quinta-feira, 14 de abril de 2011

Porquanto a minha vida se moldara
Nas ânsias de quem busca pelo menos
Momentos mais suaves ou serenos
E sabe quanto a sorte é tão amara,
O verso noutro tom já se escancara
E bebo gole a gole tais venenos
E os olhos vendo sonhos tão pequenos
No tempo aonde o nada se prepara;
Esqueço os meus tormentos? Pode ser...
No fundo o que pretendo merecer
Talvez já se levasse em rumo além
O corte se aproxima da raiz,
O tempo quanto mais se quer e diz
Traduz o que minha alma ora contém.


2

Não pude discernir qualquer resposta
Aonde o que se fez iridescente
Traduza o quanto possa e não se sente
Sequer na mesa feita e decomposta.
O quanto se deseja e não mais gosta
O verso que deveras se apresente
No mundo sem saber do quanto alente
Ou traça esta noção que em vão aposta.
Ao canto, relegada esta esperança
Jogada pelas tramas do vazio,
E quando algum instante desafio
O passo noutro enredo não avança
Espero cada verso e nada veio,
Apenas o tormento em vão receio.

3



Se nada mais pudera quem deseja
Vencer os turbilhões que a vida traça
O mundo se moldando em tal fumaça
Aonde o que se quer, busca a peleja,
A sorte tantas vezes mais sobeja,
O corte noutro instante nos trespassa
E a vida sem sentido traz na caça
O que alma sem saber teima e poreja,
Apenas poderia ser feliz,
E ter no meu olhar o quanto quis
Somente imaginando algum anseio
De um mundo sem sentido e sem razão
A morte ronda e traz em dimensão
Exata o quanto possa e ao que mais veio.

4


Tentando algum apoio, uma bengala,
A vida não traria novo sol,
O verso se perdendo em tal farol
A luta sem sentido me avassala,
Resumo o quanto posso e nada cala
Num átimo mergulho em arrebol
E bebo do que possa quando em prol
Da vida que buscara na ante-sala.
O medo se traduz em lavras, erros
E os dias são apenas meus desterros
Jogados pelos ermos do caminho.
O tanto que pudera e nunca houvera
A solidão traduz a sorte fera,
E mostra o quanto eu possa ser daninho.


5


Não quero acreditar noutra vertente
Nem mesmo mergulhar na que persiste
O meu olhar se molda amargo e triste
Por mais que nova luz inda se tente,
O quanto se procura e se apresente,
No fim apenas morre e não resiste
E tento caminhar, o sonho em riste
Marcado pela sorte inconsequente,
O fim de tudo traz esta certeza
Da vida sem saber qualquer surpresa
Senão o mesmo engano de um passado
Jogado sobre as pedras e rochedos,
Tentara adivinhar vários segredos,
Mas vejo apenas morte lado a lado.

6


Num átimo o mergulho em tons suaves
Aonde corações desejam sonho,
O quanto na verdade me proponho
Explode em dimensões diversas, naves.
E apenas vejo restos ou entraves
De um tempo mais audaz, rude e medonho,
Somente o meu caminho decomponho
E nisto não encontro velhas chaves.
Apenas entranhando este vazio
Enquanto cada passo desafio
O verso se anuncia sem noção
Do tempo que busquei e não viesse
Sequer eu poderia ter benesse
Aonde vivo inteira a maldição.

7


Apresentando apenas o meu mundo
Sem nexo, sem caminho ou dimensão,
A vida se apresenta em solidão
Nos ermos deste sonho eu me aprofundo,
O tempo se mostrara nauseabundo
E o corte se expandindo em direção
Ao quanto rege na alma a podridão
De um velho coração mais vagabundo.
Encontro cada parte do que fomos,
E sei que nos perdemos, vários gomos,
Jogados nas estradas, nas vielas
E sei do quanto possa acreditar
Embora noutra sorte a desnudar,
Mentiras quase críveis me revelas.

8



Vivendo por viver cada momento
Aonde nada mais pudesse ter
Senão a mesma sorte a se colher
Enquanto já se espalha em forte vento,
O tanto que produza o sentimento,
O mundo noutro ponto me faz ver
Da solidão que tento recolher
Guardando dentro da alma o sofrimento.
Alheio ao que pudera e mesmo assim
Traçando desde agora o ledo fim
De quem se imaginou bem mais capaz,
O verso se anuncia e se apresenta
Na foz desta existência virulenta
Apenas, tão somente vã, mordaz.


9


Não tento acreditar em novos dias
Sabendo estarem mortos os que há tanto
Pudera imaginar e não garanto
Senão no quanto teimas e querias,
Vagando entre diversas fantasias
O mundo se regendo em ledo espanto,
O verso sem sentido traz o pranto
E mata as minhas rudes alegrias.
Podando com certeza cada sonho,
O quanto deste todo ora proponho
Não traz sequer um sol onde quisera
Viver amanhecer sem ser brumoso,
E o rumo desenhado, pedregoso,
Demonstra a vida amara ou insincera.


10

Agradecendo o quanto a vida traz
Sementes espalhadas pelo solo,
E quando cada passo em luz assolo
Do todo na verdade sou capaz,
A vida muitas vezes busca a paz
E mesmo que se mostre sem o dolo,
Transcorre no vazio e mata o colo
Que tanto procurara e satisfaz.
Gerando apenas isso: solidão
Os erros desta vida são atrozes,
E busco sem sentido minhas vozes
Tentando adivinhar a direção
Do passo que não veio e não viria,
Matando desde sempre a fantasia.

Nenhum comentário: