domingo, 17 de abril de 2011

1

Pudesse tão somente o coração
Trazer em viva glória o que passamos
E vendo o quanto temos e sonhamos
Rumamos nesta mesma direção,

O ocaso se traduz na ocasião
E apenas alongando velhos ramos
Os dias quando muito nos tocamos
Exigem do sonhar a explicação.

Respaldos mais diversos, verso e luta
Ainda quando a voz ao longe escuta
O tempo não domina novo engano

Fadado ao que possa ser disperso
Aprendo com meu canto mais diverso
Remodelando o quanto fora dano.


2


Já não me caberia novamente
Vestir os meus horríveis paletós
E os dias que se foram, ledos, sós
A sorte se moldara secamente,

Deixando para trás os tantos pós
O quanto se deseja e se apresente
Num ermo tão sutil nada se sente
E perco meu caminho logo após.

Acordo tantas vezes quanto possa
E a sorte se mostrara mesmo nossa
Enquanto não se apossa do futuro,
O vento ronda a casa e meu passado
Restando dentro apenas de um sobrado
Jogado pelos cantos, turvo, escuro.

3

Ainda poderia ter ao menos
Algum momento feito em tal ternura
E sendo algum sinal vivo, amargura
Tramasse dias duros ou serenos.
Apenas caminhando em passos plenos
O tempo se aproxima e não perdura
A luta sem segredo, o que não cura,
Os olhos bebem rios de venenos.
Ocasionando a queda de quem possa
Traçar esta emoção, deveras nossa,
Vestindo o mesmo caos em torno à vida,
O quanto se moldara na verdade
Expressa a dor da imensa liberdade,
Abrindo dentro da alma esta ferida.

4

O preço que se paga a cada instante
Traduz o quanto quero e não teria,
A vida se moldando em agonia
Apenas o vazio se garante
E o tempo sem sentido se adiante
E marque a solidão em ironia
Galgando o que se possa e não traria
Sequer algum momento radiante.
Expresso em tom diverso o que se faz
E nisto o quanto pude mais tenaz
Resume o não querer e me consome,
O término do sonho, a rude face
O mundo se perdendo nada trace
Nem mesmo o coração audaz se dome.


5


Brindando com meus olhos ao que pude
Vestir em tons diversos, sonho e luz,
Ao mesmo tempo o quanto te propus
Deveras noutro intento desilude.
A vida sem saber desta amplitude
Mergulha no passado e já faz jus
Ao quanto se perdera além da cruz
E marca o meu anseio mero e rude.
Não tento nem pudesse adivinhar
O quanto noutro engodo traz o mar
E nele outra verdade se perdendo,
Meu mundo se presume no passado
E o verso que procuro lapidado
Expressa este momento rude, e horrendo.

6


Não tenho mais saída, a vida passa
E leva as esperanças sem deixar
Sequer algum caminho onde trilhar
Marcando o que se quer em noite escassa
Apresentando a queda, esta fumaça
Aos poucos aprendendo a devorar
O quanto se deseja demonstrar
No tempo aonde a vida dita a caça;
A farsa se anuncia tão somente
Enquanto cada tempo a vida tente
Vestígios de outra sorte já perdida,
Não posso alimentar minha vontade
Sabendo da mortalha que degrade
Alimentando assim dura ferida.

7


Fazendo dos meus versos o que eu possa
Trazendo com ternura cada sonho,
O todo que deveras mais componho
Expressa a realidade em leda fossa.
O canto na verdade me remoça
E o tempo diz do encanto mais bisonho,
O vento traz o todo que eu proponho
E sigo sem saber da velha troça.
Jamais eu poderia acreditar
Nos ermos mais difíceis de encontrar
Somente esta semente sobre o solo,
E quando a noite traz outro luar
O mundo poderia renovar
O sonho que decerto enfim, assolo.

