domingo, 3 de abril de 2011

Com linguagens diferentes,
Mesma métrica mantendo,
Diferenças aparentes?
Noutro enredo me envolvendo,
Quando vejas e até tentes
Reunir cada remendo
No final, impertinentes
Teias várias; já tecendo.
Uno pontos de partida
Em chegadas tão diversas,
Sendo assim a própria vida
Quando nela segues, versas.
Trovejando na partida,
Sonetar rotas dispersas.


Num anseio que não possa
Traduzir felicidade
Cada sorte quando endossa
Torna clara a realidade,
Se esperança fora nossa,
O que tanto agora invade,
Muitas vezes nos destroça
Cerceando a liberdade,
Mas quem há de perceber
Os temores deste que ama
O meu mundo sem prazer
Ao manter acesa a chama
Tanto possa parecer
Divergir da mesma trama.

3

Onde quer que se procure
Entre tantas heresias
Nada mais nos assegure
Do que eu busco e já querias,
Nada existe que perdure,
Sonhos são bijuterias
E o momento ora torture
Nestas noites mais sombrias.
Bebo um pouco do passado
Procurando algum futuro,
Mas não tendo nada ao lado
O meu passo neste escuro
Traz o tombo anunciado,
Restos vagos eu procuro...


4

Repentista que das Minas
Enfrentei de peito aberto
O que tanto já dominas
Neste mundo ora deserto,
Quando vejo cristalinas
Sortes tento estar por perto,
E se tanto vês e atinas
Tão somente eu me desperto.
Vivo além destas montanhas
Em terrenos capixabas,
Entranhando em novas sanhas,
Esperança; não desabas,
Das partidas e das manhas
Abro em mim diversas abas.

5

Um cometa tão somente
Assim passo pela vida
E se deixo uma semente
Noutra face carcomida
O que vejo e se apresente
Traz no olhar a despedida
E o que fora ora inclemente
Alimenta esta ferida.
Esquecendo do que um dia
Pude ser e não quisera
Na tocaia se veria
Com certeza outra quimera,
Mas quem tem a poesia,
Com vagar imenso espera.

6

Redondilhas num repente
Noutro tom se faz caminho
O meu passo sempre tente
Já não ser ledo e mesquinho,
Quando a vida se apresente
Num instante, já me aninho
Num anseio tão frequente
Sendo amor um raro ninho.
Versejando com ternura
Na brandura de quem ama,
O que possa e me assegura
Traz a vida em viva chama,
Não querendo na amargura
Reviver temível drama.

7

Ouso mesmo acreditar
Que tal dia vai surgir
E vagando bar em bar,
Da verdade irei fugir,
Mas se possa enfim contar
Com quem vejo a refulgir
O meu mundo num luar
Recomeço em paz a agir.
Tanta sorte de quem cabe
Neste espaço sideral
Antes mesmo que desabe
O meu mundo tal e qual
Noutro ponto nada acabe,
Sendo amor um pedestal.

8

Nas entradas e bandeiras
Noutros pontos sem promessas
O quanto agora queiras
Noutro passo recomeças
As horas mais verdadeiras
São aquelas onde peças
Pelas lutas derradeiras,
Encaixando tantas peças.
Nada mais se poderia
Quem presume novo passo,
Outro tempo a cada dia
Com certeza quero e traço,
Vou bebendo a fantasia
Sem saber de algum cansaço.

9

Na palavra que nos traz
Um momento mais suave,
Meu caminho antes audaz
Hoje nada mais entrave,
Ao saber do que se faz
Esperança feito uma ave
Voa além e tão tenaz,
Do meu peito cerzi a nave
Que permita a liberdade
Mais além neste horizonte
E sabendo da verdade
Onde o coração aponte,
Não temendo a claridade
Vejo em ti a nobre fonte.

10

São verdades que alimento
Quando tento novo dia
E se possa num momento
Viver clara fantasia,
Já não posso num tormento
Desenhar o que eu queria,
Este sonho ora alimento
Redundando em alegria.
Ouço a voz que nos permite
Caminhar e sem limite
Nada mais se vendo após,
A palavra que me alenta
Numa vida tão sangrenta,
Reatando firmes nós.

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