sábado, 9 de abril de 2011

41

Na inconstância de meus sonhos
Outros tantos, caldeirão
Entre mitos na explosão
Dos momentos enfadonhos,
Vejo em atos mais bisonhos
A difícil dimensão
Deste todo em negação
Ou anseios vãos, medonhos.
Nada mais do que a verdade
Ou talvez; garanto, quase
O meu passo já se atrase
Noutro tanto e desagrade
Quem vencera ou mesmo tenta
Com sorrisos tal tormenta.

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Se vertiginosamente
Mergulhei nos teus abismos,
Entre ledos cataclismos
A palavra sempre mente.
O que vejo, de repente
Somam erros, pessimismos
E deveras noutros sismos
Encontrara o som premente.
O meu canto se evadira
Nas entranhas da mentira
Onde tanto repousara
A expressão mais solitária
A verdade temerária
Noutra vida, jamais clara.

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Navegar onde é preciso
Enfadonhos sentimentos,
E bebesse dos ungüentos
Onde o sonho eu mal matizo,
Vejo o quanto em prejuízo
Aumentasse meus tormentos,
E sem ter discernimentos
Perco aos poucos o juízo.
Vendo a queda em livre tom,
Ecoando longe o som
De quem vive sem saber
O produto deste incauto
Delirar onde me assalto
Sem sequer qualquer prazer.

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Vivo o quanto poderia
E não posso acreditar
No caminho em novo dia
Na esperança de outro mar,
Onde a sorte se evadia
Sem ter nada em seu lugar,
O meu mundo não teria
Nem sequer onde aportar.
A verdade se envereda
E se tanto traz a queda
Apresento outra versão,
Vendo a sórdida presença
De quem tanto me convença
Outros ermos moldarão.

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Nada mais eu pude então
E se possa acreditar
Noutra fonte a me tocar,
Perco o sol ou vago em vão,
No meu tempo em solidão,
A certeza de lutar
A vontade de entranhar
Escutando o mesmo não.
Esperando alguma sorte
Que traduza sem suporte
O meu corte na raiz,
Onde pude ter decerto
O meu passo ora deserto
E não vivo o quanto eu quis.

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Jamais tive uma esperança
E se pude ter em vida
A verdade corroída
Onde o nada ora me lança
Esquecendo esta pujança
Com certeza já puída,
Não encontro uma saída
E meu passo não avança.
Resistindo muito bem
Sei do quanto me contém
E o que tem não bastaria.
A verdade não resulta
Do que possa em tal consulta
Trazer sórdida ironia.

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A mortalha de presente
O momento mais sutil,
O que tanto se apresente
Na verdade se pediu,
O meu canto mais potente
Ninguém mais, decerto ouviu,
O que veja e mesmo tente,
Noutro espaço decaiu.
O verdejo da esperança
Mentiroso e maltrapilho,
Vaga quando fere em lança
E se tanto ora me pilho,
No caminho em confiança
Vou fiando cada trilho.

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Arco com meus desenganos
E deveras nada mais
Do que possa em novos planos
Expressar os desiguais
Caminhares entre danos
Ou palavras imorais,
Rotos vejo velhos panos
E o meu mundo diz jamais,
Entranhasse outra verdade
Na versão que tanto dói
O que possa em liberdade
Noutro encanto agora sói
Traduzir realidade
E meu mundo se destrói,

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Bebo um gole ou mesmo até
O que nunca desejei
O meu canto nesta grei
Vaga ausente, morta a fé,
Mais um gole de café
Onde o tempo desenhei
E se tanto mergulhei
Já nem sei mais por quem é,
O que sinto não produz
O que tanto não reluz
E moldasse esta quimera,
A verdade ou mesmo em jus
O momento não seduz
Nem sequer o quanto espera.

50


Num caminho sem saída
Ou num beco quando a luta
Expressasse o que reluta
E traduz a minha vida.
Noutra senda, dividida,
Noutro canto, a velha escuta
Esta força leda e bruta
Não permite a voz perdida.
E presumo o fim do jogo
Não me expondo ao duro fogo
Nem tampouco ao que inda venha,
Minha sorte sem proveito,
O meu mundo já desfeito,
Esta brasa fora lenha...

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