quinta-feira, 7 de abril de 2011

Assim como se fosse um passarinho
Liberto sem temores; sigo em frente
E quanto de meu mundo se apresente
Resume cada passo em tal carinho
E quando nos meus braços eu me aninho
Tentando o que se possa plenamente,
Vagando sem temor enquanto enfrente
Cenário tantas vezes mais mesquinho,
O peito esvoaçando em liberdade
Pousando aonde a sorte determina,
A luz trazendo aos olhos minha sina,
E o canto em mais completa claridade
Sem nada que deveras me degrade
Na tarde azulejada, cristalina.

2

Demonstrando também esta destreza
De quem nada contém e segue em paz,
O tanto quanto a vida quer e traz
Vencendo o descaminho, esta torpeza
Apenas da esperança sendo presa
E nisto o quanto possa satisfaz
O rumo mais suave e mais audaz,
De quem sabe no amor a fortaleza.
Zarpando ao infinito, arribação
Zelando pelo sonho, imensidão,
Selando com meu canto o que se possa
Verter em doce acorde o quanto tente
Saber deste momento mais contente
Ousando na esperança toda nossa.

3

Num ato de beleza e de ternura
O prazo determina o que se queira
A sorte mais audaz, a derradeira
Expressa o que decerto se procura,
A vida não traduz esta amargura
E sei da vida além da costumeira,
E quanto mais a luta ora se esgueira
Nas tramas do que possa e configura,
O medo de seguir deixando aquém
O risco de sonhar quando convém
Permite qualquer tom em claridade,
O manto se puindo pouco a pouco
Um sórdido momento aonde um louco
Derruba com vigor a velha grade.

4

Constrói para os que venham; tal abrigo
E quando me aproximo do meu fim,
O tanto quanto tente e mais consigo
Expressa a realidade morta em mim.
O tempo sem sentido o quanto enfim
Encontra no teu canto o verso amigo
Ou mesmo se espalhando quando vim
Pousando na incerteza onde prossigo.
Esboço algum momento em palidez,
O tempo desenhando o que tu vês
E vendo o meu anseio sem sentido,
O verso se anuncia como o caos
E os dias por ventura rudes, maus
Enquanto uma esperança eu dilapido.

5

Ao ver o homem quase abandonado
Nas pedras e nas rocas, sem saber
O quanto poderia acontecer
Num tempo sem ter tempo, desolado.
O verso noutro rumo desvendando,
A luta sem sentido a se perder,
O corte a cada instante a se tecer
O prazo no final sendo esgotado.
Reparo cada passo e quando o vejo,
Encontro o que pudera em num ensejo
Diverso, eu busco apenas liberdade…
Logrando melhor sorte sou assim
E vivo o quanto possa até o fim
Tentando renegar a velha grade.


6

Exposto à dor temível da quimera
Mal pude respirar e não tentara
Ousar atravessar outra seara
Nem mesmo ver quem tanto agora espera,
A luta se desenha e noutra esfera
A morte sem defesas se escancara
E vejo o quanto possa em noite clara
Marcar o que se quer e desespera.
Atento ao que viria e não mais veio
Apenas olho em volta e meu receio
Expressa a solidão já costumeira,
Sem ter o que pudesse me trazer
Alguma luz imersa em tal prazer,
Esta esperança dita a vã bandeira.

7


Que nasce da paixão apenas isto,
O medo sem proveito e o tom atroz
De quem sabendo a morte fria em nós
Permite o caminhar onde desisto,
A luta se moldara no malquisto
Cenário sem saber se existe foz,
O rumo se aproxima e traz feroz
Sorriso de quem vence e já desisto.
Meu mundo não tivera qualquer chance
E quanto do final já não se alcance
Matando lance a lance uma defesa,
Dos erros que cometo vida afora,
Do tempo mais audaz que nos devora,
Apenas no final, me sinto presa.

8

E traz, sem perceber, um triste rumo,
O mundo sem sentido e sem razão
A luta se demonstra em tom que é vão
E nada mais expressa além do sumo,
E o quanto na verdade mal resumo,
Encontro o meu vazio em dimensão
Atroz e bebo as sortes que virão
Ou mesmo este cenário aonde aprumo.
Primando pelo sonho sem proveito
Ainda solitário hoje me deito
E tento imaginar outro cenário,
A vida se moldando sem ninguém
O quanto na verdade ainda tem
Expressa um sonho vago e temporário.

9

Exposto à valentia e sofrimento
De quem se fez agudo e não pudera
Acrescentar aos olhos esta fera
E nisto o que inda resta eu não fomento,
O preço a se pagar, já desatento
A noite se anuncia nesta esfera
E bebo o que se queira e não se espera
Senão tocado ao menos pelo vento.
Resumo outros caminhos no vazio
E quando qualquer passo eu desafio
Encontro os meus resquícios pelo chão,
Escombros do que fora uma esperança
O tempo sem sentido não avança
E traz no olhar a rude negação.

10

Jamais eu poderia acreditar
Nos dias que não tendo algum alento
Trouxessem muito além do que hoje tento
E sei do quanto pude imaginar,
O mundo noutro tom desabrochar
O verso se perdendo em rude vento,
O manto se anuncia em sofrimento
E o prazo eu não consigo mais vagar.
Perfumes desta sorte iridescente
O manto aonde o rumo se apresente
Volátil sonhador, o coração
Enfrenta o medo rude e nada vendo
Somente o mesmo medo quase horrendo
Traduz os dias turvos que virão.

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