quarta-feira, 18 de maio de 2011

1

Não me importa saber do quanto veio
Nem tampouco da rara divisão
A verdade tecendo em tal senão
O caminho do qual me devaneio,
O momento seria em tom alheio
A saudade expressando a dimensão
Do meu verso moldando desde então
O que possa e deveras incendeio.
Não queria pensar no meu passado
Nem tampouco desenho o que ora brado
Num cenário sem rumo e tão atroz
Que pudera gerar outra esperança
O meu verso se mostra e não alcança
Nem sequer o que possa vivo em nós.

2

O que possa viver em plenitude
Nas imagens dos sonhos mais profanos
Outros ritos deveras mais humanos
Ou quem sabe no fim tudo transmude,
A verdade de fato não ilude
O meu mundo ao passar dos tantos anos,
A saudade deixando velhos planos
Desengano se mostra em magnitude.
Onde um dia pudera ser diverso
Do caminho mordaz que agora verso,
Transformando o meu mundo no vazio,
Encontrando pedaços da esperança
Na certeza o que tanto a vida avança
Não permite sequer o quanto eu crio.

3

Nos amores de tanto falso brilho
Perolada expressão de solidão,
O momento se mostra mesmo vão
E deveras no espaço nu eu trilho,
Vagamente pudesse este andarilho
Noutro tempo moldar a dimensão
Recebendo da sorte a imprevisão
Do cenário onde tento e me polvilho,
Galgaria quem sabe novo espaço
E pudesse tramar o quanto traço
Sem ter medo sequer de teu veneno,
Mas a vida não traz sortes e risos
Acumulo somente prejuízos
O meu mundo jamais se fez sereno.

4

Sem saber da verdade que nos rege
Ou transforma esta luta em decadência
O meu tempo se molda em vã ciência
E a palavra sem nexo já se elege.
O meu verso podendo ser herege
Não teria afinal tal ascendência
O que pude sentir mata inocência
De quem busca a esperança e em dor lateje,
O meu mundo não cabe dentro em mim,
O final se aproxima e sendo assim
A saudade relata cada engodo
Desta vida sem nexo, ora insensata
O que possa traçar e se arrebata
Joga o sonho por certo em podre lodo.

5

Não me cabe falar do que não veio
E sequer poderia mesmo vir
O caminho se mostra em tom alheio
Impedindo saber o que sentir
Baixa o pano e demonstra em vão recreio
O momento diverso a perseguir
O que possa tramar já não anseio
Na incerteza do quanto irei ouvir.
Decidindo meu passo no futuro
O cenário que trace onde perduro
Reunisse esperanças mais diversas
E tentasse sentir completamente
O tormento que mesmo se apresente
Quando além dos caminhos rudes, versas.

6

Respeitando o que possa mesmo ou não
A verdade não dita novo passo,
E vivendo sem ter o quanto traço
Esperando quem sabe esta expressão
Vagamente o que possa desde então
Traduzindo somente o meu cansaço,
Noutro rumo modera o que inda faço
E presume afinal tal direção,
Já não quero saber do quanto veio
Nem tampouco que venha novamente
O cenário deveras se desmente
E prossigo num tom calado, alheio
Vivendo do que possa em plenitude
Quando amor sem verdades desilude.

7


Quando pude perceber
O final da velha peça
Onde o sonho em vão tropeça
Procurando algum prazer
Revigora todo o ser
Sem ter nada que me impeça
De viver o que interessa
A quem tudo possa crer.
Já não cabe tal momento
E se tanto agora invento
Qualquer dom pudesse em nós
Transferir este final
Tão comum, mesmo banal.


8

Já coubera desvendar
O meu mundo quando o fato
Que deveras mal constato
Toma todo este lugar,
O que pude desvendar
Meu momento ora retrato
No vazio que resgato
Ou quem sabe noutro mar,
A verdade se mostrando
E meu tempo fora brando,
Mas diverso do que insiste
Em tramóias e mentiras
Que decerto tu prefiras
Mesmo a vida sendo triste.

9


Já não vejo solução
Nem pudera num instante
O que a vida não garante
Nem traduz em dimensão
Mais diversa desde então
O que possa e me adiante
Transformando doravante
A incerteza de um senão
No tormento mais comum,
Se deveras sou nenhum
Nada tenho a demonstrar
O que possa noutro rumo
Na verdade não consumo
O que tente imaginar.

10

Já não vejo sequer cais
E tentasse além do sonho
A verdade que ora exponho
Dita velhos temporais
Os meus dias desiguais
Num anseio mais bisonho
E se possa e já me enfronho
Procurando ou nunca mais,
A loucura, a insanidade
O meu mundo se degrade
Numa velha turbulência
Cabe na alma este vazio,
Onde possa e desafio
Meu amor, velha ciência...

11

Num delírio que permita
O que tanto desejara
Noutro tempo, vida amara
Sorte atroz, audaz e aflita
Sem saber sequer reflita
Ou desenha e desprepara
O que nunca se notara
E de fato não se evita.
Revelando cada instante
O que possa e não garante
Sequer sombra de esperança
O meu mundo não traduz
Nem sequer presume a luz
Que decerto o nada alcança.

12


Já não pude ter em mente
O que tanto desejara
A esperança sendo cara
Traça o sonho plenamente.
Mas deveras se desmente
E no todo não se ampara
Falsamente ora escancara
Torna a sorte uma demente,
O vazio se mostrasse
Onde quer que num impasse
Verso veja o que não veio
Sigo o rumo e sei do quanto
Na verdade desencanto
E produzo o meu anseio.

13


Resumindo cada fato
No que tanto desejasse
O meu mundo em desenlace
Que deveras já constato,
Nada pude e neste ingrato
Caminhar o que se trace
Desenhando o que embarace
O meu passo em vão retrato.
Já não guardo do passado
Nem sequer menor lembrança
O meu tempo desvendado
E deveras quando avança
Sigo a vida lado a lado
Gero além a confiança;

14

Mal me cabe o que viria
Noutro tom deveras rude
A palavra que me ilude
Outro tom em agonia
Versejando dia a dia
O meu mundo em atitude
Revelando o quanto mude
E de fato moldaria
Quando a luz audaz incide
No momento onde decide
O final que nunca veio,
Expressando uma quimera
Que talvez na mesma esfera
Traz o quanto em vão rodeio.

15


Transcrevendo o fogaréu
Que minha alma coletasse
Noutro rumo, mesmo impasse
Novamente sou o réu
E o caminho atroz, cruel
Que esperança nunca trace
Na verdade que gerasse
Ilusão em claro véu
Azulejos do passado
Onde tanto desvendado
Meu momento sendo rude
Trama o quanto poderia
Noutro tom, velha utopia
Tanto amor de fato ilude.

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