8


Não pude e não teria melhor chance
O mundo se fez duro e sem presença
Do tempo que talvez já me convença
Do quanto noutra luta a vida alcance.
E vendo a minha vida num nuance
O tempo na verdade não compensa
E sei da solidão, atroz e imensa
E nela o meu caminho em vão se lance.
A luta inesperada pela vida
Depois da velha história repartida
Nos traços mais diversos e banais.
Ouvindo a voz que toca o coração
A lua necessita o violão
E os sonhos; feitos raios, derramais.

9


Não pude e não tivera algum querer
A luta se desenha em desvario
O quanto mesmo possa e desafio
Expressa o que pudera conceber
As dores que trazendo este prazer
Do conhecer as margens deste rio
Permitem que se trace fio a fio
A vida noutro intento a se perder.
O verso sem sentido, o que resume
A luta sem saber de qualquer lume
Consuma tudo aquilo que inda reste,
Meu canto sem sentido e sem beleza
Exposto com temor, rara crueza
Traduz o quanto vive em rude peste.


10


Nas tantas emoções e nas mentiras
Os olhos se perdendo no vazio
E quanto mais o tempo eu desafio,
A sorte sem saber tu me retiras,
As noites quando, insólita, interfiras,
O tempo noutro engano em desvario,
O verso mais atroz, e por um fio,
Deveras sem sentido algum me firas.
O medo se anuncia após o salto
E quando vejo o quanto em tal ressalto
Permite nova queda após o fato,
Entoa dentro da alma a dimensão
Diversa do que pôde a direção
Que tento e deveras mal constato.


11

Levando o meu cenário onde não pude
Trazer sequer o quanto se vislumbre
E quando na verdade tal deslumbre
Expressa o quanto veja em plenitude
No quanto se vencera cada canto
E neste desenhar em fátuo fogo
O tempo traz o quanto deste rogo
Tramasse tão somente o desencanto,
Vestígios de uma vida em tom diverso
Ainda que eu pudesse ser feliz
Vivendo tudo aquilo quanto quis
Ousando na presença do meu verso,
Vestindo a solidão, como se luta
Na força mais sutil, suave e astuta.


12

Na parte que me cabe, o quanto trace
O mundo de tal forma sem certeza
A vida sonegando a fortaleza
Demonstra tão somente o mesmo impasse,
O canto se anuncia e se moldasse
A luta como fosse tal surpresa
E vendo a cada passo nova presa
O medo não mostrasse sua face.
Esqueço o quanto tente revolver
E vago sem provar e sem saber
A fúria deste caos dentro do peito,
O sonho sem valia, a noite morta
O quanto da esperança já se aborta
Deixando sem sentido o velho leito.

3

No quanto pudera
Vencer o temor
Da luta, esta fera
Fatal desamor,
Ainda se espera
Seja como for
Voltar primavera
Em tão farta cor.
Correndo este risco
O quanto me arrisco
Bebendo afinal
A morte em tal fato
Somente constato
Momento fatal.

14

Negar o passado
Olhando o futuro
O tempo; asseguro
O verso calado,
O vento no muro
O jeito cansado,
O corte, outro enfado
E o passo eu procuro
Vestígios do quanto
No fundo garanto
E bebo o que venha,
A luta se traz
E sendo mordaz,
Jamais me convenha.

15

No tempo mais rude
Aonde se visse
Além da crendice
O todo em que pude
Vencer a atitude
Que mais se previsse
Marcando em mesmice
Sem nada que mude
O passo sem rumo
O tempo, o resumo
O sumo da vida,
A luta enredada
Na sorte marcada
Já tanto perdida.

16

Ousasse um segundo
Após o que venha
E sei desta ordenha
Aonde me inundo
Do sol oriundo
Da noite e que tenha
Certeza ferrenha
Do sonho profundo.
Vestindo o passado
O verso roubado
O tempo selando
Quanto,como quando
O medo tramasse
Além do vazio
Outro desafio
Em vão desenlace

17


Na sorte sedenta
Na luta que vejo
O tempo que almejo
Apenas tormenta
O quanto apascenta
O riso sobejo
O gozo que andejo
Trouxesse o que alenta.
Assim mergulhando
Seguindo este bando
Aonde se vê
O mundo sem nada
A sorte traçada
Procura um por que.

