domingo, 10 de abril de 2011

11

Já não importando a sorte
De quem tenta novo dia
Onde possa ou tentaria
Ter um sonho que o conforte,
Na verdade cada corte
Traz em si a alegoria
E tampouco moldaria
Qualquer voz onde suporte
O momento mais agudo
E se tanto ora me iludo
Vou com tudo e não me estresso,
O meu tempo já perdido,
Mas o mundo presumido
Cada dia; recomeço.

12


Dos acordes da viola
Da incerteza do que sou
O que tanto me restou
Na inverdade ora me assola,
Vou vivendo e não decola
O que um dia se escutou
Meu caminho sonegou
O sentido onde se imola.
Vejo os olhos que talvez
Mesmo quando já não vês
Poderiam ser diversos
Dos cenários que hoje crio
Entre tanto desafio
E desfio em poucos versos.

13

Nua deita cada brilho
Sobre as trevas e permite
Que se veja além-limite
E perceba o raro trilho,
Onde for que ora palmilho
Noutro instante necessite
Do que tanto se acredite
Coração de um andarilho.
Vejo apenas o que possa
Na incerteza sempre nossa
Na verdade sem proveito,
Quando tento e não consigo,
Mesmo assim num ledo abrigo
Faço em sonhos o meu leito.

14


Poderia ousar além
Do que falo mansamente
A verdade que se atente
Num instante se contém
O meu canto quando vem,
Traduzindo em alma e mente
O que possa num repente
Expressar o raro bem
De quem fora mais que o medo
E se tanto me concedo
Aos anseios de um encanto,
A verdade se anuncia
Onde amor me tomaria
E meu passo em paz garanto.

15

Nada mais se traz após
A incerteza deste passo,
Onde quer que tente e traço
Ouço viva a tua voz,
O meu mundo segue em foz
E vivendo sempre lasso
Na palavra que desfaço
Mundo seco, amargo, atroz.
Reunindo cada sonho
Onde o tanto que componho
Já perdera a direção,
O meu rumo se aproxima
Do que possa ser o clima
Mais amável da estação.

16


Nas entranhas da verdade
Tantos são caminhos rudes,
E se pode e desiludes
O meu mundo não te agrade,
Vivo a dura realidade
Entre raras atitudes
E se vejo em magnitudes
Tão diversas; nada agrade.
O meu verso sem proveito
O cenário onde me deito
E o meu leito sem ninguém
A noturna sensação
Deste amor que em negação
Com certeza não mais vem.

17

Tanto amor que reconheço
Tanto mar que naufraguei
Nos anseios desta grei
Sonho fosse um adereço
Nada mais eu reconheço
E se tanto me esquivei
No final nada encontrei
Nem deveras o endereço.
A saudade que porfia
Traz em cada novo engano
O que possa noutro dia
Moldar novo ou velho dano,
E morrendo a poesia,
Sobra o mundo atroz e insano.


18


Numa noite poderia
Tantas vezes ser feliz,
Quando a vida já não quis
Sendo atroz, dura e sombria,
O que possa em melodia
Num cenário em tal matiz
O meu passo por um triz
Morre a cada fantasia.
Vejo apenas o meu fim,
O meu canto sem sentido
E morrendo um pouco em mim,
Noutro mundo refletido
Quando vejo e sinto assim,
Do meu sonho ora me olvido.

19

Nada mais pudera ter
Sem senões e sem porquês
O caminho que tu vês
Nega um claro amanhecer
O meu passo a se perder
Onde a vida diz talvez
O que tanto agora crês
Expressasse o meu querer.
Vendo assim o passo rude
Bem diverso do que pude
Noutro tempo ou noutra esfera,
A verdade não me traz
Nem sequer a mera paz,
Num instante destempera.


20

Não me cabe qualquer sonho
Nem tampouco o que eu buscara,
A verdade em tal seara
Nega o que jamais componho,
O meu verso não mais ponho
Na incerteza que escancara
A palavra amor é rara
E o sentido ora medonho.
Nos errôneos dias vejo
O caminho onde pelejo
Procurando algum descanso,
Mas depois de tanto medo,
Ao sentir o que concedo
Nem um canto em paz alcanço.

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