quarta-feira, 20 de julho de 2011

1

Distando dos meus olhos o voar
Dos sonhos mais audazes e felizes
Deixando no caminho as tantas crises
Que possa cada instante provocar,
O quanto se tentara enfim amar,
Vagando sobre as pedras em deslizes,
Do tanto que fizeste e ora desdizes,
A sorte que pudera desejar.
Não quero tão somente o mesmo enfado
E nisto aonde possa e se me evado
Enfrento os turbilhões. É sempre assim.
Meu mundo desabando noutra esquina
Ainda quando muito mal domina
O resto que inda guardo vivo em mim.


2

Enquanto seja breve o sentimento
Vencendo as arrogâncias e temores
Pousando muito além e de onde fores
Verás a solidão esparsa ao vento.
Meu mundo noutro instante e sei que tento
Vestir o meu cenário em várias cores,
O prazo determina então as dores
Gravadas neste louco pensamento.
Vagasse pela noite e até tentasse
Quem sabe, um mais suave desenlace,
A vida não seria de tal forma
A espúria face exposta e mais sangrenta,
E quando noutro rumo o passo tenta,
Realidade volve e nos deforma.

3


Pairando sobre os sonhos num momento
Aonde se divergem meio e sorte,
Apenas o que possa e me conforte
Traçasse novo tom, novo lamento.
E quando na verdade o julgamento
De um vago caminhar não me comporte,
Procuro a sensação de um novo n
orte
E sei ser com certeza outro lamento.
Pudera perceber o quanto havia
De sonho mesmo até de fantasia
Nas tramas mais doridas de quem busca,
Vencido caminhante sem destino,
A cada novo instante me alucino,
E a vida se anuncia atroz e brusca.

4

Nas tantas cordilheiras da esperança
O verso se perdera e nunca mais
A vida que deveras tanto trais
Gerasse o que pudesse e enfim me lança.
O passo sem sentido; eu sei que cansa,
Os olhos se perdendo tão banais
Meus tantos desenganos e os venais
Caminhos onde a morte vai e avança.
Não quero a sensação do que não veio
Tampouco vejo a vida em tal receio
Que impeça o meu caminho no futuro,
O vento roça então a minha pele,
Porquanto a própria vida me compele,
Apenas o vazio eu configuro.


5

Tocando mansamente a minha fronte
O vento que trouxera outra ilusão
Expressa no final o mesmo não
Que tanto quanto possa desaponte,
O verso noutro rumo, velha fonte,
Aonde se perdera em sensação
Traçando dos caminhos que virão
O quanto a cada engodo me remonte.

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