18


Não tenho outro rumo
Senão quanto possa
Trazer na palhoça
O tempo que assumo,
Mergulho sem prumo
E vejo esta troça
Vestida se apossa
Do quanto presumo,
Mereça talvez
O quanto não vês
E mesmo renegas,
As sortes diversas
Palavras que versas
Caminhando às cegas.

19


Não pude e não quero
Ouvir o teu nome
Sem nada que some,
O corte sincero,
O jeito mais fero
O tempo que dome,
Verdade que tome
O canto que espero,
Vencido mineiro
Que fez do canteiro
O mundo em florada,
A sorte não traça
Além desta praça
Há tanto, sonhada.

20


Um pito de palha
A luta outro vento
O quanto que invento
Ao longe se espalha
E o tempo diz falha
E nada provento
Apenas lamento
O que me atrapalha
Já não caberia
O tempo ou viria
A luta sem nexo,
O mundo que galgo
Trazendo enfim algo
Que seja o reflexo.


21

O amor que na verdade ao mesmo tempo entoa
A mais bela canção e logo se perdendo
No caos onde se traz em tom atroz e horrendo
Expressa o que pudera e sei quanto ressoa,

Na vida que vencida, enquanto segue à toa
Marcando o que investira ou mesmo num adendo
Vestígios de um passado aos poucos corroendo
A luta se desenha e nada mais ecoa

Senão a voz do nada, em nada resumido,
Amor no quanto trace em tom jamais ouvido
Encontraria a paz que tanto se buscara,

Mas quando se desvenda a luta sem proveito,
O tanto que tentara e nada mais aceito,
Resume este fastio em toda esta seara.

22

Quem me dera ser feliz
Ou quem sabe poderia
Ter no fim tal ousadia
Demarcando o quanto quis
Da palavra, um aprendiz
A verdade não veria
O que possa em nostalgia
O meu mundo por um triz.
Resta pouco ou quase nada
E deveras já cansada
Minha luta não termina,
Mas sei bem do quanto pude
Encarar tal atitude
Enfrentar a rude sina.

23


Nas entranhas do passado
Enfurnado no vazio
Quando o verso eu desafio
Um desenho deformado,
O que possa noutro enfado
Ou talvez neste pavio
Que acendendo não recrio
Traz o tempo desolado.
O meu verso se perdendo
Outro tanto mal contendo
O que possa me traçar
A vontade já vencida
A esperança não duvida
Do que tente demonstrar.

24


Um momento e nada mais
O que pude não mais fala
Da esperança esta vassala
Entre fatos anormais,
Os meus dias, e jamais
O que possa não se cala
E gerando na ante-sala
Os diversos vendavais,
Ousaria acreditar
No que tanto quis um dia,
O meu tempo não traria
Outro tom a se mostrar
Resumindo minha história
Nada guardo em vã memória.

25


Lavo os olhos e presumo
O que tanto não consigo
Vendo após cada perigo
Da esperança o leve sumo,
O meu mundo que resumo
No caminho em desabrigo,
A verdade já nem digo
E o que possa acerta o prumo,
O meu passo sem temor
O cenário a se compor
No vazio desta esfera
Marco a sorte sem valia
E se trago a fantasia
Solidão é quem me espera.

26


Revivendo o quanto tente
Na palavra mais atroz
Outra vez ouvindo a voz
Que deveras, penitente
Traz o todo num repente
E repara velhos nós
Onde os ermos dentro em nós
Ditam erros, inclemente.
O meu passo não produz
O que tanto se queria
E seguindo não me opus
Ao cenário em agonia,
Ou quem sabe veja a luz
Quando a noite é mais sombria.

27


Nada mais pudera crer
Nem mostrasse com sorrisos
Os meus dias de prazer
Ou deveras imprecisos,
Os meus olhos possam ver
No final tais prejuízos
As certezas sem saber
Do tinir de velhos guizos,
Reparando o quanto tenha
Na incerteza mais venal,
O que venha não convenha
Neste instante terminal
O meu mundo se detenha
Da esperança, nem sinal.

