domingo, 10 de abril de 2011

21

No reverso da medalha
No momento crucial
A vontade não se espalha
Dita o bem e marca o mal
O que pude na navalha
Traz o tempo desigual
E o caminho já se atalha
Preparando-me ao final.
O vencer ou ser vencido
O caminho percorrido
E o momento aonde assalto
As vertentes mais sobejas
Onde quer que tu me vejas
O meu passo segue incauto.

22


Tentaria ser feliz
Se eu pudesse, mas eu creio
Que deveras, devaneio
Traz o quanto já não quis,
E vivendo por um triz,
Onde tanto sou receio
Procurando qualquer meio
De tentar além, o bis.
A questão se repetisse
No que tento e não mais visse,
Nesta ausência de esperança
A verdade não revela
Outro tema e a velha tela
Sem sentido já me alcança.

23


Travas vejo no caminho,
Nada mais pude sentir
Onde quis o meu porvir
Sigo só, mero e mesquinho
E se tanto ora me alinho
Nos anseios, resumir
O que possa presumir
Traz o olhar rude e daninho,
Bebo em gotas o oceano
Trago o medo e se me engano
O problema é todo meu,
Onde quis a melhor sorte,
Nada mais traz nem aporte
O que tanto se perdeu.

24


Nada mais do que mentiras
E se posso acreditar
No que agora tu prefiras
Encontrando além do mar
As vontades que retiras,
Onde pude lapidar
Esmeraldas e safiras
Nada resta em seu lugar.
O meu canto não se acolhe
O momento nega o canto
E o cenário se recolhe
Num caminho em desencanto
A palavra então se tolhe
E transforma riso em pranto.

25

Esquecendo o meu começo
Vejo a queda inevitável,
Quando o sonho foi potável
Encontrei o que mereço?
Mas somente já me esqueço
E presumo insuperável
Outro engano incomparável
Noutro engodo em recomeço,
Vejo a queda e me aprofundo
No vazio deste mundo
Sem saber da dimensão
Do que tanto corresponde
Ao que agora já se esconde
Nas cordas do coração.

26

Nada mais eu poderia
Nem tampouco alguma sorte
O que vejo e não comporte
Traz somente a fantasia,
Vejo morta a alegoria
E o caminho não suporte
Cada passo em claro aporte
Ao que nunca mais veria,
O meu dia se expressasse
Tão somente em tal impasse
Onde imola-se a verdade.
O meu erro continua
Nesta imagem bela e nua
Que reflete a liberdade.

27


Nua clara e dominante
Reina plena em noite imensa
O que tanto me compensa
Noutro rumo se adiante,
Vaga como num instante
Onde a sorte que convença
Traz a claridade intensa
Que me segue e me agigante.
O momento já traçado
De uma vida em vão passado
Num caminho onde arredio
Bebo a sorte em tom grisalho
E se tanto ora batalho,
Meramente desafio.

28

Nada mais quisera ter
Senão fosse sempre assim,
O caminho diz do fim
Quando o possa perceber,
A vontade de viver,
O cenário dentro em mim
Mata o sonho e diz que enfim
Nada poderei conter.
Ouso mais que meramente
E se vejo de repente
Outro instante mais agudo,
No final nada apresento
E num mudo violento
Nem sequer hoje me iludo.

29


Planto flores, vejo espinho
E se possa ser diverso
Quantas vezes o meu verso
Iludindo, foi daninho,
O cenário mais mesquinho
Cada passo que disperso
Procurando no universo
Qualquer canto, ou mesmo ninho
Entre tantos erros meus,
Os caminhos ermos, breus
E o cenário se repete,
A verdade traz o açoite
E vivendo cada noite
A minha alma isto reflete.

30


Nada mais pudesse quando
A vereda não adentre
E meu mundo se concentre
Neste todo desabando,
Ao sentir aberto o ventre
O meu mundo se moldando
Num momento atroz nefando
E o caminho desconcentre,
Vago sem sentido algum
Na verdade sou nenhum
E pudera ser alguém
Tanto quis outro momento,
Mas a vida em desalento
Na verdade nada tem.

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