quinta-feira, 7 de abril de 2011

21

O tempo firmando
O sol renascendo
O dia mais brando
Enquanto recendo
Ao todo negando
O quanto prevendo
Pudesse moldando
O tempo em adendo,
Navego cansaço
E bebo este mar
E quando me traço
Pudesse sonhar,
Num frágil pedaço
Aonde encontrar.


22


Meu tempo sem nexo
O rumo desfeito
Amar sem reflexo
Apenas me deito
E bebo o complexo
Cenário desfeito
E sei deste anexo
Momento onde aceito
O caos dentro da alma
A luta sem par
O nada me acalma
Sem nada aportar
E vejo este trauma
Tocando este mar.

23


Não posso e não quero
Tentar nova sorte
E sendo sincero
Quem tanto conforte
No fim traz o fero
Sentido da morte
E o quanto te espero
Traz ledo meu norte,
O verso se prende
Ao quanto podia
A vida depende
Da farta alegria
E nada me atende,
Mera fantasia.

24

Jogado no chão
O tempo se traz
No verso em versão
Deveras audaz,
E sei da ilusão
Que possa mordaz
Vencendo o meu não
Deixando sem paz
O que não pudesse
Nem mesmo tentasse
O quanto da prece
Produz outro impasse
E o verso que esquece
Aos poucos renasce.


25

Não vejo ao que veio
O verso sutil
E quando o receio
Jamais se previu
O tempo em recreio
O corte mais vil,
Amar devaneio
Num toque sutil.
Escuto o vazio
E nada mais trago
Somente este frio
E sei deste estrago
E vou por um fio,
Jamais em afago.

26

Procuro somente
A paz que não vem
O tempo desmente
E seguindo aquém
Do quanto se tente
E nada provém
Do mundo contente
Ou de outro ninguém,
O verso condiz
Com todo o passado
O quanto não quis
O sonho marcado
Sempre por um triz.

27


Beber sem temor
O quanto pudera
Viver este amor
E ter noutra esfera
A sorte e o pudor
Que agora só gera
O verso sem rumo
O tempo sem paz
E o quanto resumo
Já não satisfaz
O sonho onde esfumo
E o fim só me apraz.

28

Bravatas diversas
Mentiras e medo,
Aonde dispersas
O tom em segredo
As horas conversas
E bebes do enredo
Enquanto ora versas
No tom de degredo.
Vencido sem ter
Sequer um momento
E todo o viver
Traduz o que tento
Vestindo o saber
Em vil desalento.


29

O quanto eu poderia acreditar
Nas tramas mais diversas, novo instante
A sorte sem temor nada garante
Apenas entranhando em ledo mar,
O quanto desta fonte a desdenhar
O mundo se presume doravante
Marcando o quanto possa e me adiante
Sem nada que pudesse desejar.
O rústico cenário em tom agreste
O pouco que em verdade tu me deste
A morte garantida após a queda
E sei do quanto tenho e nada pude
Depois do meu caminho atroz e rude
A vida sem promessa tudo veda.


30


Jamais conceberia melhor sorte
E nem que a própria vida me trouxesse
O tempo aonde o todo já se tece
E nada mais conforme me conforte,
O mundo se anuncia e não suporte
O tanto que se queira em rude messe
O verso na verdade ora se esquece
Do que já poderia ser um norte.
O rumo sem proveito do vazio
O vento muito embora desafio
Não tento conquistar além do cais,
O mar entranha em ondas minha areia
E o verbo noutro canto me incendeia
Moldando dias rudes, desiguais.

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