segunda-feira, 23 de maio de 2011

1
Não quero mais valentia
Numa vida sem juízo
O caminho ora impreciso
Noutro tempo se veria
O que possa e não teria
A certeza de um conciso
Desenhar sem prejuízo
Novo tempo moldaria,
A beleza de uma sorte
Que de fato nos conforte
E nos traga a plena paz,
O que pude noutro instante
Sem surpresa não garante
O meu verso mais audaz.


2

Nem tampouco tempestade
Traz o quanto desenhasse
Noutro tempo o mesmo impasse
A certeza se degrade
O momento em liberdade
Esperança muda a face
E se tanto amor se trace
Busco ainda a claridade,
Navegante sem destino
O que possa e me alucino
Trama noites mais serenas,
Porém vendo o quanto tenho
O meu mundo em vão desenho
Sem ter nada me envenenas.

3

No tanto que me coubera
Desta vida sem ter paz
A palavra mais sincera
Na verdade não me traz
O que possa em noite austera
Ou deveras mais tenaz
O que vejo destempera
A mortalha onde se faz.
Enveredo tais caminhos
E se possa em tão mesquinhos
Rudes termos da ilusão
Presumindo tais espinhos
Em tormentos mais daninhos
Mesmos erros se verão.


4

Só cabe nossa incerteza
Onde tanto desejei
Outro fato em realeza
Ou mudasse a velha lei
Que gerasse em correnteza
O que tanto procurei
A minha alma segue presa
Do caminho em que vaguei.
Nada vendo e mesmo assim
O que fazes diz de mim
Que não tive melhor sorte
Do caminho mais audaz
A verdade que se faz
Não traz nada que conforte.

5

Meu amigo já te conto
O que possa a nossa vida
Noutro tempo, sigo pronto
Esperando a despedida,
E se possa ponto a ponto
Desejasse a mais temida
Sorte quando desaponto
E moldasse em mim a ermida
Vagamente quero a luta
E decerto nada escuta
A não ser o quanto veio,
Do meu mundo em tal fastio
O que possa e desafio
Traduzindo este receio.

6

De tudo o que já vivi
Numa vida sem sentido
O momento em frenesi
Atiçasse esta libido
O que possa e nunca ouvi
O tormento dividido
O meu mundo lá e aqui
Traz o quanto não lapido
Deste sonho mais audaz
E a versão mais acanhada
Do que possa e satisfaz
Mergulhando nesta estrada
Encontrando o mundo em paz
Mesmo quando não há nada.

7

Sofrimento foi a paga
Desta vida em vão tormento
Quando sigo noutra plaga
Procurando estar atento
Ao que o coração divaga
E meu verso eu alimento
Na esperança que se traga
Noutro caos, pressentimento.
Erros tantos vez em quando
E meu mundo se anuncia
Onde houvera transmudando
Tal cenário, a fantasia
Procurando um sonho brando
Na verdade nada havia.

8



De todo amor que possa
Traduzir o quanto resta
Da palavra que foi nossa
Hoje soa mais funesta
O meu tempo já se endossa
No que possa e sei da fresta
Onde aberta a velha fossa
Dita o quanto não se presta
Gestos tantos, medo atroz
E sementes desperdiço
O que tente logo após
Noutro engodo não cobiço
Desenhando sempre em nós
Um cenário mais mortiço.

9

Companheiro não me esqueço
Do que possa ser a trama
Da verdade em adereço
Quando a sorte se reclama
Quando a vida tem seu preço
Outro tanto acende a chama
Deste amor quando enlouqueço
Revelando o velho drama.
Não seria de bom tom
O que tanto se quisera
A esperança tem tal dom
Mesmo sendo tão austera
Minha lua de neon
Refletindo a primavera.

10

Das palavras que dizia
Ou deveras cobiçasse
O que tanto em teimosia
Noutro tempo sonegasse
A verdade não viria
Demonstrar em ledo impasse
A versão feita agonia
Que meu passo nada trace.
Vejo o quanto resta na alma
E produzo a sensação
Do que tanto ora me acalma
Ou propaga esta versão
Vai mantendo vivo o trauma
E moldando o dia em vão.

11


Esse amor eu não tivesse
Sendo a sorte de tal forma
Que a loucura quando tece
A verdade se deforma
E vagando em leda messe
O que possa se deforma
E o caminho trama em prece
A expressão que não reforma.
Vejo apenas o que um dia
Poderia ser diverso
O meu canto em harmonia
Ou de fato um fútil verso
O que possa e não teria
Ronda além noutro universo.


12

Mas custando a acreditar
No que possa desde agora
A vontade a se mostrar
Quando a vida além se aflora
Tento em noites o luar
E se possa sem demora
O que tanto a divagar
Já percebo, foi embora.
O meu tempo se revela
Na expressão dura e venal
Percebendo a velha cela
Outro instante desigual
A palavra sempre vela
Um momento em ritual.


13

Moço pobre, moça rica,
Onde tudo começara
A verdade não se explica
Numa sorte bem mais rara,
A palavra se complica
E transgride o quanto ampara
O cenário quando implica
No vagar desta seara,
No momento mais bravio
O que possa se silente
O que agora desafio
Noutro instante mais demente
Traduzindo o desvario
Que deveras se apresente.

14

Quando a coisa se danasse
Numa história bem diversa
Da que tanto em ledo enlace
Poderia e desconversa
A palavra se mostrasse
Muitas vezes mais perversa
E se tenho em nova face
A expressão que em nada versa.
O meu tempo se anuncia
No final da brincadeira
A palavra fantasia
A esperança derradeira
E meu tempo em agonia
Trama a sorte costumeira.


15


O dinheiro tem valor,
Mas não posso acreditar
Que talvez um grande amor
Tenha tanto a nos cobrar
A palavra trama a cor
Do que possa este lugar
O cenário redentor
Não pudera desenhar
Vendo enfim o quanto valho
Meu caminho mesmo falho
Expressando este vazio
Que se faz em abandono
E gerando o que me abono
Vejo o dia mais sombrio.

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