecer em fantasia,
Mas nada mais que veja me conforte.

24


Ao irmanar na dor o dia a dia
O verso se moldara em tédio e visto
O quanto se resume, agora nisto
E nada mais deveras eu teria,
Senão a mesma face mais sombria
E tendo tal consumo não resisto,
A morte que decerto em paz assisto
Moldando a noite vaga, morta e fria.
Selando cada verso com meu erro,
Apenas o que possa em tal desterro
Resulta no final e nada além,
O engano mais sutil se faz presente
Ainda que a saída mesmo tente,
Somente esta incerteza ainda vem.

25


Desventurados sonhos sem proveito
E o verso mais atroz tomando o sonho,
O tanto quanto possa e decomponho
Expressa o que deveras não aceito,
E bebo do vazio em ledo pleito,
O canto se anuncia mais bisonho
E nada do que possa agora enfronho
A vida se levou de qualquer jeito.
O medo se presume noutro caos
E os dias refletindo tantos, maus,
Já não mais caberiam dentro da alma
As sortes que pudera desenhar
E sei do quanto tente me entregar
E nem esta certeza ora me acalma.

26


O amor que se pudesse sempre vê-lo
Nas ânsias mais suaves e felizes,
Ainda quando voltas, contradizes,
A sorte nega o rude pesadelo,
E sei do quanto possa em cada zelo
Envolto nas mais duras cicatrizes,
Os versos são dos sonhos aprendizes
Contorna cada passo, tal novelo.
O tempo se anuncia e se emoldura
Aonde se desenha em tal procura
A vida onde se traça esta esperança,
O vento balançando mansamente
O quanto na verdade a vida sente
E amor sem ter mais medo agora avança.

27


Quem dera ter nos olhos a certeza
De um tempo mais feliz e mesmo após
A sorte que se fez mordaz e atroz
Vencer a mais diversa correnteza,
Não quero dos teus sonhos ser a presa
Nem mesmo que se cale a minha voz,
E atando com firmeza velhos nós
Os dias não trariam tal rudeza.
Apresentando apenas o que tenho,
O verso se moldando em raro empenho
E sei do descaminho onde frequente
O passo sem sentido e sem razão
A luta sem a mesma dimensão
Expressa o que esta alma inútil sente.

28


Soubesse pelo menos discernir
O sonho de outro sonho e ter nas mãos
As horas e os sentidos todos vãos
E nisto alguma forma de porvir,
A voz que se fizera a resumir
Os ermos que se lançam nestes chãos
Ousando crer na força destes grãos
E mesmo na esperança a reflorir.
Mergulho nestes lagos mais distantes
E nisto o que inda trazes e garantes
Promete qualquer tom diverso e manso,
Ainda quando insólito poeta
A vida se mostrara e se completa
No quanto sem sentido algum avanço.

29


A dura insanidade não permite
O verso que se busca em plenitude,
O quanto se desenha e não mais mude
Gerando o que se quer neste limite,
A vida não resiste a tal palpite
E quanto mais deveras fora rude
A morta e sem proveito juventude
Talvez de novo tempo necessite.
Meu canto se perdendo em ledo espaço
O mundo que desenho eu já desfaço
E traço novamente outro cenário,
Vivendo em consonância com o tempo,
A cada novo engodo e contratempo,
O tempo busca novo itinerário.

30

Pudesse ter somente a claridade
Que toca eternamente cada passo
E sei desta lanterna aonde traço
O mundo que deveras tanto agrade,
Porém ao me dispor encontro a grade
E vendo o que se possa sendo escasso,
Ocupa este vazio o ledo espaço
E o mundo se transforma: insanidade.
Restando muito pouco ou quase nada
Do quanto se tentara em novo canto,
A luta se desenha e desta forma
Apenas o que possa se degrada
E bebo este cenário e não garanto
Sequer o quanto a vida me deforma.


31

Vagando por espaços nada resta
Do quanto imaginei somente minha
A sorte que se fez ora daninha
Não traz sequer o sonho em mansa festa
A vida nesta face mais se infesta
Do quanto poderia e não mais vinha,
A luta se moldara tão mesquinha
Resumo de uma senda onde se empesta
Visando alguma paz que não viera
Apenas o que possa em insincera
Verdade diz veredas mais estranhas,
E sei do quanto pude num instante
Vencer momento rude e triunfante
Ousando além de vales e montanhas.


32

Ando perdido e tento alguma bóia
E sigo rumo ao quanto em tal abismo
Gerado pelo imenso cataclismo
Ousando cada passo noutra Tróia
E vejo a solidão, diversa jóia
E mesmo contra tudo agora cismo,
E sei do caminhar e cada sismo
Aonde o meu destino não se apóia.
Cerzisse da esperança alguma luz
E tendo o que se possa e me conduz
Ao ermo de minha alma mais profundo,
O tempo não redime cada engano
E sei do quanto possa e já me dano
E nisto deste insano mar me inundo.

