terça-feira, 28 de junho de 2011

71

Não quero a menor sombra do que fomos
Seguindo minha vida passo a passo,
O tanto quanto vivo e já desfaço
Expressa a solidão em vários tomos,

Os erros costumeiros, desenganos,
Os cantos sem sentido pelos cantos,
Apenas resumissem desencantos
E nisto dias rudes, desumanos.

Avesso ao que viera de tal forma,
Navego nos anseios da expressão
Tramando novos erros que virão
Enquanto a própria vida nos deforma.

O vento se produz além-litígio
E amor entre nós dois? Sequer vestígio...

72

Meu tempo de sonhar já se esgotara,
A farsa se apresenta sempre igual,
O todo se moldara atemporal,
E a luta desenhasse vã seara.

O corte se aprofunda e em tal escara
A morte se aproxima em ritual,
O quanto se moldara mais venal,
Vestindo o que deveras desprepara.

Se o sonho desandou e a vida fez
Do canto esta tamanha insensatez
Já nada mais coubera dentro em nós,

E vendo este momento em tal loucura
A sorte se desenha e configura
A farsa mais mordaz, audaz, feroz.


73

Já não comportaria qualquer chance
A vida que se fez incongruente
O amor quando demais e imprevidente
Ao nada com certeza já nos lance,

O tempo não se deixa num nuance
E quando qualquer sorte se apresente
Vestindo o que deveras não mais sente
A luta no final traz em dor avance.

O canto sem sentido e sem razão
Num estribilho mostre o quanto pude
Viver o que se tente em plenitude

Trazendo da esperança a dimensão,
Ocasionando a queda de quem sonha,
Na face mais atroz, dura e medonha.


74

Não quero que se faça deste sonho
Somente outro cavalo de batalha,
Enquanto a minha vida já se espalha
Num antro sem juízo e mais bisonho,

Apenas o que possa e não componho,
Expressaria o quanto a sorte é falha,
E o todo num momento se retalha
Deixando para trás onde me enfronho.

O prazo determina o fim de tudo,
Repare bem o quanto desiludo
E nada mais prometo ou mesmo queira,

A vida sem defesas se perdendo
Meu canto noutro tom ditame horrendo
Da sorte tão cruel, mas verdadeira.

75


Mergulho nos meus erros costumeiros
E bebo das palavras sutilmente,
Ainda quando possa e se apresente
A vida traz além destes canteiros,

Os dias entre rumos, derradeiros,
A sorte dominando cada mente,
O prazo noutro instante violente,
Marcando com terrores tão useiros.

Vasculho cada ponto até chegar
Ao nada que pudera desenhar
A farsa mais sutil que me atormenta,

A cada nova fase o mesmo rito,
E sei do quanto possa e necessito,
Vencendo a noite amarga e virulenta.

76

Acendo outro cigarro e sei da farsa
Que a vida preparara noutro instante
E sinto o quanto engano se garante
No caos que na verdade se disfarça,

Apenas o sorriso rude e falso
Espera quem se fez em manso alento
E quando me propunha em sentimento,
Vagando sobre o velho cadafalso,

E mesmo quando a sorte me socorra
Não quero acreditar no ser feliz,
A vida não pudera e nem mais quis,
Somente o que ora vejo em tal masmorra,

O prazo determina o fim de tudo
E sei que com certeza, desiludo.



78

Faltando poucos dias para o fim,
A sorte está lançada. Tanto faz...
O mundo se mostrara mais mordaz
E a morte talvez viva dentro em mim,

O canto se mostrara este estopim
Que acendo noutro toque onde voraz
A sorte deixa tudo para trás
Deixando este caminho sempre assim,


E bebo deste cálice profano
E quando na verdade já me engano,
Não possa suportar tamanho engodo,

E tanto me aprofundo enquanto clama
A vida desenhada em rude lama,
Expressa o quanto resta em limo e lodo.


79

Travasse contra a fúria das marés
A luta que não canso de buscar
Vagando sem sentido em pleno mar,
Vencendo com certeza quem tu és,

Resulto deste passo que em viés
Diverso do que pude procurar,
Expressaria apenas o lugar,
Adentra o velho barco em seu convés.

Não quero melhor sorte nem mereço,
O mundo não conhece outro tropeço
Daquele que se fez velho idiota.

O amor não tem juízo, disto eu sei,
Conheço cada palmo desta grei
E mesmo assim me perco nesta rota.

80

Tentasse acreditar no que não veio,
O prazo se enfrentando sem razão
Matando minha lida desde então
Ousando acreditar noutro receio,

E tanto quanto possa eu incendeio
A vida com tamanha precisão,
Na sórdida e diversa dimensão,
Resulto do que fosse; um devaneio...

O mundo desabando em minhas costas,
E sei do quanto ris e mesmo gostas
Da sorte que o destino me prepara,

A cada nova queda, nova chaga,
E nisto o teu sorriso ainda vaga
Tornando sem sentido esta seara.

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