quinta-feira, 30 de junho de 2011

Não posso e nem tentara acreditar
Nas mesmas inconstâncias que transformam
Os dias entre tantos e deformam
O quanto muitas vezes quis amar,

O vento se aproxima e ao me levar
Enquanto noutro tom dias informam
Dos tantos horizontes que se formam
Nas ânsias que eu pudesse desvendar,

Acasos entre quedas e feridas
Apenas revivendo tais penhascos,
A sorte não se vê nos meros frascos

Tampouco se encontrasse em avenidas,
Suor e sangue, lágrimas, mais nada,
E ao fim a mesma história degradada.


2

Ao menos poderia ter nas mãos
O sonho onde se doura uma esperança
Gerando o quanto a vida não alcança,
Porém semeio enfim meus vários grãos,
E tento após ouvir diversos nãos
Seguir este caminho que me lança
Ao tanto quanto possa a confiança
E superando a queda em longos vãos.
Não quero acreditar num insucesso,
Embora seja assim quando tropeço,
A firme sensação que me levante,
O passo quando feiro num instante
Transcende ao que possa e ora confesso,
Seguindo meu olhar p’ra sempre avante.

3

Não tema a tempestade, ela é normal,
Tampouco se escondendo após já veja
O quanto vale cada vil peleja
Ousando noutro instante desigual,
Por mais que seja o sonho tão banal
Que sempre na verdade dele seja
A vida redundante e benfazeja,
Embora nos arraste para o mal,
O vento não sacuda as estruturas
E mesmo quando ocorra, te asseguras
Nas firmes expressões da tua fé,
Não aprisione a vida, ela é liberta,
E quando uma esperança te deserta,
Não faça de teu sonho outra galé.

4

A dor que tantas vezes nos comove,
Expressa a solução que inda virá.
E nisto caminhando desde já
O tempo tem a força que remove,

E mesmo quando a senda não renove
É necessário o sonho e se haverá
Instante mais sublime sempre é lá
Que existe toda a força que nos move.

A vida nos ensina com a queda
E sei que na verdade quando enreda
O passo num anseio sem igual,

O tempo resumindo o que viria
Transcende ao mero tom da fantasia
E traga a nós um mar descomunal.

5

Negar o que viesse e não sentir
A brisa em nossa face, mansa e calma,
Trazendo uma expressão que tanto acalma
Grassando nas estâncias do porvir.

Ao superar na vida qualquer trauma,
A luta se adivinha no sentir
De um tempo mais suave que há de vir,
E que reconhecesse em toda a palma.

Não quero a deferência de um vazio
Tampouco o que deveras desafio
Tentando acreditar ser mais além,

Espero qualquer dia que viria
Tramar a cada passo esta alegria
Que tanto gera o sonho que contém.

6

Brindando com o vinho da esperança
Gerado pelo tempo mais sutil,
E o verso se transforma quando viu
O mundo que no encanto ora se lança,

O dia após a queda sempre cansa
E trama este cenário mais hostil,
O tempo traça o sonho que sentiu
O rastro mais gentil de uma lembrança.

Não quero a porta amarga que se fecha
Nem mesmo escancarada sem a luta
De velho sonhador mereço a pecha,

Mas sei que na verdade o que se escuta
Traduz a sensação de liberdade
Que tenha em sinonímia: claridade.

7

Não mais pudesse ver após o fim
O dia se rendera ao que buscasse,
Após a solidão, em novo impasse,
O tempo traduzindo tudo em mim,

A morte se aproxima e mesmo vim
Mostrar a sensação na velha face
Rompendo com o tanto que grassasse
Lutando contra o mundo; sempre assim.

Escrevo o nome em sangue e vejo após
O tanto que pudera sempre em nós
Ousar noutro momento em luz e glória,

O mundo sem sentido e sem razão,
As sortes mais diversas, negação,
Moldando o que inda resta em mera escória.

8

Procuro pelo menos um sinal
Do quanto pude e nada mais teria,
Senão a mesma história onde arredia
A vida se fizera bem ou mal,
O caos gerando a sorte desigual,
O preço a se pagar não valeria
Sequer o que se mostra em fantasia
E nisto o meu caminho é mais venal.
O rumo se perdera noutro espaço
E o tanto que se quer, amiga eu traço,
Vencido pelos erros de um passado
Jogado nos temores e remorsos,
Procuro da esperança meus reforços
E vejo a solidão sempre ao meu lado.

9

Não quis acreditar no quanto é válido
O tempo sem sentido ou mesmo rude,
Transforma qualquer ato em plenitude
Ainda que se forme em tom mais pálido,

O corpo sem defesa segue esquálido
E o vento noutro espaço, já não pude,
Impunemente o tanto em amplitude
Gerasse o que sentisse agora cálido,

O cântico feliz de um novo tempo
Vencendo qualquer dor e contratempo
Expressaria apenas esperança,

Mas sei que na verdade o que me resta
Não deixa que se veja qualquer festa
E o passo no vazio ora se lança.

10

Amigo, mais um copo de cerveja?
A vida não traria melhor sorte
A quem se dedicando ao tanto corte
Ainda na verdade não preveja
A sorte sendo entregue de bandeja
Marcando com terror o velho aporte,
E mesmo que deveras mal comporte
A luta não seria benfazeja,
O fim se aproximando e tanto faz,
Aonde acreditasse ser audaz,
No fundo sou apenas um palhaço,
O tempo sem sentido e o velho encanto
Agora se espalhando em qualquer canto,
Traduz o que deveras já desfaço.

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