sábado, 9 de abril de 2011

61

Na verdade o que se pensa
Não se traz no dia a dia
O meu mundo não teria
No final tal recompensa
Quando a sorte dita imensa
Se transforma em mais sombria
A saudade poderia
Ser alheia ao que convença
Nada mais sendo destarte
O que tanto sei e parte
Procurando algo em paz,
O meu verso se resume
Quando buscando este lume
Deixa o brilho para trás.


62


O meu verso se entranhando
Nas loucuras da emoção
Onde o tempo desde quando
Traz a velha dimensão
Do meu mundo desabando
Sem sequer qualquer timão,
Temporal já desabando
Com certeza; temporão.
Este amor que na verdade
Não consigo mais viver,
Trama a rude imensidade
Quando o nada eu possa ver
Sem saber da realidade,
Pouco a pouco, irei morrer.

63

Neste inconfundível passo
Outro tento e já me acabo
Onde a sorte de um nababo
No vazio ora desfaço
Quando posso e ora desabo
Num momento de cansaço
Desfilando em raro garbo
O meu mundo segue escasso,
Vagamente e mente vaga
E no fim na imensa plaga
Mentes tanto quanto possa,
A verdade em solilóquio
O meu mundo em tal colóquio
Gera apenas velha fossa.


64

Brindo ao quanto poderia
Ser diverso do que tento
Onde a sorte não traria
Nem sequer o manso vento,
Outra noite em alegria
Outro dia em sofrimento
Tantas vezes utopia
Traz ao todo o desalento.
Versejando sobre o fato
Que deveras mal constato
Na inconstância de um carinho,
Muitas vezes vira o prato
Já vazio e hoje constato,
Quanto sigo em vão, sozinho.

65


Trovas, sonhos. Menestrel
Do que pouse noutro encanto
O meu verso quando canto
Procurando um manso céu,
Vaga feito carrossel
E no fim nada garanto
E se possa e já me espanto
Bebo o tom duro e cruel
De quem fora novamente
Mente clara e renovável
Noutro solo mais arável
Quis talvez; ser a semente,
Mas o quanto se presume
Na verdade é falho ardume.

66


Mais um gole de cerveja
Noutro sonho redimido
O que possa e não duvido
Entregando de bandeja,
De tal forma quando seja
Meu caminho resumido
No que possa e até provido
Da palavra malfazeja,
Resta apenas o que um dia
A verdade não traria
E nem mesmo alguma sorte,
O que tanto quis após
Renegasse a minha voz
Num cenário em ledo porte.

67

Ao sentir o que viria
Novamente me perdendo
O meu canto este remendo
Trama apenas agonia
E vencendo a fantasia
Outro rumo, velho adendo.
O final se enaltecendo
Aonde o resto se veria.
Nada mais quero; os venenos
Entranhando sem defesa
Onde a vida sem surpresa
Preparasse tão pequenos
Dias quanto mais os quis,
Tentaria ser feliz...

68


No meu canto a vida passa
E refaz cada momento
Onde o tempo mais atento
Segue o rumo em vã fumaça
A palavra sendo escassa
O meu sonho, um alimento
Neste raro e belo intento
O que prezo nada traça.
Ouso crer na melodia
Ouso ouvir nova vertente
Do que possa noutro dia
Traduzi o que se sente
E tentasse em alegria
Ver o mundo mais contente.

69

Lapidando uma esperança
Nas palavras, lavras, aro.
O meu tempo bem mais claro
No caminho onde se lança
Na verdade não se cansa
E procuro e já declaro
O que vejo e se escancaro
Trama a noite em temperança.
A visão se perpetua
Onde a sorte, minha ou tua
Não traria qualquer fato.
Meu momento mais sutil,
É talvez o que previu
Esta ausência onde a constato.

70

Amar sem medida
Sem nada que impeça
Lutar pela vida,
Unir cada peça
Da sorte que urdida
Por vezes tropeça,
Mas tendo a saída
Ao tanto endereça.
Na pressa, este engano
E quando me dano
Procuro outro rumo.
Porém não me canso
E sei quanto avanço
No amor que consumo.

Nenhum comentário: