sábado, 9 de abril de 2011

31

Dos erros que me trouxe a juventude
O tempo não redime nem esquece
E o tanto quanto a vida me enlouquece
Trazendo a mesma imagem, velha e rude,
O quanto desejei e nunca pude
É como se na vida inda tivesse
A sensação que o vago sonho tece
E nisto nada mais ora transmude.
O vento sem sentido, a dimensão
Exata do que pude e tenho em mente,
O fardo que deveras se apresente
Marcando os dias turvos que virão,
Audaciosamente eu quero a luz
Aonde o mesmo nada reproduz.

32


A vida prenuncia a cada ausência
O quanto poderia e não viera
A sorte se traduz em tal quimera
E nisto se presume a virulência,
A vida sem sequer tal eloquência
Expressa o quanto tanto destempera
E marca com terror o que se espera
Levando sem defesas à demência
Marcando cada passo com o ocaso,
Apenas sem sentido algum atraso
O passo rumo ao fim que não se vê
Pudesse ter em mente nova rota
Na luta sem proveito esta derrota
Jamais se traduzindo num por que.

33


O mundo que minha alma agora oculta
A luta sem sentido não traduz
Sequer algum realce feito em luz
E a vida ora transcende em medo e multa.
O sonho sem temor algum se ausculta
E o canto se protege e não reluz,
Ousando caminhar encontro a cruz
Anseio se transforma em catapulta.
E apenas mal sepulta o sentimento,
O quanto na verdade ainda tento
Alentos; poderia ter em paz.
A vida levantando esta poeira
A sorte se perdendo tão rasteira
O canto se mostrara mais mordaz.

34

Temendo na verdade novos dias,
Aonde o meu passado fora exposto,
O sol queimando firme no meu rosto
Enquanto no final nada verias.
Apenas entre tantas agonias
O mundo; aos poucos, sinto-o decomposto
E o preço a se pagar qual fora imposto
Traduz as minhas várias fantasias.
Bebendo cada gole desta fúria
Aonde o que se vê dita a penúria
Desta alma iridescente e sem segredos,
Os olhos noutros olhos se perdendo
O amor que se vivesse como adendo
Traduz em descaminhos desenredos.

35

Novos amores, velho coração.
E o tempo não trará felicidade,
Embora o quanto tente e mesmo brade
Expressa outro final, leda estação.
O rumo se perdendo neste chão
Ausente dos olhares, claridade,
O tempo dita o rumo da saudade
E nisto o que soubera segue o não.
Jamais se poderia ter decerto
O quanto mais anseio e já deserto
Nos cantos desta casa, sem descanso.
Meu verso sem sentido e sem proveito,
Aonde com certeza me deleito
Talvez traduza o nada e ali me lanço.

36


Espero o que se possa num instante
Trazer o teu olhar que não mais veio,
E quantas vezes busco neste anseio
A sorte que me fez da vida amante.
O mundo na verdade não garante,
Nem mesmo o quanto pude em devaneio
Ousando quando a vida traz seu veio
E nele cada morte se adiante.
O prazo determina o fim de tudo,
E sei que em tese mesmo eu não me iludo
E vago pelas noites mais sombrias
Tentando acreditar num novo tempo,
Embora saiba cada contratempo
E nisto com certeza não virias.

37


A vida a cada passo mal respeita
O quanto quis e nada me tirara
A sorte tendo estrelas em tiara
No fundo não concebe e nem aceita.
A luta com vontade noutra espreita
No vértice somente se prepara
A venda que em meus olhos se depara
Com toda a solidão que em dor se enfeita.
Jamais acreditei noutra passagem
Nem mesmo coletando esta miragem
Aonde esta verdade não me serve,
O vento assobiando em madrugada
A luta tantas vezes desenhada
Sem nada que em verdade ora preserve.

38

Indignos os caminhos que propões,
Porém o que fazer? A noite traça
A vida que deveras se esfumaça
E nela perco as tolas ilusões.
Os olhos entre medos; decompões
E o quanto se moldara em velha praça
Expressa a realidade aonde escassa
A noite traz em mortes, emoções.
Apenas represento o fim do jogo,
E sem saber sequer de qualquer rogo,
No fogo deste engodo me consumo,
O vértice jamais alcançaria,
A luta se mostrasse mais sombria
E dos meus traços vejo este resumo.

39


Enquanto me antepunha entre dois pólos
Diversos dos caminhos que tentara
A vida se mostrando em tal seara
Ousando demonstrar áridos solos,
Dos tempos feitos sonhos, doces colos,
O mundo na verdade não ampara
E a senda aonde o todo se declara
Agora se inundando em rudes dolos.
Apenas pude crer no que não visse,
E sei que todo amor, mera tolice
Expressa o fim do jogo e tão somente.
O quanto se anuncia num instante
No fato mais atroz e degradante
Reinando sobre o quanto ora nos mente.


40


A vida quando em vida traz repulsa
E gera o fim do sonho, e nada mais,
Aonde se mostrassem vendavais
O tempo deste encanto ora me expulsa.
A luta mesmo quando tão convulsa
Expressa o que pudessem temporais
E sei do que tentasse sem jamais
Traçar palavra calma, mas avulsa.
E quando em avulsão retiras sonho
O quanto do vazio ora componho
Transcende ao que pudera ser feliz,
O verso sem sentido, o verbo roto,
Meu passo se aproxima deste esgoto
E nele o que eu tentara, ora desfiz.

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