quinta-feira, 30 de junho de 2011

61

Anseios traduzissem o meu mundo
Diverso do que tanto acreditara
Sabendo da sangria, se prepara,
E bebe do que busco e me aprofundo,
Não tento acreditar nem um segundo
Nas sortes mais diversas da seara
Que agora noutro tom já me escancara
E trama este não ser onde me inundo.
À deriva seguindo meu caminho
Sem nada que transcorra com carinho,
Apenas sordidez e nada mais,
O ventre da esperança nada gere
O sonho na verdade se interfere
Expressa tão somente outro jamais.


62

Quisera acrescentar mais uma frase
Ao tanto que se fez ilusionário,
O verso segue noutro itinerário
E o tempo sem sentido sempre atrase,
E nada do que possa mais defase
Senão esta impressão que o solitário
Traduz tentando um toque solidário
De quem a cada instante nada embase.
O vento em mais diversa direção
O norte se perdera desde então
Marcando com terror e sofrimento
O prazo se extinguira, mas no fundo,
O temporal no qual agora inundo
Reflete o que deveras sempre tento.

63

Esperaria apenas o que versa
Nas tramas mais audazes e ferinas,
Enquanto noutro tom tu te alucinas
A vida encerrando esta conversa,
A luta mesmo quando mais dispersa,
Ao menos sem sentido me azucrinas
E bebo destas fontes cristalinas
Aonde o meu caminho desconversa,
Arcando com enganos do passado,
O tempo se mostrara embolorado
E o vento noutro rumo me levasse
A senda que procuro não existe,
E sei do coração deveras triste,
E nele a solução traduz o impasse.

64

No amor que me entregara sem defesas
Na luta quando o tempo se redime
E o medo quantas vezes dita o crime
E destas ilusões somente presas,
As tramas são decerto nas torpezas
Apenas o que tanto o sonho exprime
Deixando no passado o tom sublime
E segue com vigor tais correntezas,
As sofridas manhãs, os dias rudes,
E tanto sem sentido desiludes
Quem possa acreditar noutro momento,
Assim que meu cenário se desfaça
As barricadas vejo em plena praça
E o tempo mais feliz, ainda invento.


65

Olhando de soslaio vejo a queda
Do todo que se fez além do medo,
E sinto quantas vezes me concedo
Vivendo sem saber o quanto enreda
A vida noutro tom e nada seda
O velho coração já sem segredo,
Matando em desalento e em passo ledo,
A crença do que possa e se depreda.
Acolho os meus enganos, são fatais,
E neles- outros tantos – demonstrais,
Reflexos de uma vida sem proveito,
E quando me anuncias o final,
A morte se transcorre, é natural,
E sinto que afinal, tal sorte, aceito.

66

Repare cada instante e veja bem
O quanto poderia ser miragem
E beba do que possa nesta aragem
Além do quanto tenha e nos convém,
O mundo se entranhando perde o trem,
Deixando no caminho esta bagagem,
E o medo se transforma em tal viagem,
Cabendo tão somente o que não vem,
Alentos? Na verdade são mentiras,
E disto com certeza tu retiras
As tramas mais ferinas e vulgares,
Ainda que deveras mal notares
O fim se expressaria de tal forma
Que mesmo a solidão não se conforma.

67

Tramasse contra tudo e contra todos,
Vencendo ou mesmo até sem ter sucesso,
Ainda quando possa e te confesso,
Os dias entranhassem tantos lodos,

Os sonhos com ternura e com denodos,
O peso de um momento onde o progresso
Traçasse o que pudera e não expresso
Além dos meus diversos vãos engodos.

Acolho cada farsa como fosse
A solução de um tempo que agridoce
Expressa a realidade mais aguda,

E após tempestuosa noite em vão,
O tempo não traria esta emoção
Nem mesmo uma verdade que me acuda.

68

Usando da palavra como uma arma
Não tenho a dimensão do que isto traz
Somente a mesma angústia quando audaz
Expressaria além do velho carma,

O peso de uma vida nos desarma,
O conto noutro instante tanto faz,
E sei do que pudera ser tenaz
E nisto nada mais enfim me alarma,

Senão a sensação do que viria
Após a mais diversa rebeldia
Do velho coração vivo em motim,

Servindo com ternura o que pudesse
Traçando muito além da mera prece
O amor que inda acalento dentro em mim.


69

Arcando com meus dias mais suaves
E neles outros tantos mergulhasse
Meu canto que vencendo algum impasse
Trouxesse a liberdade em raras aves,
Vivenciando o todo sem entraves,
A luta não pudesse e não tentasse
Apenas o que veja e que se trace
Restando a liberdade em raras naves.
Ousasse acreditar nalgum futuro
E mesmo quando enfim eu me asseguro
Do todo que trouxeste em remissão,
Meus dias nos teus dias se aprofundam
Os olhos lagrimando ora se inundam
Mostrando toda a força da emoção.

70

Invades com teus risos o caminho
De quem se fez deveras tão sozinho
Lutando contra a fúria das marés
E sei que verdade por quem és
Já não comportaria mais espinho
Tampouco este cenário tão daninho
Sabendo e acreditando sem galés
O mundo que inda vejo de viés,
Presumo outro cenário que imponente
Expresse o quanto a gente tente e sente
Vestindo esta emoção sem paralelo,
O quanto deste amor se fez mais belo,
Agora noutro passo se apresente,
Enquanto o meu anseio eu te revelo.

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