28


Nada mais pudesse enquanto
O meu tempo se esvaísse
Todo o verso em desencanto
Qualquer sonho, uma tolice
E o que possa e não garanto
Na verdade se desdisse
O meu mundo, velho pranto
A palavra não se ouvisse
Nem tampouco o que inda resta
Do que possa ser assim,
Adentrando cada fresta
A verdade traz ao fim
O que possa e não se gesta
Nem resiste dentro em mim.

29

Já não posso controlar
O meu verso boquirroto
E se tento noutro esgoto
Desvendar o que tocar,
O meu mundo a se moldar
No caminho agora roto
Noutro tanto sou o coto
Deste sonho a se amputar
Vejo apenas o final
Do meu passo em usual
Marca após o que findara.
Já não cabe qualquer sorte
Que não seja o fundo corte
Que deveras se escancara.

30

Nada mais eu poderia
Se não fosse esta verdade
Que deveras se degrade
Traz nas mãos a fantasia,
O meu verso perderia
A real diversidade
Onde a ausente liberdade
Mal domina o que eu teria.
O meu passo sem sossego
Minha vida sem apego
E o perigo a cada esquina,
O que possa não traduz
A certeza em rara luz
Que deveras me domina.


31

Supus indiferente um coração voraz
Que tanto poderia e mesmo não trouxesse
Além do que se creia e veja nesta messe
O quanto se estendendo além do que ora traz
A fúria se desenha e vejo quão mordaz
Perdesse a sensação e nada mais se esquece
Somente o que viera e nisto recomece
O tanto quanto possa e deixa a vida atrás.
O vento se anuncia em plena tempestade
E o todo noutro ponto embora desagrade
Expressaria o muito em rara vida ou gesta
O quanto da esperança aos poucos nos engana
E traz a mesma face ingênua e tão profana
Tentando adivinhar o amor que não atesta.


32


Muito pelo contrário: solidão
Encontra o que tentara noutro passo
E sigo este cenário que ora traço
Marcado pelas chuvas de verão,
O tempo desenhando em emoção
O velho caminhar, mesmo cansaço,
O verso sem sentido, o tempo escasso,
E as horas tenebrosas que virão.
Espero tão somente o fim do jogo,
Mergulho insanamente em pleno fogo
E bebo este vazio que me dás
O quanto poderia e não veio,
A vida se anuncia e segue atrás
Da fúria mais dorida e morta a paz
O pouso se moldando em solo alheio,
Trazendo nos meus olhos tal receio...


33


No nosso coração já tão cansado
Do sonho que não veio e nem viria
A sorte se moldando em heresia
O rumo noutro tom, ora enganado,
E quando de mim mesmo agora evado
E bebo a sensação dura e sombria
Do medo que se traça a cada dia
Deixando cada verso, um mau legado.
O tempo não traria melhor sorte
A quem tanto procura e não suporte
Vencer os descaminhos corriqueiros,
Jogado sobre as rocas, nada resta
Senão a mesma face que se infesta
Dos erros que fatais, são derradeiros.

34

Não trazes coerência nos teus passos
E vejo cada queda mais de perto
E quando teu caminho ora deserto
Os dias seguem rumos mais devassos,
E tramo quanto possa em tais espaços
O sonho quando, mesmo após, desperto
E vendo a solidão em campo aberto
Não mais cultivo velhos laços.
O vértice da vida não se vendo,
Apenas o que possa num remendo
Entendo quando estendo as minhas mãos
E o vento se anuncia tão diverso
Grassando sem sentido este universo
Marcando velhos dias, todos vãos.

35

O quanto quis severo este caminho
Envolto em tantas tramas, entrelaces,
No fundo quanto mais tu demonstrasses
O tempo se moldara mais daninho.
Recolho cada parte e me avizinho
Do fim que na verdade mal traçasses
Vencendo tão somente tais impasses
Bebendo da esperança o amargo vinho;
Vagando em plena noite, desespero,
Apenas o que resta, destempero
E o mundo sem sentido nem proveito,
O quanto desejara noutro instante
Agora nem o sonho mais garante
Embora o que vier; decerto aceito.