33


A vida se desenha sem um norte
E o passo reproduz o quanto tenta
Vencer a vida atroz, leda e sangrenta
Aonde o meu caminho nega aporte
E sei do que pudera em cada corte
E nisto outra verdade se apresenta
Marcando com a fúria virulenta
O tanto quanto o mundo não comporte,
O verso se anuncia de tal forma
Aquém do que tentara e se deforma
Na incauta noite espúria em tom atroz,
Já nada mais traduz realidade
E o quanto se mostrara e se degrade
Não deixa que se veja nada após.

34


Pudesse deste sonho, ser vassalo
E ter a cada instante o quanto quero
E sei do que inda traço e sou sincero
E nisto o meu caminho em vão abalo,
Ainda quando tento e nada falo,
Depositando o tempo aonde espero
O mundo que deveras degenero
Espera o que tentara e já me calo.
Esplendorosamente a noite traz
Na lua este cenário mais audaz
E toda esta certeza em tom suave,
O vento em brisa leve, mensageiro
Do amor que se desenha, corriqueiro
E nisto cada verso a vida entrave.

35


A sorte tantas vezes dolorida
A luta sem sentido ou mesmo ocaso
E o quanto na verdade traz o atraso
Expressa a solução já sem saída
E vejo a mesma face corroída
De quando desejasse noutro prazo
O mundo se moldando neste caso
Cansado da expressão que tanto agrida,
O vento se desenha no além mar
E tento quanto possa desenhar
Menção diversa expresso em sonho e cruz,
O medo se avizinha no horizonte
E nada do que possa ainda aponte
E traga o quanto a vida não produz.

36


A névoa dominando este cenário
Brumosa esta sorte se transcende
Ao quanto na verdade não depende
Do tempo mesmo sendo temerário,
O verso se desenha em vago horário
E o todo pouco a pouco se desprende
Do tanto quanto pude e nada rende
Senão a solidão, meu relicário.
O prazo se traduz em tom diverso
E quando bebo o mundo mais disperso
Ousando acreditar noutro momento,
Apenas o que resta de nós dois
Expressa o que viria após, depois
Do quanto inutilmente mesmo invento.

37


O velho caminhar triste e dorido
A luta sem proveito, o fim de tudo
E quanto mais deveras eu me iludo
O tempo noutro tempo resumido,
O vento se moldando e não duvido
Do todo que pudera e quando acudo
O sonho se moldara mais agudo
E o verso de esperança desprovido.
O mundo se perdendo sem razão
A luta se anuncia desde então
E sei do que seria qualquer porto,
A vida não promete outro momento
E mesmo quando além um sonho invento
O canto se desnuda; amargo e torto.


38

A sorte me impelindo para o fim
E nisto a própria morte me rondando
O verso mais suave, desde quando
O tempo se desdenha dentro em mim,
O vento recolhendo e sigo enfim
A morte que deveras se moldando
Traçasse novo dia mais infando
Marcando o quanto vivo e bebo assim,
A luta sem proveito, o corte a senda
E o todo que deveras não se estenda
Além desta mortalha que me deste,
Provocas com teu riso em ironia
O quanto deste todo poderia
Em tempo mais suave, agora agreste.

39

Uma alma que enlutada dita a sorte
Sem mesmo acreditar noutro momento
E sei do que pudera e me alimento
Apenas do caminho feito em morte,
A sorte se desenha em ledo norte
E bebo a tempestade, cada vento
Expressa o quanto resta em sofrimento
E nada mais deveras me conforte
Meu marco se anuncia sem promessas
E quando na verdade recomeças
Encontro este vazio tão somente,
E bebo o que inda tenho de esperança
Jogando pelo engano e a vida lança
Enquanto o passo apenas tanto mente.

40


Passando pelas ruas, ninguém vê
E a cada novo beco sem saída
Perdendo mais um pouco desta vida
A sorte se desenha sem por que,
O quanto poderia e não se crê
A luta sem saber da desprovida
História tantas vezes revolvida
No canto aonde o sonho não se lê.
Ermidas são deveras o meu ninho
E sei do quanto possa mais daninho
O tempo sem saber de serventia,
A morte se anuncia a cada engano
E sei desta verdade e se me dano
O canto noutro tom desfilaria.


41

O quanto o ser amado poderia
Num tempo mais feliz trazer tal sorte
Aonde o que deveras se conforte
Traçasse com ternura o dia a dia,
O vento noutro tom se moldaria
E nisto o que pudesse já comporte
A luta se emoldura e neste aporte
Traduz o quanto quero e mais teria,
Procuro a tua marca em cada rastro
Deixado quando além do sonho alastro
E vivo esta certeza sem receio,
O mundo se transforma em claridade
E nisto o que se possa agora agrade
Ao quanto tanto quero quanto veio.

