domingo, 3 de julho de 2011

61

Possa um canto sertanejo
Traduzir em verso e prosa
O que possa meu desejo
Numa noite majestosa
E se tanto ora prevejo
O jardim tramando a rosa
Na verdade o que eu almejo
Traz a vida maviosa,
No final quando a viola
Ponteasse esta saudade
A verdade o peito assola
E mostrando a claridade
A minha alma além decola,
Coração aos céus invade.

62

No sertão que tantas vezes
Encontrei farta alegria,
Dias, horas, anos, meses,
A verdade mostraria
Na expressão das várias reses
Meu amor ruminaria
Alemães, turcos, ingleses,
Mal importa a companhia,
Venço o medo deste mar
Que pudera ser além
Do diverso navegar
Que deveras sempre vem,
Traduzindo o quanto amar,
Com certeza nos faz bem.


63

Afinando o violão
Noite afora, na seresta,
Sou escravo da ilusão,
Coração em sonho infesta,
A palavra em dimensão
Traduzisse rara festa,
Outros dias me trarão
O que sempre ainda resta,
Não mergulho no vazio
Nem tampouco no passado,
Cada dia eu me recrio,
Dos meus medos sempre evado,
Mesmo quando está sombrio,
O meu peito; iluminado.

64

Bebo um gole da esperança
Que jamais descansa e mente,
O que possa e já se alcança
Na verdade tanto sente
O meu passo em confiança
Neste verso mais frequente,
O caminho em aliança
Expressasse o bem da gente,
A palavra lavras, sonho,
Na colheita que se quer
O momento onde proponho
Teus anseios de mulher,
Tendo o mundo mais risonho,
Seja como Deus quiser.

65

Nada mais se vendo após
Outra queda, noutro instante,
Um caminho mais veloz,
A vontade já garante
E se possa ter em nós
O que fora radiante
Já não vejo algum algoz,
Nem tampouco doravante,
O meu mundo nos teus braços
No teu colo, meu alento,
Entre dias torpes, lassos,
Emoções agora eu tento,
Ocupando tais espaços
Meu enorme sentimento.

66

Quando olhasse com ternura
O que a vida nos prepara
Outro tempo se perdura
E traduz cada seara
Feita em paz, tanta candura,
Noite imensa, lua rara,
A certeza se procura
Quando amor já se escancara,
Vejo a sombra do que um dia
Poderia ser além
Do que tanto mais queria
E deveras quando vem,
Traz a mesma sintonia
Que este amor decerto tem.


67

Meu momento mais tranquilo
Dita o quanto mereci
Ao viver já sem vacilo
Todo amor que existe em ti,
Emoção que ora desfilo
Traduzisse lá e aqui
O que eu guarde em cada silo,
Deste amor que eu recolhi.
Na palavra com certeza
A verdade se expressando,
Sigo a mansa correnteza
Neste instante bem mais brando,
Quando fora outrora presa,
Hoje em ti me libertando.

68

No silêncio dos amantes
Na loucura de quem tenta
Perceber os radiantes
Sonhos quando a vida inventa
Mesmo sendo por instantes,
A certeza sem tormenta,
Outros dias fascinantes,
Outra sorte se apresenta.
Nada mais se presumisse
Neste anseio que ora trazes,
Deixo além qualquer mesmice
Mergulhando em novas fases,
Do que tanto se desdisse
Noutros passos mais audazes.


69

Quando a lua não pretende
Ser somente uma vedete,
O meu mundo se desprende
O meu passo se arremete,
E bebendo o que se entende
Noutro tom, quando compete,
A verdade se desvende
Este encanto me acomete.
Bebo ao quanto poderia
Nesta imensa claridade
Traduzir em alegria
O que a vida não degrade,
Sorvo toda a poesia,
Rompo enfim a fria grade.

70

Desta noite que desnuda
Outro tempo mais suave,
A minha alma sempre muda
E supera algum entrave,
No caminho que me acuda,
A verdade além da nave
Entranhando a face aguda
De quem tanto amor agrave,
Já não quero o medo apenas
Nem tampouco a solidão,
Onde tanto me condenas
Sem motivo e sem razão,
Horas tantas, claras, plenas,
Dominando o coração.

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