domingo, 3 de abril de 2011

26

Um caminho num repente
Que se possa desejar
Traz o quanto se apresente
E pretendo transformar,
O meu mundo que aparente
Muito além de algum lugar
Onde possa novamente,
Sem sentido mergulhar,
Tramaria dentre tantos
Erros, danos e tormentos,
Ao sentir em desencantos
Os diversos pensamentos,
Redimisse noutros cantos
Os temíveis desalentos.

27

Arco mesmo com tais falhas
E sei bem do quanto faço,
Quantas vezes tu batalhas,
Embaralhas cada passo,
E o cenário onde retalhas
O que possa a cada traço
Traz no olhar as frias gralhas
E no sonho outro cansaço.
Esperasse pelo menos
Ter no fim a claridade,
Mas a vida em seus venenos
Renegasse a liberdade,
Dos meus dias, mesmo os plenos
Desejei felicidade.

28

Resumindo cada engano
Onde o tanto se fez raro,
O meu mundo quando dano
Novamente em dor declaro
O que possa mais profano,
Num cenário que escancaro
Novamente em desumano
Desejar no despreparo.
Desamparo cada passo
E transformo em temporal,
Meu momento mesmo escasso
Enfrentando o vendaval,
Nada vejo e se desfaço
Roupas sujas no varal.

29

Apresento com ternura
O que a vida não me dera
Onde a sorte configura
Vejo além a tola espera,
A verdade se assegura
No que possa e destempera,
A palavra não perdura
Quando a sorte é mais austera.
O vencer e ser vencido
O sonhar e ter nas mãos
Um momento decidido
Pelos passos, turvos, vãos
E desenho sem sentido
Outros velhos, podres grãos.

30

Apresento o que pudesse
Ser diverso ou mesmo rude,
A verdade já se esquece
Do que tanto nos ilude,
Não redime qualquer prece
Necessita de atitude
Mesmo quando a vida tece
Outro céu em magnitude.
Veja a sorte se perdendo
Veja o dia noutro rumo,
O meu passo em dividendo
O caminho onde costumo
Produzir o que desvendo
Ou sentir o que consumo.

31

Nada mais se vendo após
O momento que tentasse
Traduzir em viva voz
O que fora algum impasse,
Nada segue mesmo em nós
Onde o mundo destroçasse
O caminho mais feroz,
Onde o nada desenhasse.
A verdade me conforma,
Outro tanto rege em norma
O que pude acreditar,
Liberdade, liberdade.
Encontrar felicidade
É deveras te encontrar.

32

Nas entranhas de tais furnas
Onde a vida poderia
Ter além das cãs soturnas
Um momento de alegria,
As palavras vãs, noturnas
O cenário onde veria
Que deveras tu te enfurnas
Nesta senda em utopia.
Versejando mansamente
Sem ter nada que nos trace
O momento se apresente
E provendo o desenlace
Nestas presas da serpente,
A nudez da alma mostrasse.


33

Mares fartos, onde um dia
Ausentasse da promessa
Que pudera e não adia
O que tanto recomeça
Quem conhece a fantasia
Noutro passo já tem pressa
De viver a alegoria
Na verdade que se peça
Ouso até falar de sorte
Quando vejo em teu olhar
O que tanto me conforte
Outro rumo a desenhar
Um momento bem mais forte,
Invadindo céu e mar.

34

Nas angústias de quem tenta
Desvendar tal equação,
A palavra mais sangrenta
A temida negação,
O meu mundo não fomenta
Mais sequer a dimensão
Onde vivo tal tormenta
Que atormenta o coração.
Alimenta-se esperança
Noutro passo, num instante
E meu sonho sempre avança
Não se cansa e se adiante,
O momento em aliança
Novo tempo me garante.

35

Renegar um preconceito
E tentar abrir a mente,
Onde o todo sempre aceito
Noutro rumo se acrescente,
Vejo o mundo em calmo pleito
E o meu sonho num crescente
Transbordando rio e leito
Invadindo inteira a mente.
Labaredas e ardentias
Tanto quis nova aliança
E se possa noutros dias,
Alimente esta esperança
Que talvez, já não verias,
Mas o pensamento alcança.

36

Acordando o que deveras
Poderia nos trazer
Entre noites duras, feras
Um momento de prazer.
E se possa em primaveras,
Outras sendas do querer
Na verdade nada esperas
Nem tampouco amanhecer;
O meu verso se desenha
No que possa ser diverso
E se tanto se contenha
Noutro canto desconverso
E complexo se desdenha
Um cenário em vão, perverso.

37

Revivendo cada dia
Dos momentos mais felizes,
O que possa em poesia
Desvendar em tantas crises
O que tanto poderia
Transformando as cicatrizes
Numa tétrica alquimia
Feita em medos e deslizes.
Rudimentos de uma vida
Que pensara já liberta.
Noutro ponto de partida
A palavra descoberta
A verdade resumida
No final nem me desperta.

38

Arvoredos e alamedas
Ruas, sonhos e calçadas
E se tanto amor; concedas
As palavras maltratadas,
Em lençóis cetins e sedas
Nossas noites madrugadas
Adentrando tais veredas
Noutras tantas desejadas.
Resumindo cada fato
No que possa me trazer
O caminho onde constato
Toda a glória de um prazer,
O meu mundo hoje retrato
E consigo o teu querer.

39

Nada mais eu tive quando
Outro tempo desfilasse
A verdade desnudando
O que tanto se mostrasse
Na certeza se moldando
O momento onde se trace
A beleza me inundando
Onde o canto adivinhasse.
Nada mais se vendo após
Outro passo em noite rude,
Desenhado em mesma foz
O que tento e sei já pude,
Quando vejo rotos nós
O meu passo ora se ilude.

39

Não ousasse desejar
Melhor sorte quando um dia
Entranhando este luar
Bebo a luz em harmonia
Do que possa desenhar
Nada mais se perderia
O meu mundo a desvendar
Esta luz que se irradia,
Marcas deste novo instante
Onde o tempo muda a rota
E meu passo já garante
No lugar de uma derrota
A alegria doravante
Que em sorriso ora se nota.

40

Não seria de tal forma
A palavra mais correta
Onde o mundo não deforma
A verdade toma a seta
E desvenda esta reforma
Que pudesse ser completa
E o futuro agora informa
Da vontade predileta.
Ousaria ter no olhar
Muito além de alguma luz,
O que tente imaginar
Noutro rumo reproduz
A vontade de lutar,
Quando o sonho eu te propus.

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