domingo, 3 de abril de 2011

11

Nada mais se poderia
Ver após o cataclismo
E se tento novo dia
No vazio agora eu cismo,
Entre o ser e o não teria
Vejo apenas tal abismo,
E moldando em agonia
O que possa cada sismo.
Rebelasse contra a sorte
Tão diversa e dolorida
Sem ter nada que conforte
A expressão já distraída
Traz ausência e neste corte,
Outra senda presumida.

12

Nada mais pudesse ter
Se não mesmo a minha crença
Onde amor ao perceber
O que tanto nos convença
Presumindo o bem querer
Quando a sorte recompensa
O que possa mesmo crer
Nesta luz imensa e intensa.
Ousaria acreditar
Nos caminhos mais doridos
E se possa caminhar
Entre as sendas dos sentidos
Tanto queira imaginar
Dias claros presumidos.

13

Na palavra que amansasse
O diverso coração
Que vencendo todo impasse
Molda nova dimensão
E se tanto demonstrasse
O que possa em direção
Tão diversa a que inda trace
Tramando libertação.
O meu passo não permite
Que se veja num limite
Os tormentos e delírios,
Vagamente quis a glória,
Mas sabendo merencória
Minha vida entre martírios.

14

Nada mais a não ser isto
Que talvez mudasse o rumo,
O que possa e mesmo insisto
Na verdade eu já resumo
Num momento onde persisto,
E se perco agora o prumo,
Primo por não ser benquisto,
Mas deveras não me esfumo.
Volto sempre à mesma cena
E a vontade me condena,
E não posso ter diverso
Caminhar entre os tormentos,
Desenhando em fortes ventos
O meu mundo vão, perverso.


15

Adentrando outro planeta
Ou vagando sideral
O que tanto se cometa
Traça um rumo desigual,
A palavra me arremeta
Ao tormento digital
E se possa e se intrometa
No final acaba mal,
Ouso ter olhar distante
Do que tanto quis e sinto
O caminho que garante
Muito além do mero instinto
Noutro passo, degradante,
Com certeza apenas minto...

16

Esbraveja no meu peito
A vontade de seguir
E pudera de outro jeito
Mesmo em luta conseguir
O que tanto não aceito,
Mas garante algo por vir,
No caminho já desfeito
Outro vejo a redimir.
Resumindo o que vivesse
Noutro rumo que além desse
Poderia ter de fato
Um instante de ilusão,
Mas voltando ao mesmo não,
Solidão; vejo e constato.

17

Esquecendo este detalhe
Quando o mundo não trouxera
A palavra que retalhe
E alimente a tola fera,
O momento que se talhe
Outro tanto desespera,
Num caminho onde se atalhe
A verdade destempera.
Gestações já renegadas
Sem deixar seque pegadas
Do que fomos. É passado,
Mas as tramas repetidas
Traçam velhas novas vidas,
Num temor anunciado.

18

Ao vencer os meus temores
Entranhasse noutras sendas
E se fosse como fores
Nada mais que meras lendas,
Dos jardins já sem pudores
Flores mortas tu desvendas
E revelas as contendas
Onde tanto vejo horrores.
Cada sorte representa
O que nunca se quis tanto,
Nada mais quero e garanto
A não ser velha tormenta
Que alimenta a solidão
Sem destino e previsão.


19

Acolhendo dentro da alma
O que resta de um passado
Que deveras traz no trauma
O que possa, desolado,
O meu mundo pede a calma,
Mas sigo desesperado,
Conhecendo inteira a palma
Deste mar já rebelado.
Na verdade o que se tem
Não permite mais a alguém
O desenho de uma sorte,
Tão diversa da que pude
E se tanto em plenitude
Nem a morte me conforte.

20

Não me deixe caminhar
Em completa solidão
Onde busque o imenso mar
Outras sortes mudarão
O que pude desejar
Desenhando em duro chão
A vontade de lutar,
O caminho sempre em vão.
Mas no fundo o que se quer
É seguir, cabeça ereta
O meu mundo sem qualquer
Ilusão que ora incompleta
Não me traga o que puder
Num amor, a doce seta.

21

Ouso até seguir os passos
De quem tanto desejei,
Outros dias, velhos traços
No passado desvendei
E o que vejo são escassos
Sonhos onde mergulhei
No vazio em dias lassos
Vários laços; destrocei.
Resumindo cada instante
No poder de ter no olhar
O que tanto nos garante
A ventura de sonhar
E se possa doravante
Noutro encanto mergulhar.


22

Apresentas com firmeza
O que um dia desejaste,
A palavra com certeza
Provocando outro desgaste,
Pondo as cartas sobre a mesa,
Renegando o que tomaste
Sem temor e com surpresa,
E deveras tudo baste.
O meu mundo desabara
A verdade me condena
Caminhando em vã seara
Vendo enfim dolosa cena
O que tanto se prepara
No final não me serena.

23

Acordando deste sonho
Entre mares e procelas,
O que possa e já proponho
Noutro rumo me revelas,
Entre os dias, sou medonho,
Coração abrindo as velas,
O momento mais bisonho
Superando velhas celas.
Ouso ser em liberdade
O que tanto pude crer,
Meu amor já não degrade
A ventura de viver,
E saber da claridade
Traz nesta alma amanhecer.

24

Resumindo cada fato
Onde o tanto não traria
O que vejo e já retrato
Nos ermos da poesia,
A verdade que constato
Outro tempo poderia
Num momento mais sensato,
Mas bem sei que não viria.
Cada vez já me afastando
Do caminho onde se trilha
O momento desde quando
A palavra se polvilha
No cenário desabando
Preparando uma armadilha.

25

Não queria ter além
Do que possa num instante
Vendo sempre o que contém
Neste mundo degradante,
O meu passo traz um bem
Que pudera radiante,
Mas o tempo tanto tem
Que no fim nada garante.
Ousaria ter no olhar
O que possa sem temor,
Vivo sempre a procurar
Nestas sendas raro amor,
E voltando a divagar
Sem guardar qualquer rancor.

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