quinta-feira, 7 de abril de 2011

31

E resolutamente quando parto
Após sentir bafejo da esperança
Que tanto quanto impeça já me lança
Ao mundo que pretendo em sonho farto,

O dia noutro tempo já comparto
Na credibilidade em confiança
Tentando ser fiel desta balança
Enquanto o que me resta ora reparto.

Versando sobro o quanto poderia
Ousar e ter nas mãos a fantasia
Diversa da que agora me condena,

O tempo sem proveito, a luta insana
Mudando o que pousara e se me dana
Traduz em turbulência a velha cena.


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Deixando para trás minha morada
Não vejo após o quanto acreditei
Sequer o que tentara nesta grei
Já tanto pelo tempo, desolada.
O verso no final não me diz nada,
E o tempo enquanto rude mergulhei
Fazendo do cenário a velha lei
Por vezes sem sentido abandonada.
Restando tão somente o que inda possa
Tramar realidade mesmo nossa
E transmitir a paz que tanto quis.
O rústico momento se aproxima
E vejo o desairoso e ledo clima
Marcando minha história em cicatriz.

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Nesta tétrica presença que me agita
De um tempo sem saber da serventia
O verso noutro tom mal poderia
Tramar o quanto a vida ora me fita,
E sendo tão comum qualquer desdita
A sorte se produz em agonia
E nisto o quanto possa moldaria.
Vestindo o meu momento mais feliz
E o tempo se anuncia em cicatriz
E a força sem sentido ou mesmo rude,
Do quanto poderia geratriz
Do verso que me aponte e desilude,
Matando em tom precoce a juventude.

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O tempo, quando pude envergonhar-me
Dos erros costumeiros de quem trama
Vencer a solidão, diverso drama
E nisto imaginar qualquer alarme,
Ainda quando a sorte me desarme
Ouvindo o que lamento e nada clama
Senão a solidão que se derrama
Tentando acreditar ser quase um charme.
O caos se desenhando aonde há pouco
O mundo se reflete e feito um louco
O vértice anuncia o turbilhão
Dos vórtices comuns, mais um, portanto
E quando inutilmente tento e canto
A sorte perde rumo e dimensão.

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Separam-se caminhos tantos meses
Os olhos procurando no horizonte
E nada do que possa ora desponte
Ausentes dos cenários minhas reses,
Os cantos se perdendo noutras vezes
Os sonhos sem ter nada quando aponte
Tentando acreditar na velha ponte
Os mares não são meus sequer ingleses
Apenas de quem tenta navegar,
E o preço que se possa até pagar
Presume a pescaria da esperança
O vento mansamente dita a sorte
E tendo o que deveras nos conforte
Aos poucos sem temor algum avança.

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O quanto do que fomos se eu ignoro
Não diz realidade, traz o sonho,
E quanto mais audaz, rude e medonho,
Maior o destemor e nada imploro,
Meu mundo com certeza revigoro
E bebo o que pudera e decomponho,
Ousando acreditar enquanto ponho
O tempo no fastio e o revigoro.
Expectativas várias rumo vago
E o tanto quanto possa já me afago
E sei do meu cenário em tom diverso.
O prazo determina o fim do encanto
E possa desejar em cada canto
O tempo mais suave ou mais perverso.

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Aonde poderia estar oculto
O verso sem sentido e sem proveito
O amor que na verdade fosse um culto
Expressa o que deveras sempre aceito,
E vejo noutro passo o velho vulto
E sei deste cenário onde aproveito
E sem saber sequer de algum tumulto
Encontro o meu caminho em tom desfeito,
Realces entre enganos e terrores
Ainda quando muito se inda fores
Pousando mansamente no infinito
O tempo sem saber do que viria
Presume novo tempo em harmonia
E nisto sem temor decerto eu grito.

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O mundo onde pudera enfim buscá-lo
Expressa o que não pude mais tramar
E quando na verdade este vassalo
Sonhasse tão somente em navegar
O canto noutro tom já não mais calo
E o verso se anuncia a divagar
Morrendo pouco a pouco, devagar
Presumo o que pudesse e o sonho escalo.
Jamais eu visse a sorte de tal forma
Que nada mais seria tão sutil,
O medo na verdade nos deforma
E vibra o que jamais o tempo viu.
E apenas o que possa nos informa
Do todo que a certeza não remiu.

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Aonde satisfaça os vãos temores
Em ondas divergentes, explosões
E quanto mais decerto tu me expões
Maiores os momentos onde fores,
Sem nada nem sentir o quanto opores
Revejo aonde houvera dimensões
Diversas destas vãs exposições
E nelas o canteiro sem as flores.
Restando muito pouco ou quase nada
Inundo-me da leda companhia
E bebo da palavra abandonada
Aonde o que se faz e não teria
Seria mera sombra de um passado
Num canto desta sala abandonado

40


O rio que deveras serras; corta
E gera nas cascatas a beleza
Que vem desta afluência em correnteza
Arromba num instante qualquer porta,

E pouco na verdade, ou nada importa,
Somente o que se sente e com destreza
Supera a mais temível fortaleza
E sabe do que possa e não comporta

Ultrapassando o quanto fora em cota
Não respeitando mais qualquer compota
Explode numa rara inundação,

Também num ato atroz e sem igual
Não vejo mais barreira que afinal
Contenha os rumos loucos da paixão.

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