sexta-feira, 1 de julho de 2011

21

Meu mundo se anuncia de tal forma
Que nada mais permita alguma queda
Senão a mesma face que me veda
O tempo que deveras nada informa,
O gesto refletindo o que transforma
A luta noutro tom, noutra moeda,
A sorte na verdade sempre enreda
E gera o que pudesse em rumo e norma,
Não quero que se veja tão somente
O farto delirar em corpo e mente,
Enquanto a vida trace novos planos,
Os erros são comuns e disto eu sei,
Avanço sem pensar a nova grei,
Embora em costumeiros desenganos.

22

Apenas mais um gole e nada mais,
Este aguaceiro outrora foi o fato
Que trouxe o meu caminho onde constato
Os erros tão diversos e abissais,
Não quero o que decerto transmudais
Tampouco outro momento onde resgato
A sensação sublime de um regato,
Enquanto noutro tom cicatrizais.
Crisalidando a vida de tal sorte
Que tanto poderia vida ou morte,
Apenas liberdade e ser feliz,
O corte na raiz, o medo e o tédio,
O vento noutro rumo, meu remédio,
Além do que pudesse e mesmo fiz.

23

Demônios que acompanham cada passo
Do velho caminheiro, noite afora,
Apenas a verdade me apavora,
E deixo o meu cenário sempre lasso,
Vencido pelo quanto fora escasso
O rumo noutro tom se revigora
E gera o que pudesse sem ter hora,
Somente aperta o nó, diverso laço,
Ouvindo este marulho que me clama,
Apresentando enfim a louca trama
Que possa desvendar qualquer segredo,
O vértice do sonho me arrebata
E a noite noutra face mais ingrata
Expressa o que deveras te concedo.

24

Não queira acreditar em qualquer farsa
Tampouco deuses, bruxas e quimeras,
As sortes entre tantas quando esperas
No fundo a cada dia o tempo esgarça,
O medo não traria o que disfarça
Tampouco renovassem tantas eras
Aonde se perdessem primaveras,
A solidão se torna uma comparsa.
Não mais mereceria qualquer chance
Ainda que no tolo rumo lance
As tantas ilusões tão contumazes,
Após o dia a dia entre cenários
Diversos e por certo temerários,
Os dias entre medos tu me trazes.

25

Não mais amanhecesse dentro em nós
A paz que nos redime, mansamente,
E o tanto que deveras se apresente
Procure noutro tempo a rude voz,
De quem se mostraria qual algoz
Gerando novo sonho, plenamente,
E tanto quanto possa se desmente
No tétrico caminho, aquém e após.
O vento nos tocando, desafia,
A luta noutro tom dita a harmonia
E o verso sem saber, nos une ou mata,
A sensação que possa nos tocar,
Trazendo com certeza algum luar
Ou mesmo a imensidão de uma cascata.

26

Não sei do que se trata e se soubesse
Decerto não faria diferença
A vida ainda quando nos convença
Expressa o que deveras mais pudesse,
A luta se desenha em viva messe,
Encontro nos teus lábios, recompensa,
E sei desta palavra quando imensa,
A sorte noutro tom nada obedece,
Resumos de outros erros, de outros fatos,
E sinto os meus anseios mais ingratos,
Em pratos limpos vejo o meu outono,
Repare cada engano mais frequente
E beba tão somente o que apresente
A vida como fosse um cão sem dono,

27

Somando cada fato no final
O vento não seria simplesmente
A brisa que nos toque e me contente,
Seria na verdade um vendaval,
O canto se aproxima do fatal
Momento aonde o todo não desmente,
E roda sem sentido, a minha mente,
Num ato tantas vezes colossal.
O pranto desfilando no meu rosto,
O quanto deste medo fora exposto
Nos velhos e diversos picadeiros,
Os tétricos ensaios da esperança
A vida com certeza também cansa
Nos dias mais doridos, derradeiros.

28

Organizando a vida de tal jeito
Que nada além do circo que apresento
Trouxesse na verdade o que ora tento
Vestir em fantasia e sempre aceito,
O verso noutro rumo, contrafeito,
O dia se mostrara desatento
E gesta esta ilusão em sofrimento,
O amor já não seria algum defeito.
Restauro tantos dias em vazios
E sei das sensações e desafios
Afio minha faca neste ensejo,
E sigo sem saber qual a razão
Que possa transtornar o coração
Deveras sem juízo e tão andejo.

29

Mereça ou não me esqueça deste caos
E dele novos erros eu veria
Enquanto se resume em ironia
Os dias tão diversos, sempre maus,
Ousasse penetrar, restam degraus,
E o tempo na verdade mostraria
A mesma solidão que desvaria
Bebendo em altos níveis, tantos graus.
Os erros mais comuns e poetizo
Trazendo para o peito sem aviso
Amores que em verdade não cabiam,
As sendas mais sutis e o mais comum
Tramasse dentre tudo ao menos um
Cenário entre os diversos que cambiam.

30

No mesmo rumo segue o tempo enquanto
Procuro pelo menos mansidão,
Agora que se veja a dimensão
Do todo que perdera seu encanto,
Apenas o que possa e não garanto,
Ousando nas esquinas que verão
As coxas e meninas, desde então,
Marcando o que decerto eu agiganto.
Repare cada anseio e veja o fim
Do grande e forte amor que resta em mim
Num turbilhão de gozos e temores,
Seguindo de tal forma aonde fores,
Os sonhos são diversos, disso eu sei,
E ao fim minha esperança rege em lei.

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