36


Um tanto carinhosa, mas venal,
A vida não pudera ser além
Do quanto na verdade sei que tem
Embora cada passo, trace o mal
O mundo se moldando em desigual
Cenário traz apenas o desdém
E o manto se perdendo aonde vem
O vento noutro espúrio ritual,
Rotulo meu caminho em tom atroz
E sei do que se perde em rude voz
Vociferando o sonho sem sentido,
Meu mundo sem saber de qualquer sorte,
A luta com certeza já me corte
E o quanto imaginei vejo perdido.

37

O quanto pude ser quem tanto quis
Felicidade plena ao ser amado
O tanto quanto eu queira desenhado
Levando a minha vida por um triz,
O corte gera nova cicatriz
E vejo o sofrimento lado a lado
E sei do me destino já selado
Nos olhos deste amor que ora desfiz.
Onde não caberia solução
Encontro finalmente a redenção
Diversa da que busco, a cada instante,
Num tempo mais atroz, a voz que emana
Desta alma tantas vezes mais profana,
Apenas outra queda me garante.


38

O quanto poderia ser a mais
Que mera coincidência ou ermo passo
No fundo quando o sonho além eu traço
Encontro o que deveras desarmais,
O vento entre tantos desiguais
O canto se moldando aonde escasso
Caminho se mostrara no cansaço
Em lutas quase etéreas e infernais.
Jamais imaginei outra saída
E tendo em minhas mãos a despedida
Do cântico feroz já nada escuto,
E quando vejo o sonho se esvaindo,
O tempo que julgara outrora infindo
Recolhe-se ao vazio deste luto.

39

A vida de tal forma quando alegra
Expressa outro caminho mais diverso
Aonde sem saber sentido eu verso
Negando da esperança qualquer regra
O tempo quando a vida vem e integra
Pousando neste canto mais disperso
Trouxera dentro da alma este universo
E o sonho em tuas mãos o amor entrega.
Vasculho dentro da alma e te encontrando
A vida se pendendo em contrabando
O rústico momento diz do não,
Espero alguma sorte que não veio,
Apenas nos meus olhos o receio
Sem nexo, sem destino e direção.

40


O quanto nos consola o perceber
Que após a queda surge novo fato
Aonde todo amor que ora constato
Pudesse desenhar algum prazer,
O mundo se moldando a conceber
O todo que deveras eu resgato
Ousando num momento bem mais grato
Resumos de uma vida a me reter,
Após o quanto quero e tento além
O manto se rompendo e nada vem
Ao frio sem ter freios eu prossigo,
E vejo nos teus braços mais distantes
O que já na verdade não garantes,
Sequer o que pudera ser abrigo.


41

Enquanto a novidade se traduz
No velho sonho exposto na varanda
A sorte na verdade já desanda
E perde qualquer foco, morta a luz.
Ainda que em tormentos, siga a cruz
O tempo noutro fato se demanda
A luta se desenha e vou de banda
Tentando desejar o que supus.
Reposto cada passo aonde um dia
A luta se mostrara e não viria
Trazer sequer a sombra do que tento,
A vida sem saber desta ventura
Traduz o que pudesse e não procura
Sanar o quanto molda em sofrimento.


42


Não quero acreditar, mas não consigo
O verso sem sentido e sem razão
A luta se desenha desde então
A cada novo caos, novo perigo,
O tempo que deveras eu persigo
A sórdida loucura, a solidão,
E os ermos de minha alma não verão
O sonho a cada engodo outro castigo,
O término do caso, o ocaso, o fim,
O quanto ainda guardo vivo em mim
E o fato de saber da hipocrisia
Aonde o meu anseio perpetua
E tento adivinhar em nova lua
O quanto nossa vida não traria.

43


Bastava tão somente algum afeto
E o verso se fizesse mais gentil,
O sonho noutro engodo permitiu
O canto que já fora o predileto,
E quando no vazio me completo
O tanto se anuncia e segue vil,
O todo sem certeza não mais viu
O que pudera o verso, se repleto.
O mundo sem saber de qualquer porto,
O olhar se demonstrando quase morto
E o verso se aprofunda no passado,
O vento se moldando em cada instante,
O tempo na verdade se adiante
E traga o velho sonho, debelado.

