sábado, 2 de abril de 2011

1

Quem jamais não poderia
Enfrentar os desafetos
Sabe os tons de um novo dia
Entre os rumos prediletos,
E se tente em poesia
Realçar os mais completos
Sonhos; tenta em harmonia
Bons momentos, mas discretos.
Cavalgasse vida afora
Nas tramóias da ilusão,
Quando o tempo desarvora
Em temida confusão,
No meu peito então aflora
A mais clara confissão.

2

Nada mesmo do que eu tente
Demonstrando com carinho
Traz no olhar imprevidente
O cenário onde me alinho,
O prenúncio, de repente,
Do que possa em tal ninho
Encontrara quem alente
Ou o canto mais mesquinho.
Ouso crer mesmo não tendo
Quem pudera ter nas mãos,
Muito além que tal remendo
Tempos duros, frios, vãos
Espalhando e após colhendo
Resultados desses grãos.

3


Quantas vezes eu professo
Nesta forja o meu futuro,
E se possa e até confesso
Ter no olhar o mais seguro
Garantindo o meu regresso
Sem saber de algum apuro,
Desenhando sem progresso
O momento onde perduro.
Partilhando do que tanto
Desejara e não viera,
O meu sonho eu mal garanto
Espalhando esta insincera
Solidão aonde o pranto
Abre em nós nova cratera.

4

Não mergulho nos meus ermos
Nem tampouco em tais entranhas
Onde tanto por não termos
Nada mais eu tenho ou ganhas,
A verdade é que ao podermos
Explorar novas montanhas
O que possa ao já perdermos
Desolasse nossas sanhas.
Entoando o que inda resta
Da canção que não cerzira,
Traz a vida enquanto infesta
Traz a morte e nos retira,
Sensação de simples festa,
Noutro passo em rude mira.

5

Nada mais pudesse ter
E tampouco o desejasse
Verdade reconhecer
E saber do desenlace
Onde possa alvorecer
Mesmo quando ora nublasse
A vontade de viver,
Ultrapassa algum impasse.
Nada vejo e me permito
Entre sonhos, num instante
Desenhar além do mito
O que possa e nos garante
Um lugar neste infinito
Caminhar que se adiante.

6

Adianto cada passo
Rumo ao porto onde teria
Muito mais que me cansaço
O momento em poesia,
E se possa noutro traço
Viver em plena harmonia
Onde o tempo mesmo escasso
Novo sol me mostraria.
Vendo assim o desafeto
Num cultivo mais audaz,
O meu mundo ora completo
Nos anseios desta paz,
E se tanto me repleto
Novo encanto satisfaz.

7

Jogo os olhos no horizonte
Vivo além do que se sinta
O meu canto sempre aponte
Para a sorte nunca extinta,
Vejo o quanto já desponte
A emoção onde não minta
Quem pudesse noutra fonte
Desejar a luz distinta.
Represando o meu anseio
E contendo em tal barragem
O meu mundo em devaneio
Perfazendo outra viagem
Onde tanto o que ora veio
Traz no amor sua bagagem.

8

Nada mais pudesse ver
Ou tampouco presumir
Nos caminhos do prazer
Tanta coisa a permitir
O que possa recolher
Ou deveras repartir,
Num suave amanhecer
Revelando o que há de vir.
Relutar? É necessário,
Mas o tempo nunca cessa
E o que fora itinerário
Fica apenas na promessa,
O meu mundo, torpe e vário
Sem esperas recomeça.

9

Lavo os olhos na saudade
De quem tanto quis um dia,
O meu canto em realidade
Mata a sorte em ironia,
O que possa e se degrade
Noutro tom ora jazia,
E cerzindo esta verdade
Morro ou vivo em agonia.
Ouso crer no que se tente
Tento crer no que eu ousasse
O meu mundo onde aparente
O sorriso em clara face
Tantas vezes descontente
Nem o sonho suportasse.

10

Nas palavras mais doridas
Ou sinceras esperanças
Entranhando nossas vidas
Onde tanto além avanças
Encontrar nas despedidas
O sorriso das crianças
E traçar antes perdidas
Nalgum canto tais lembranças;
Versejando ou mesmo até
Desenhando com meu sonho
O que possa – imensa fé –
Ou num dia mais bisonho
Permitir só por quem é
O ponteio que componho.

11

Navegar entre os rochedos
E buscar um manso porto
Conhecer tantos segredos
Renegar qualquer aborto,
Entre sonhos, ermos, ledos
O meu passo segue torto,
E se possa em desenredos,
Presumir o encanto morto.
Nada mais pudesse quando
Outro tempo se anuncia
O meu mundo desabando
Onde o tanto poderia
Transformar em novo bando
A verdade em alegria.

