quinta-feira, 5 de maio de 2011

Referências de uma vida
Que pudera no passado
Ter um sonho sempre ao lado,
Mas que segue já perdida,
Tendo a sorte resumida
O meu verso desolado
Quando a solidão invado
Trago na alma mesma ermida.
Procurando alguma senda
Onde o todo se desvenda
Sem contenda, mansamente,
O que possa noutro instante
Transformar não se garante
E deveras sempre mente.

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Já não pude acreditar
Nos meus próprios devaneios
E buscando novos meios
Procurando me encontrar
Sem saber qual o lugar
Entre tantos tons alheios,
Vou tentando sem receios
Nos teus braços aportar.
Novamente me percebes
Caminhando em velhas sebes
Noutra sanha tão igual.
o momento se aproxima
Vivo e busca na auto-estima
Ser da Terra Sol e sal.

3

Nada mais eu tentaria
Se não fosse a solidão
Que deveras na agonia
Trama a velha negação
E o caminho sendo vão
Outro tanto não teria,
Disparando o coração
Tanta guerra ou alegria.
Versejando sobre o nada
Nesta estrada sem paragem
Esperança na bagagem
Outro tempo, nova estada
Perfazendo esta viagem
Onde a sorte enfim se evada.


4


Eu já não pudera tentar nova sorte
Nem sequer soubera deste tempo em paz
O que a vida trama na verdade traz
O caminho rude que talvez conforte.
Desejando tanto quem traduz suporte
O meu passo segue num momento audaz,
A verdade traça vida além, mordaz.
Sigo sem paragem esperando o corte.
O que ora desejo reprimindo a dor
Talvez já não seja sequer a mentira
Que tanto procuro mesmo recompor
E cada vereda deveras retira
O quanto pudesse traçar sem rancor
Enquanto quem ama somente delira.

5


Nas histórias que trago do passado
Procurando um momento acolhedor
Meu caminho se enfeita, rara cor
E promete outro tanto entrelaçado.
Resumindo meu verso sigo alado
Desejando o cenário aonde eu for
E se possa viver o pleno amor
Meu momento se mostra iluminado.
Já não tenho sequer a previsão
Do que possa traze a liberdade,
O meu passo seguindo desde então
Desenhando no fim a novidade,
Do nascer pós outono de um verão
Que me traga esperança e claridade.

6


Já não quero falar da esperança
Que deveras pudesse sentir
O que tanto teimasse em porvir
No final sempre volta e me cansa
Outro tempo moldar confiança
Na vingança que sempre há de vir
Demonstrando o que possa impedir
Meu caminho sem crer na mudança;
Da verdade jamais me perdesse
O caminho que a vida tecesse
Na certeza do tempo venal
O meu mundo presume este engodo
Transformando meu pouco no todo
Já não vejo sequer um sinal.

7

O tempo de viver já não consigo
Ousar numa esperança que não vem
Palavra simplesmente diz de alguém
Que tanto fosse noutro desabrigo,
O verso se produz e em tal perigo
O corte se anuncia e já contém
O tempo sem ter tempo diz ninguém
E o vento noutro tom, fero castigo,
O preço a se pagar a vida inteira
Ainda quanto mais amor se queira
Quebrantos de minha alma solitária
A sorte sem caminho nem chegada
A vida traduzindo o mesmo nada
Palavra sem sentido ou temerária.

8


Bebendo cada sonho como tento
Vencer os meus anseios de um passado
Que trago sempre vivo e lado a lado
Traduz tão comumente sofrimento
E possa na verdade quando invento
O verso noutro tom e embolorado,
Aonde imaginasse belo prado
Esparso caminheiro segue ao vento.
Já não se resistindo ao que viria,
Mudando o velho encanto, poesia
Num canto bem diverso e sem limites,
No quanto necessito de tal sorte
Meu mundo na verdade não comporte
O todo que deveras acredites.

9


Não quero acreditar noutro momento
Disperso caminhar em noite vaga
A luta se desenha em cada plaga
E gera simplesmente tal tormento.
O verso que deveras busco e tento
Uma alma sem sentido já divaga
E bebo a solidão que ora me alaga
Ousando num cenário mais atento.
Resumos de momentos mais atrozes
Ouvindo do passado velhas vozes
Sentindo a tempestade no meu rosto,
O corte se aprofunda pouco a pouco
E quando me percebo e me treslouco
O tempo em solidão prossegue exposto.

10

Não quero esta verdade que não cabe
Nas tramas tão comuns, as derradeiras
E mesmo quando desço em corredeiras
Espero cada sonho que desabe,
A vida se realça e não mais sabe
Do quanto na verdade sempre queiras
Ousando imaginar velhas ladeiras
Sem mesmo esta esperança que se gabe.
Realces dentre noites consteladas
Palavras invadindo madrugadas
E sortes mais diversas, dia a dia.
O quanto se produz e nada veio,
Apenas vivo a sorte em tal receio,
Enquanto a minha morte nada adia.

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Sabendo que a vida pudesse trazer
Momentos difíceis ausência diversa
O quanto caminho tramando o querer
A vida deveras já nem desconversa,
Sangrando insensata vontade de ver
O que poesia somente dispersa
Gerando a saudade que tanto faz crer
No rumo distante por onde ela versa
Vagando sem rumo mergulho no nada
E tento outro sonho somente um momento
Marcando meu canto e quando eu invento
A sorte se molda por certo cansada
De tanta promessa sempre renegada
Vivendo o que possa sem qualquer tormento.

12


Não quero nem pudera mais sonhar
Com ares tão diversos do que sinto,
Entranha o coração em labirinto
E nada do que possa procurar
Na guerra mais constante a se mostrar
O velho caminheiro, num instinto
Resume este cenário e sinto extinto
O brilho que pudesse algum luar.
Meu mundo não teria nova chance
E mesmo quando o todo agora alcance
O rumo se anuncia mansamente
Vencer os meus anseios e temores
E ter nesta manhã por onde fores
O quanto se anuncia e se desmente.


13

Não quero mais falar da liberdade
Que tento e não consigo, dia a dia,
A sorte sem sentido não se via
Enquanto a minha luta se degrade,
Ousando acreditar no que me invade
E sigo tão somente a fantasia
Vestindo o que se possa em alegria
Apenas desejando a claridade.
Não tendo novo dia nem momento
O quanto do passado agora invento
E trago minha voz emoldurada
Na sorte sem sentido e sem razão
Vivendo por viver sem dimensão
Da imensidão sem par da velha estrada.

14


Jamais acreditara em novo intento
Ou mesmo no sinal que se percebe
A luta desenhada nesta sebe
Espalha o meu cantar em raro vento
Pudesse na verdade, mais atento
Enquanto a poesia nos recebe
E vivo o que esperança ora concebe
E um novo caminhar em paz; eu tento;
Resumos de outras eras ou cenários
Os dias sempre sendo temerários
Os erros se acumulam vida afora,
A própria realidade nos maltrata
E sei da sensação medonha e ingrata
Que tanto quanto anseio nos devora.

15


No meu verso se tentara
Novo tempo, velho sonho,
O que tanto recomponho
Traz a vida mais amara,
O que a sorte se prepara
Outro risco ora enfadonho,
O meu passo sempre ponho
No vagar desta seara.
Nada mais se poderia
Nem sequer a fantasia
Que domina meu caminho,
Vejo o fim de cada verso
E se possa, desconverso,
Sendo o mundo mais daninho.

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