44

Não quero acreditar, mas o meu mundo
Expressa o que em verdade mal cultivo
E sei que se persisto semi-vivo
Nos ermos do meu erro me aprofundo,
O velho coração de um vagabundo
Que tanto fora amargo quanto altivo
Traduz o que decerto ainda privo
Meu canto deste encanto moribundo.
O espasmo se mostrando após a queda
O passo segue pasmo e já se veda
A quem tentara acreditar noutro momento,
O manto lacerado da esperança
A vida sem sentido algum se cansa,
Porém uma saída, além eu tento.

45


Livrando meus momentos desta fúria
Que tanto poderia quanto seda
A vida se prepara em nova queda
Marcando com terror cada penúria,
A luta se demonstra em toda injúria
E o meu caminho em mortes se envereda
O tempo na verdade me depreda
E a luta se transforma em vil lamúria.
Errático tormento em vida rude,
Vivendo muito além do que mais pude
Não tento desenhar novo cenário,
O verso se anuncia sem ter paz
E o tanto quanto a sorte já nos traz
Expressa o rumo atroz e temerário.

46

Não tenho qualquer sonho e sigo nisto
Vencendo ou mais perdendo cada passo,
O quanto da esperança já não traço
Expressa o quanto possa e ora desisto,
O mundo se mostrando e não conquisto
A vida num momento mais escasso
Buscando tão somente um velho espaço
E o canto que pudera ser benquisto.
Revisitando a casa aonde um dia
O tanto quanto quero se teria
Vestindo esta beleza inigualável
Correndo contra a fúria deste rio
O que inda me restara eu desafio,
E sei deste momento incontrolável.

47


Já nada mais se vendo após o tanto
Que pude perceber e não viera,
A luta se moldando rude e fera
O medo no final, teimo e garanto,
O verso sem sentido, o velho pranto
A morta dentro da alma, primavera
E a fúria se anuncia e traz quem era
Apenas num momento em raro espanto.
O vento me tocando suavemente
O quanto se mostrara impunemente
Transcende ao mais finito sonho e vivo
Ousando sem saber de um lenitivo
Enquanto o caminhar já não se aplica
Ao tanto quanto a vida se replica.

48

Não tento novo passo, sigo aquém
Do quanto pude crer e não se vira,
A vida se transforma em tal mentira
E sei que a solidão deveras vem,
E o mundo se desenha sem ninguém,
A sorte noutro ponto onde interfira
Traduz o quanto possa e a Terra gira
Moldando cada passo com desdém,
O verso num regresso da esperança
Ao menos no vazio ora me lança
E jorra dentro da alma, um chafariz,
Morrendo pouco a pouco, nada resta
Senão a mesma face mais funesta
E nela se desfaz o que se quis.

49


São tantos os enganos de quem ama,
Servidos nesta taça cristalina,
O quanto na verdade me alucina
Prepara tão somente o velho drama,
O medo se entranhando em plena lama
A vida se transforma e se declina
E mesmo quando após toma e fascina
Outro momento em paz busca e reclama,
Ausento dos meus sonhos, sigo só,
Revejo tão somente o velho pó
E dele refazendo minha estrada,
Não tendo mais paragem, andarilho
Sem nexo e sem destino agora eu trilho
Vagando sem destino, sem ter nada.

50


Já não comportaria qualquer canto
Senão a mesma fúria de um passado
Há tanto pela casa, desolado
E nisto o que me resta, é ledo espanto.
O quanto poderia em desencanto
O verso noutro sonho destroçado,
E o preço a ser deveras desenhado
Encontra nos meus olhos novo pranto.
E bebo sem sentido o que viria
Tentando imaginar a poesia
Que possa me alentar e trazer paz,
O vento se transforma em temporal
E o mundo se prepara ao funeral
Do sonho que esta brisa já não traz.

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