sexta-feira, 20 de maio de 2011

1


Nas águas tão profundas, num abismo,
Em abissal caminho me encontrando
O tempo noutro tempo mais infando
Enquanto no vazio ainda cismo
E mesmo quando houvesse o cataclismo
O mundo novamente se moldando
Num ávido lutar se desenhando
Matando cada anseio noutro sismo.
Vencendo o quanto pude imaginar
E tendo apenas isso a me tocar
A luta se desvenda em rude fim,
Soubera da promessa não cumprida
De ter além da morte nova vida,
Marcando o quanto possa haver em mim.



2

Em busca da possível aliança
Que a vida não pudera renegar
O tempo se moldando enquanto avança
Gerando o quanto tente desejar
Não vendo solução a se mostrar
Movendo cada farsa na lembrança
O mundo se traçando a divagar
Enquanto o dia a dia sempre cansa.
Não tenho qualquer tom de ansiedade
E bebo com certeza esta saudade
Em goles bem mais fartos, fantasia...
O quanto não se faz em ledo sonho
Apenas ao final eu me proponho
Tramando o quanto pude e não teria.

3


Que venha sem trazer qualquer mentira
A senda mais audaz que imaginasse
O tempo se transforma em nova face
E o todo noutro passo se retira
O quanto da verdade ora interfira
Marcando o dia a dia neste impasse
Vencendo o quanto possa e se mostrasse
Enquanto o próprio tempo avança e gira;
Não quero ter nas mãos a farsa e a queda
Aonde se pagando em tal moeda
A luta desengana quem tentara
Vestir a fantasia e não viesse
Singrando sem saber qualquer benesse
Da glória tão distante quanto rara.


4

A vida faz promessas não cumpridas
E traz esta ilusão que ora alimento
Ardor em sensações, o sentimento
Expressa tantas fontes desprovidas
E sei que mesmo quando tu duvidas
O tanto que se molda alheamento,
Pousando noutro fato desatento
Cevando aonde visse tais feridas,
Negando melhor sorte a quem tentara
Sentir a mansidão que já não veio,
O passo se moldando em tal receio
A rede de emoções me desampara
E sinto se esvaindo o sonho em mim
E toda esta incerteza traz meu fim.


5

O meu canto em liberdade
O meu sonho mais audaz
O que possa da saudade
Na verdade o tempo traz
E se molda em claridade
O que quero ter em paz
Ao saber felicidade
Da esperança sou capaz.
Mas não tendo outro caminho
Sigo só e nada vem,
Outro tempo mais mesquinho
Mostra a sorte com desdém
E se possa a cada espinho
O vazio me convém.


6


Vai buscando a cada passo
O que tanto poderia
Na verdade o que ora faço
Dita apenas fantasia
E se o mundo não mais traço
No que possa em alegria
A vereda em sonho lasso
Outro tom se moldaria,
Vejo apenas o que possa
Traduzir cada cenário
Do que fosse imaginário
À certeza que foi nossa
O tormento anunciado
Trama a fúria do legado.


7

Que distante, eu reconheço
Já não posso nem falar
Do que vendo em tal tropeço
Torna a vida a se moldar,
Onde pude em adereço
Num estranho caminhar
O momento enquanto esqueço
Do que atente ao me entregar,
Verso sobre o que divirjo
E se possa e não convirjo
Para a mesma direção,
Onde o tempo anunciasse
Turbilhão em desenlace
Noutra sorte, outro senão.

8


Misturando a fantasia
Que decerto tanto pude
Transformar e não teria
Mais a doce plenitude
De quem teima em poesia
Mesmo em tempo bem mais rude
Ou versando a cada dia,
No final se desilude.
Vejo o todo e me alimento
O momento mais sutil
Quando a sorte se previu
Solto e livre pensamento
Trama o corte em desvario
E meu mundo desafio.



9


Com pitadas de emoção
Onde o nada se moldara
A verdade diz do não
E transforma esta seara
A palavra em divisão
A incerteza bem mais clara
Novos sonhos se farão
Quando a vida desampara.
Esperasse pelo menos
Os anseios mais serenos
Depois desta iniqüidade
O meu tempo que destróis
Procurando vãos faróis
E incerteza agora invade.

10


Na ilusão desta promessa
Que jamais se possa ver
O que tanto recomeça
Noutro rumo a se perder,
O meu passo ora tropeça
Nos anseios do querer
E a verdade prega a peça
Só gerando o desprazer.
Numa sórdida presença
O que pude há tanto e nada
Outra noite se convença
Da incerteza desta estrada
Quando há lua a recompensa
Tantas vezes desejada.

11

Não deixando mais tropeço
Nem sequer o quanto aborta
Outro enredo desconheço
E mantendo aberta a porta
Sei da vida em adereço
O que tanto agora importa
Traz a sorte em recomeço
Ou desenha a antiga, morta.
Vejo o mundo como fosse
Este cenário já perdido
O momento presumido
Muitas vezes quero-o doce,
Mas sei bem do desvario
Que deveras desafio.


12

Tantas coisas que passei
Erros fartos, simplesmente
O que possa e se apresente
Dita o quanto eu esperei
Na verdade a dura lei
Que decerto impertinente
Traz o todo que se atente
E a vereda onde entranhei.
Nada mais pudesse crer
Nem sequer no que viria
Ouso até mesmo em poder
Desenhar o que teria
Nas entranhas do prazer
Ou quem sabe em novo dia.

13

Tanta lágrima rolando
Deste olhar agora ausente
O que possa ser mais brando
No final não se apresente
O que vejo desabando
O momento que se sente
O tormento me inundando
Noutro verso, previdente
O meu caso não diz nada
Nem do quanto visse em paz
A verdade sonegada
O caminho se desfaz
E ao chegar nova alvorada
O segredo nada traz.

14

Mas agora eu me percebo
Entre as pedras do caminho
E se possa o que concebo
Na verdade sou daninho
Esperança; eu já não bebo
E tampouco ali me alinho,
O meu sonho, este placebo
Sem sequer saber do ninho.
Enveredo no passado
E se tento ser diverso
O que mostra tanto enfado
Desenhasse o mais disperso
Delirar onde me evado
E decerto eu desconverso.


15

Num caminho mais sereno
Poderia imaginar
Outro tempo onde condeno
Outro sonho a me marcar
A verdade em tom ameno
A vontade de chegar
E sabendo do veneno
Nada possa em tal lugar,
A vereda que se forma
A palavra sonegasse
E deveras se deforma
O que tento em nova face
Outro tanto sem a norma
Que pudesse e não se trace.

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