42


Ao ver sobre as folhagens tal imagem
Daquela que se fez em cores vivas
As sortes mais audazes e cativas
Dourando com ternura esta paisagem,
O verso se procura em nova aragem
Não mais deseja frases lenitivas
E neste meu canteiro, as sempre-vivas
Trazendo em tais matizes tal visagem,
Vislumbro o quanto possa e mesmo assim,
O vento emoldurando o quanto em mim
Resume o verso feito em tom suave,
A vida não teria qualquer erro
E sei do quanto possa em tal desterro
Sem nada que deveras mais agrave.

43


Abrindo os olhos vejo deste ninho
O etéreo que se molda em raro astral,
E bebo o privilégio sem igual
Aonde o meu cenário em paz alinho,
O verso se traduz e me avizinho
Vencendo mesmo engodo mais venal,
E o quanto se moldara em tom tão mau
Numa expressão atroz, mundo daninho,
Resumo cada fase e já procuro
A sólida expressão e neste escuro
Encontro o que pudera noutro encanto,
Vagando sem sentido e sem razão
Apenas a incerteza dita o não
Embora a cada verso além; eu canto.

44


Os pássaros cantando alegremente
E a tarde em tons de clara primavera
A vida se transforma e se tempera
Do tanto quanto quero e mais se sente,
O verso noutro rumo, imprevidente
Marcando o que deseja sem quimera
A luta que se molda e destempera
Gerando o meu caminho, impertinente.
O risco de lutar e crer no fim
Ainda que resista dentro em mim
Mudando a direção da ventania,
A mão que acaricia teus cabelos,
Os dias entre tantos raros zelos
E o sonho que minha alma já queria.

45


As penas libertando o passarinho
Guardado no meu peito, enclausurado,
O tempo noutro rumo desenhado
E o verso se mostrara aonde alinho
O quanto se anuncia mais mesquinho
O vento noutro tom remodelado
O peso totalmente destroçado
Apenas vejo os rastros deste espinho.
O cântico perdendo a dimensão
A luta se demonstra sempre em vão
E o vale se aprofunda sem sentido,
Meu canto não teria nova sorte
E mesmo que decerto o sonho aborte,
O mundo segue em tom desprevenido.

46


A boca carmesim que ora desejo
Expressa esta vontade insaciável
De um tempo mais audaz e imaginável
Rondando cada sonho em raro ensejo,
E sei do que deveras mais prevejo
Envolto neste tom ora intocável
O verso se moldara onde intragável
A vida noutra esfera não mais vejo,
Eu quero simplesmente a mansidão
E sei da mais diversa dimensão
Ousando acreditar na minha sorte
Restauro cada passo e vejo em frente
O quanto do passado se apresente
E nada mais deveras me conforte.

47


Ao ver tanta alegria em raro olhar
O mundo se anuncia em horizonte
Diverso do que tanto agora aponte
E possa neste instante desenhar,
O marco sem sentido a se negar
O caos já renegasse qualquer fonte
E sei do que se tenta e desaponte
O tempo sem saber de algum lugar.
Esculpo no teu corpo meu anseio
E quanto mais invado o claro veio
Vislumbro esta certeza mais sutil,
Presumo o meu momento e após a queda
Já nada mais traduz o quanto veda
O tanto quanto o mundo ora se viu.

48


Quem dera ser além do mero sonho
Apenas um momento em tal ternura
A vida se traduz numa procura
E nisto cada verso ora proponho.
O passo se reduz aonde ponho
Meu barco sem saber desta brandura
Do mar que se inundando em noite escura
Já traz a face escusa em tom medonho,
O medo não traduz realidade
E o quanto noutro passo desagrade
Talvez mesmo redima do que veio,
E sendo a minha sorte de tal monta
Meu mundo se perdendo em leda conta
Apenas traz no olhar velho receio.

49

Jamais encontraria algum sinal
De quem em própria vida se perdendo
Não traz sequer o sonho em dividendo
E vaga sem sentido em ledo astral,
O verso se desenha desigual
E o mundo se moldando num remendo
E quando a solidão; a ti estendo
Encontro o meu momento terminal.
O caos que me deixaste como herança
A voz que no final deveras cansa
E o preço que se paga não condiz
Com tanto quanto quero e me entranhando
No verso mais ausente e mesmo brando
Apenas traz no olhar a cicatriz.

50


A vida me entrelaça em seu desdém
E nada mais permite senão isto,
Aos poucos já cansado ora desisto
Enquanto o que em verdade nada vem
E vejo o meu caminho e sou ninguém
O tempo aonde o quanto mais resisto
Expressa o que pudera ser benquisto
E sei do delirar que me convém,
O mundo se aproxima deste engodo
E penetrando lama mangue e lodo
Resumo no vazio o que inda trago,
O beijo se aproxima em tom atroz,
E sei do quanto amor se fez algoz
Gerando a cada engano novo estrago.

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