sexta-feira, 1 de julho de 2011

51

Já nada mais coubera além do medo
Apresentando a queda paulatina
E nisto o que deveras me domina
Traduz a forma como ora procedo,
Vivendo desta expressão que desde cedo
Ainda se permita e me alucina
A sorte se desvenda e desatina,
Gerando o que pudera em novo enredo,
Acolho meus pedaços, sigo em frente
E quando na verdade se apresente
O mundo sem sentido, eu sou assim,
Persisto enquanto rude agricultor
Tentando desvendar o quanto amor
Ainda traz a fúria dentro em mim.

52

Mananciais diversos, ritos tais,
E os olhos no passado desde agora,
O quanto noutro instante me apavora
Expressa o que pudesse e muito mais,
Vencido pelos vastos temporais,
A sorte noutro tom não revigora
Quem sabe a solidão e quando aflora
Encontra seus anseios tão venais.
Repare cada farsa e veja o fim,
Do grande sentimento que há em mim,
Porém silenciado pelo não,
As horas são diversas fantasias
E quando no final nada querias,
O temporal eclode em turbilhão.

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Apraza-me saber de tua dita,
E bebo em homenagem ao que um dia
Pudesse ser o todo que eu queria,
Embora a solidão persista aflita,
O medo noutro rumo já reflita
O que pudesse haver em poesia,
Ou mesmo na verdade esta ironia,
O quanto se deseja necessita.
Ausente dos meus olhos, o horizonte,
Aonde o quase nada já desponte
Apontando a verdade sem temores,
Seguindo com certeza aonde fores
Não deixo no final sequer meu rastro,
E nos caminhos vagos eu me alastro.

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Não sei se me permito acreditar
Nos erros que deveras são frequentes
E sinto quanto queres e até tentes
Vagando sem saber do céu, do mar.
O manto que pudesse desdobrar
As lutas entre tantas indigentes,
Os passos pelos quais não me orientes
Desvendam o que pude navegar,
A areia que se toca, em plenitude,
O mundo na verdade ora me ilude,
Jazendo no caminho aonde o tempo,
Vencido pela luta sem razão
Gerasse o que se preza em dimensão
Superior ao tosco contratempo.

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Apresentasse assim o fim do encanto,
No jogo entre meus erros, meus acertos,
Os dias apresentam tais concertos
E neles outros dias, medo e pranto,
Ainda que pudesse o que garanto
Supero com vontade tais apertos
E tento desvendar os teus consertos,
Até que novo dia eu adianto.
Esbarro nos sinais e vejo então
A sorte diluída no vazio,
E sei da mais diversa dimensão
Do quanto poderia e desafio,
Gerando no final a sensação
Desta árida emoção em ledo estio.

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No ocaso que se faz mais corriqueiro
Encontro tão somente o que sentisse
Vencendo com certeza esta mesmice
Marcando o meu momento derradeiro,
Ainda que se perca, não me esgueiro,
E vivo como a sorte contradisse,
Gerando sem temor qualquer crendice,
Ou tanto da esperança mensageiro,
Poética expressão que na verdade
Traduza o quanto reste e se degrade,
Num fato tão sutil e tão comum,
De todos os meus dias, nada levo,
Sequer este tormento até longevo,
E sou quando percebo só mais um.

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Os dias se misturam num mosaico
E vejo a solidão quase disforme
A vida com certeza não me informe
Do todo que se fez demais arcaico,
Ainda que se possa ser prosaico,
O leito noutro tempo não conforme
E bebo do que tanto não mais forme
Sabendo o coração ser quase laico,
O verso; o vento veta meu anseio,
Poeta sem sentido quando veio
Bebendo mais um gole da esperança
Que um dia poderia ser bem mais
E agora no vazio transformais
Enquanto o tempo cessa e não avança.

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Na antiga sinfonia o som da festa
Que há tanto desejei e não viera,
A sólida expressão desta quimera
Quando solidifica o quanto resta,
No temporal sem termo, tudo empesta,
O gesto mais audaz me destempera,
Coloquial caminho em insincera
Versão que na verdade não se empresta,
O peso em minhas costas, o passado,
O verso noutro tom encaminhado,
E a rude consistência do que um dia,
Gerasse novamente este vazio
Bebendo o quanto possa e desafio
O amor que na verdade não viria.

59

Ainda sem saber do quanto pude,
Tentara acreditar noutro momento
E sinto o que deveras sempre tento
Ainda que se mate a juventude,
O vendaval traduz esta atitude
E nisto me completo em desalento,
Seguindo o meu olhar bem mais atento
Do quanto poderia e desilude,
Não vejo mais sentido no que tanges,
Mergulho finalmente no meu Ganges,
Purificando o quanto poderia
Traçar noutro detalhe a minha sorte,
E tendo quem deveras me conforte,
Adentro o que se faça em ironia.

60

Não quero acreditar no que viesse
Diversamente ou tanto em ilusões,
Ainda que se possa quando expões
Trazer o meu caminho em rude messe,
Vestindo o que talvez inda se tece
Nas tramas e nos sonhos, meus porões,
A vida me mais diversas dimensões
O cântico pudera e não se esquece,
O verso sem sentido noutro rumo,
O canto se tramasse e assim resumo
Meu verso sem temor enquanto vejo,
O prazo determina o fim de tudo,
E nisto quantas vezes eu me iludo,
Agrisalhando o que era em azulejo.

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