sábado, 9 de abril de 2011

Vassuncê já mi conhece
Vévo a vida sem temê
O que possa entonce vê
Nas históra qui estremece.
Coração si compadece
E cansado di sofrê
Num traduiz o bem querê
E tumbém nada obedece
Apois véve recramano
Nas lembraça dos engano
Qui conhesse munto bem,
Dos amô qui já perdi
Tanto lá o mermo aqui,
Só sôdade essa arma tem.


2

Nus amô qui já se foi
As lembrança dolorosa
De quem seno munto prosa
Se perdeu nesses comboi
Presunçoso coração
Das pregunta sem saida
Vai de novo e tenta a vida
E não veno soluçao
Faz arribação e tenta
Nas parage mais distante
O que tanto amô garante,
Nas tocaia tão sangrenta.
Repartino verso e canto
Só sobrano disincanto.

3

Tantas veis os ói chorano
Cum sôdade da morena
Meu amô já num tem pena
E dispois im disingano
Muda a vida traiz os prano
Onde a sórte sai de cena,
Numa istrada tão pequena
Vô sofreno e vô cantano.
Isperano um novo dia
Apois tanto sufrimento,
Quano penso e tômbem tento
A vióla mi arripia
Num ponteio mais filiz,
Tanto amô na vida eu quis.


4


Coração causa furdunço
Nesse peito sem juizo,
E somano os prejuizo
Mata mais du qui jagunço,
Num trevesse num repente
Numa trova maginá
O qui possa disvendá
Quanto mais o que se sente
Vai nasceno do meu peito
Cumo fosse um passarim,
Véve sorto dento em mim,
E pércura de seu jeito
Tê no amô agora o nim,
Mais jamais tá sastisfeito.

5


Meus versejo faiz do soim
O qui tanto desejei,
Quano amô virasse lei
Num momento mais medoim,
O que qué que se compoim
Fala do camim qui sei
Quano narma merguiei
Breganhei o qui propoim
Dos querê uma querença
Que fazeno a difença
Num si cansa di sonhá
Tanto tempo pércurano
Quem pudéra noutro prano
Vi comigo aqui ô lá.

6


Nada mais que essa sodade
Martratano quem se feiz
Coração qui duma veiz
Percurano a liberdade
Qui num vê mais de verdade,
Passa dia, passa meis
Das lembrança num disfeiz
Nem sequé nem a metade.
Véve a viva sem sabê
Pruqui foi qui vassuncê
Me dexô na solidão.
Sem tê jeito nem potença
Num há mais quem me convença
Que inda tenho coração.

7

Sodade martrata a gente
E num dexa mais saida,
Vo levano a minha vida
Desse jeito, penitente,
Só quiséra tá contente
E sabê sem dispidida
Da palavra mais quirida
Desse amô que esta arma sente
Um minero quano qué
Um chamego da muié
Faiz quarquer doidera, pois
Num midino consequença
A vontade é mais imensa
Poco importa se há dispois.

8


Lévo a vida desse jeito
Sem pensá, sem tê temô
Nos camim do santo amô
Toda noite im paiz eu deito,
O qui vem de Deus aceito,
Seja lá cunforme fô
Nos pérfume dessa frô
As batida du meu peito.
Já num posso assussegá
Seja aqui seja acolá
Nus riacho da sodade
Acelera o coração,
Pois se amô é troço bão
Traiz pro ói a craridade.

9

Nus momento adonde passo
Tão distante do meu bem,
Quano esta vontade vem
Ocupano seu ispaço,
Me esqueço do cansaço
Coração cabeno um trem
Quero tanto e mais ninguém
Na verdade eu tento e casso.
Nas passada dessa frô
Vicejano o grande amô
Nada poda esse querê;
Minha vida toma prumo,
I dipressa vô i rumo
Diretim pra vassuncê.

10


Numa lua sertaneja
A vontade de cantá
Coração tanto deseja
A morena aqui o lá
Sem sabê cunforme seja
O qui possa me arribá
Se meu peito já lateja
Cum vontade de casá,
Nossas coisa, nossa vida,
Num mais veno outra saída
Num me resta solução
Já te dei minha palavra
Quando amô a gente lavra
Sarva toda a prantação.

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