quarta-feira, 25 de maio de 2011

1

Refaz a nossa vida
Esperança sutil
Que tanto ora se viu
Sem mesmo a despedida
A luta presumida
O passo mais gentil
O verso que seguiu
A senda ora perdida,
Vestígios do passado
O tempo segue em paz
O quanto agora brado
O verso mais capaz
Do canto desolado
E nisto o sonho audaz.

2

A queda ou mesmo o medo,
Tramando a solidão
De quem tentando em vão
O quanto não concedo
Ao mundo sem segredo
Na farsa desde então
A sorte em dimensão
Diversa deste enredo.
Já nada caberia
Jazida de esperança
O quanto a vida cansa
Em torpe fantasia
Ao fim ora se lança
E nada mais veria.


3

E quando assim pudera
Além do que me cabe
O todo que desabe
A sensação sincera
Da vida em leda fera
Ou mesmo quando acabe
O quanto que não gabe
Trazendo a longa espera,
Vacância se adivinha
Na sorte que foi minha
E nada mais se trame
Na vida sem sentido
No tempo consumido
No engodo de um ditame.

4


No quanto não permita
A sorte de tal forma
Que tudo se transforma
Na senda mais maldita,
Pudesse e não repita
O que jamais informa
O passo se deforma
Tramando esta desdita.
A vida que se esgota
Perdendo cada cota
Do quanto fora além,
O prazo determina
A lenta e vaga sina
No duro e atroz desdém.

5

Ou mesmo agora aceito
Ou não pudesse crer,
Na vida deste jeito
Na ausência do querer
Vivendo o quanto em pleito
Pudesse conceber
O mundo adentra o peito,
O nada eu posso ver.
E sendo sempre assim,
O início trama o engano,
Aonde sei que vim
A sorte em novo plano
O tempo segue em mim
Tramando o rude plano.


6


O risco, o tempo atroz,
A sorte que não veio
O tempo mais feroz
O quanto em vão anseio
Seguindo até a foz
O pensamento alheio
Ao tanto quanto após
Pudesse em devaneio.
Vagando sem sentido
Sem norte em dimensão
Diversa, ora duvido
Dos sonhos que verão
Enquanto dilapido
O tempo sem razão.

7


Não tendo outro momento
Apenas poderia
Ousar enquanto tento
Vencer esta agonia
O dia que lamento
A noite amarga e fria
O verso em provimento
Ao quanto mais queria.
O tempo ora desfaz
O que deixara em luz
E nada desta paz
Ao sonho me conduz,
Deixando para trás
O que já não reluz.

8

Não vejo mais a sorte
Que tanto imaginara
E sei que me conforte
Nesta dura seara.
O medo não comporte
A vida não prepara
A luta segue forte
E gera nova escara,
Matando mansamente
O quanto ainda havia
Tomando o que se sente
Na dura alegoria
Meu verso se ressente
Na espúria poesia.

9


Tristeza diz do medo
Que tanto me entranhasse
Ousando não mais cedo
E nem mostrasse a face
Que possa no degredo
Ou mesmo num impasse,
Vagando não concedo
O sonho que se trace.
Resumo todo verso
No tanto que não veio
Seguindo sempre imerso
O tempo diz receio
E sei que me disperso
Num tom diverso, alheio.

10

E quando não se traga
A vida em liberdade
A sorte noutra plaga
O tempo se degrade,
A morte em justa paga
Ousando em claridade
Vencendo cada vaga
Da imensa tempestade.
No fim me acostumando
Ao que jamais tivera
Nem mesmo como e quando
A solidão austera
O mundo desabando
Aos poucos nada gera.

11

O tempo traz no sonho
A marca de outras sendas
E sei do que proponho
E mesmo além desvendas
O tanto mais risonho
Momento onde te estendas
Vagando onde proponho
A sorte em simples tendas.
Não pude com certeza
Vencer o dia a dia
E pondo sobre a mesa
O pouco que cabia
Mergulho em correnteza
E tento a fantasia…

12

O vasto caminhar
Durante a noite escura
Já não tendo lugar
Um porto em paz procura
E sei do imaginar
Além desta loucura
Pudesse desenhar
A sorte mais segura,
O verso não segreda
O quanto pude outrora
Preparo para a queda
Que tanto já se aflora
E a morte se envereda
Tomando sem demora.

13

Agora sem saber
O quanto poderia
A vida sem prazer
O tempo em agonia
Vivendo em teu poder
A sorte não veria
O quanto posso crer,
Decerto ainda havia.
Meu tempo se transforma
E bebo cada gota
A luta em cada forma
Tramando a bancarrota
A senda se deforma
Agora a vejo rota.


14


O fim já reproduz
Imagem de outras eras
Aonde degeneras
Ou negas; plena luz
O tempo traz a cruz
E tanto quanto esperas
Marcantes primaveras
O sonho não seduz,
Vencido pelo ocaso
Traçando cada engano
O mundo dita o prazo
E enfim sempre me dano,
Gerando o velho atraso,
Matando um vento insano.

15


No jamais que inda tivesse
A palavra mais sutil
O cenário que se viu
Não traria esta benesse,
O que possa e já me apresse
O tormento atroz e vil
Ou o vento mais gentil
No que a sorte se obedece.
Cada farsa representa
Nascedouro de outra farsa
A palavra desatenta
Outro tempo não disfarça
Muito embora o que se tenta
Traz a vida sempre esparsa.

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