sábado, 2 de julho de 2011

41

Na atribulada senda da esperança
A vida não condiz com o que eu quero
E sinto meu caminho mais sincero
Vencido pela sorte onde se avança
E o cântico diverge da lembrança
De um tempo mais audaz, e mesmo fero,
Tramando o quanto queira e destempero,
Vivendo a mais sofrível vã vingança;
O caos se apresentasse de tal forma
Que nada do que possa se transforma
Num átimo mergulho no vazio,
E o tétrico delírio se anuncia
Vagando sem sequer a fantasia
Que tanto quanto alento, busco e crio.

42

O tanto que esgotasse um descaminho
A quem se fez além de meramente
O todo na verdade se apresente
Embora tantas vezes vá sozinho,
Quisera perceber quando me alinho
E beba deste sonho claramente,
Vagando muito além desta vertente
Apresentando em paz, o velho ninho,
A sensação que trague alguma luz
O verso noutro tom se reproduz
E gera tão somente esta esperança
Negando a cada dia nova senda
O mundo quando além a vida lança
Traduz o quanto possa e se desvenda.


43

Sobre as ondas saveiros, barcos, sonhos,
E os dias mais audazes e sutis,
Ainda que pudesse e mesmo quis
Vencido pelos ermos enfadonhos,
Não quero apresentar dias medonhos
Nem mesmo meu cenário sempre gris,
Ou tanto quanto possa em cicatriz
Diversa dos tormentos tão bisonhos.
Apenas não seria mais vital
Acreditar no quanto em virtual
Caminho este oceano fosse meu,
Ameaçando apenas este ocaso,
O beijo sem sentido sempre atraso
E o tempo noutro enredo se perdeu.

44

Anseio pelos dias mais tranquilos
Embora na verdade sejam raros,
Os olhos da emoção não serão claros
Tampouco nos meus passos teus vacilos,
A boca se encharcando com bacilos,
As sendas entre dias mais amaros,
E os erros são comuns em desamparos
Trazendo novos templos sem estilos.
Restauro com o sonho o que perdi,
O tanto que encontrara em frenesi
Espuriamente atravessando o mar,
Que possa ser mais nosso e traga a paz
E mesmo quando seja enfim capaz
De traduzir o quanto pude amar.


45

Um perigoso sonho entre diversos
E os olhos procurando qualquer cais
Aonde com certeza transformais
O quanto poderiam universos,
Os ventos noutro enredo vão dispersos
E os ermos quando muito provocais
Gerando dias fartos e banais,
Enquanto nos teus erros, meus, imersos.
Ainda não pudera ter somente
O que se desenhara e não desmente
A mente sem juízo e sem saber
Do tanto que se perde pouco a pouco,
No fato mais constante, feito um louco,
Não sei onde pudesse me verter.

46

Um dia após a queda do que outrora
Vibrasse em consonância com meu sonho,
A luta se transforma e decomponho
O quanto sem certeza me devora,
Na força que tentara e desancora
O barco se traduz em tom medonho
Versando sobre o todo recomponho
Meu prazo que bem sei já não tem hora.
Assenhorasse a vida em tal detalhe
E quando no final a sorte atalhe
Invadindo o cenário, ato final,
Cortinas se fechando, e sem aplauso,
Meu passo neste instante duro eu pauso
E vejo o salto rústico e mortal.


47

Funâmbulo; deveras, desejei,
Apenas um momento de descanso,
Porém a cada instante mais avanço
Deixando para trás a antiga grei,
Não sei e não me importa o que serei,
Apenas outro tanto em turvo ranço,
Cadenciando o todo onde me lanço
Expresso o que desejo e mergulhei,
Nas ânsias mais presentes e constantes
Os sonhos tantas vezes por instantes
Desvendam o mistério da existência,
Mas nada do que pude se garanta
Na farsa que se mostra sempre tanta
E amor seria apenas coincidência.


48

Não quero ser apenas figurante
Na farsa que me trazes, vil bufão,
A luta se demonstra sem razão,
E o corte se apresente doravante,
Não tento acreditar no que garante
A senda mais diversa no verão
Nem mesmo se moldasse outra estação
Ainda que se faça fascinante.
O cândido caminho não existe,
O olhar que tanto quero segue em riste
E assiste o que se fez de camarote,
Não possa traduzir o que denote
A sorte vicejando em primavera,
Enquanto a minha vida destempera.


49

Brindando com sorrisos e mentiras
As tramas que trouxeste sem segredo
E quando na verdade ora concedo
O beijo sem sentido me retiras,
Não quero acreditar nas tantas iras
E nelas vejo apenas desenredo,
O prazo se derrama e desde cedo,
Recolho da esperança suas tiras,
Não tenho mais por que seguir assim,
A cada novo passo, mais o fim,
O vento não me traz felicidade,
E sei que no final em contratempo,
Apenas encontrando o rude tempo
Gerando dentro da alma a tempestade.


50

Maceras com teus olhos o horizonte
E bebes desta fonte mais atroz,
No quanto meu cenário perde a voz,
O sol noutro momento já desponte,
E sei que quando a vida desaponte
O sonho se moldara em mesma foz
Gerando o que pudera logo após,
Trazendo no cenário nova ponte,
Meu mundo se desaba numa inglória
Vontade que pudesse merencória
Tramar outro momento mais diverso,
Não quero e não vivesse tal anseio,
E tanto quanto possa sempre veio
Nos olhos o que tanto temo e verso.

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