12

Nada mais se vendo após
O que tanto acreditara
Esperança feita algoz
Tantas vezes maltratara
E o que sentisse entre prós
Noutro tom gerando a apara
Corta rente e nega em nós
O que possa e se prepara.
O vencido sonhador
Já não tendo onde encontrar
O que possa em desamor
Tão somente constatar
Sem o brilho redentor
De quem traz um manso olhar.

13

Nada mais se poderia
Nos anseios mais doridos
E se tento alegoria
Dias torpes e perdidos.
Os meus olhos, a harmonia,
Os cenários divididos
E a palavra não traria
Nem sequer mansos sentidos,
Ousaria ter nas mãos
O futuro que não vem,
Entre as horas, mesmos nãos
E prossigo em tal desdém,
Envolvido pelos vãos
Sem saber de mais ninguém.

14

Nada mais pudesse ter
Quem deseja a calmaria
O meu mundo a se perder
Mais um pouco, a cada dia,
O cenário a se verter
Tanta coisa poderia
E no rumo sem saber
O que tanto restaria,
Vejo o olhar de quem se dera
Muito mais do que tentasse
Ao seguir em louca espera
Novo tempo não repasse
A verdade tão sincera
Que jamais se duvidasse.

15

Nada peço, mas prossigo
E provoco a derrocada
O meu tempo em desabrigo
Sem destino a velha estrada,
O caminho diz perigo,
Minha noite atocaiada,
Porém mesmo assim prossigo
Bebo o sonho da alvorada.
Nada mais pudesse ter
Quem tentasse nova luz,
O meu canto a se perder
Onde encanto não produz,
E se tanto pude ver
Num recanto a minha cruz.

16


Jorram dores entre fartos
Delirares, solidão,
Os momentos sem os partos
As sangrias pelo chão,
Os pedaços nestes quartos
Morte em doce redenção.

O meu canto não se ouvira
Nem tampouco esta tortura,
O que possa e se retira
Traz no olhar rude procura,
E o que vejo dita a mira,
Mesmo em noite mais escura.

Escusado é te dizer
Vejo enfim, algum prazer.

17

Não perdendo qualquer sonho
Ou morrendo noutro passo,
O que possa e decomponho
Traz a marca do cansaço
E se sinto este enfadonho
Delirar por onde traço
O meu mundo mais bisonho
Envolvido por tal laço.
Nada mais pudera ter
Quem se fez bem mais potente
O meu verso a se perder
Onde o tanto num repente
Traz no olhar o bem viver
Ou decerto ainda tente.

18

Busco as tramas do passado
E desenho em bruscas formas
O que possa lado a lado
Em alado tom transformas,
E se eu sigo ou se me evado,
Outros passos, novas normas,
Do desenho demonstrado
Não se vejam mais reformas,
Ouso mesmo acreditar
No que pude e não tivera
A vontade a demarcar
O que trame em dura esfera,
O meu canto a destrinchar
Nem saudade ainda espera.

19

Nada mais pudesse ver
Quem se fez em claro sol,
O meu mundo a se perder
Toma inteiro este arrebol,
O caminho amanhecer
E se eu sigo, girassol,
Nos teus olhos conceber
Maravilhas de um farol
Ouso crer na luz que tanto
Possa mesmo nos guiar
E se teimo em raro canto,
Não pudesse navegar
Entre os ermos, já me espanto
E me canso de lutar.

20

Nada mais pudesse quem
Entre os medos costumeiros
Ao traçar o que inda tem
Busca sonhos derradeiros,
O meu mundo sem desdém
Anuncia em teus canteiros
O carinho que o detém
Muito além de corriqueiros,
Quero a boca mais suave
O cenário sem entrave
Ave solta, liberdade,
E se bebo com fartura
Deste amor que me assegura
Envolvido em claridade.

21

Nada mais pudesse quando
O meu tempo se fez rude,
O tormento desaguando
Na esperança, mero açude,
O cenário desabando
O momento que me ilude,
Onde possa em claro bando
Ter no olhar tal plenitude.
Versejando sobre o tanto
Que se fez felicidade
Onde o mundo eu mal garanto
Não teria na verdade
Nada mais do que este pranto
Que denigre a luz que invade.

22

Aprendendo a dizer não
Quanta vez eu me maltrato
Desta louca sensação
Outro tempo, atroz e ingrato,
Encontrando a dimensão
Do que possa em roto prato
Envolvendo o coração
No que tento e não constato.
Ao sentir o vento manso
O que possa traduzir
No meu canto quando avanço
Novo dia a resumir
O que tanto quero e alcanço
Ou pudera consumir.

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