domingo, 3 de julho de 2011

86

Não mais se apresentasse qualquer farsa
Enquanto o meu anseio se desvenda
Vestígios do que fora feito em lenda
Agora noutro tom nada disfarça
E o passo contra tudo quando esgarça
Jamais impediria esta contenda,
Ainda que deveras não se estenda,
A sorte se traduz noutra comparsa,
Acolho os meus enredos e prometo
O quanto na verdade me arremeta
Ao verso que insistira, e em tal soneto,
A sórdida expressão se desnudando
E o medo se transcorre no cometa
Que aos poucos segue em céu bem mais infando.


87

Nas ânsias mais comuns de quem se quer
Viver outro momento em plena paz
O verso que se fez agora audaz,
As doces maravilhas da mulher,
E nada do que eu possa, nem qualquer
Caminho se fizera mais mordaz,
E sei que deixo tudo para trás
E tento adivinhar o que puder,
Acolho tão somente o que restasse
Da vida em derradeiro desenlace
Pulsando dentro da alma em lama e tédio,
Ousando mergulhar do imenso prédio
Predigo o meu futuro em pleno solo,
E desta fantasia enfim decolo.

88

Não merecesse a vida que me deste,
E sei do quanto possa e não consigo,
O vento se traduz nalgum perigo,
E o prazo se mostrara enquanto ateste,
O verso como fosse mais um teste,
O cântico desnuda o que persigo
E bebo deste verso, o mais antigo,
E nisto todo o mundo mal coubeste,
Ansiosamente vejo o teu retrato
E nele o que pudera mal constato
Qual fora em dor e medo alguma sorte
Diversa da que possa me trazer
Ainda em rudimento, o amanhecer,
Enquanto a solidão inda conforte.

89

Não quero e não seria de tal forma
Que a vida se mostrasse a cada enredo,
No todo quanto possa e mais concedo,
A vida se reduz e nada informa,
Apenas o que vejo segue a norma
Do mar quando em teus braços desde cedo
Soubesse desvendar qualquer segredo
E sei do quanto a vida nos deforma,
Não possa ser diverso do que agora
A luta noutro tom se comemora
Grassando no vazio aonde eu siga,
O corte sem razão, a mesma luta
E o quanto sem sentido não se escuta,
Tornasse a vida amarga, mais amiga.


90

Se eu jamais te conhecesse
Noutro tom te escutaria,
Mas no todo que tecesse
A verdade em fantasia,
O meu mundo obedecesse
O que tanto se queria,
E jamais nada esquecesse
Nesta rude romaria,
Bebo aos poucos o que tanto
Quis em porre ou noutro enredo,
E se agora enfim me espanto,
Outro passo eu me concedo,
Na vertente em desencanto,
No guardar de algum segredo.

91

Já não cabe alguma luz
Onde tanto não se visse
O caminho que produz
Algo além desta mesmice
O cenário reproduz
O que a vida contradisse
No momento onde me pus
Qualquer verso, uma tolice.
Presumindo o que viria
O que tanto se resume
No fastio da alegria
Na expressão deste perfume,
O que tanto se queria
Noutro fato me consume.

92

A matéria que desfaz
Não pudera ser somente
O que deixo para trás
Neste solo qual semente,
Vendo o sonho que se faz
Quando vejo imprevidente
O caminho quando audaz
Novo encanto se apresente
Labaredas, fogaréus
Entre rumos mais diversos
Sigo além em raros véus
Onde sei dos universos
Mesmo quando em tantos céus
Olho os astros mais dispersos.

93

Nada mais se poderia
Quando o tempo relegasse
Ao caminho que traria
No final segunda classe,
A verdade em agonia
O momento que tramasse
O que possa em poesia
Desvendar qualquer enlace,
A certeza me tomando
Esta estrada convergindo,
O que fora desde quando
Hoje seja mais infindo
Sem saber do que, nevando,
Vai aos poucos destruindo.

94

Jamais tive qualquer sorte
Que pudesse me trazer
O caminho que conforte
Feito apenas no prazer
De quem tente novo norte
E mereça conceber
O que possa e sempre aporte
Meu amor num bem querer,
O meu verso no final
Traduzisse o quanto quero
Deste amor que sem igual
Transcendesse mais sincero
Ao que seja racional,
Muito além do quanto espero.


95

Nada vejo após o fato
Que tramasse o desafeto
Onde possa e me retrato
Noutro tom sigo incompleto,
Restaurando o que constato,
No caminho predileto
A verdade onde resgato
O que amor tento e completo,
Vagamente algum detalhe
Que pudesse garantir
O que mesmo quando falhe
Não impeça de sentir
Meu anseio quando atalhe
Noutro tom, mesmo porvir.

96

Já não cabe algum espaço
Onde o todo mergulhei,
Meu caminho segue o traço
Do que tanto desejei,
E se possa quando faço
Caminhar em bela grei,
Noutro tanto mesmo lasso,
No vazio eu me entranhei,
Resumindo minha história
No que tange à fantasia
Ouço a voz mais merencória
De quem tanto poderia
Traduzir ainda a glória
Feita em luz e poesia.

97

Jamais imaginei outro detalhe
Que nada mais pudesse transformar
A vida num momento a desvendar
O quanto da esperança não retalhe,
Ainda se vislumbra algum entalhe
Na fúria que apresenta o imenso mar,
E nisto se eu soubesse navegar,
Quem sabe noutro instante não mais falhe,
O verso sem proveito, o rude manto,
O tanto se desenha e me quebranto
Tentando pelo menos um descanso,
Mas quando no final já nada vejo,
Apenas o meu sonho num lampejo,
Deveras o vazio então alcanço.


98

Não mais que meramente acreditasse
Nas velhas ilusões que me trouxeste,
O sonho de harmonia em paz celeste,
O canto que se mostre sem impasse,
A velha sensação do desenlace
Que há tanto noutro tom a vida ateste
Gerando o que pudera sem que empeste
O rumo deste insano que moldasse
A vida noutra face mais suave,
E quando no final o passo agrave
O rumo se traduz em falso brilho
E assim sem mais proveito em tom atroz,
Calando da esperança qualquer voz,
O rústico momento ora palmilho.

99


O tempo se traduz aonde nada havia
E nada do que possa ainda se acredita
Vencendo a solidão, diversa e vã desdita,
Tentando tão somente ousar na poesia,
O verso que se faz em sólida harmonia
A vida tanto quer e mesmo necessita
Da luta mais audaz e nisto a alma palpita
Gerando a cada passo, o sol que me irradia,
O vento noutro instante, a senda mais sublime,
O quanto da esperança aos poucos me redime
Resumos de uma vida apenas sem temores,
E sei que seguirei aonde quer e fores,
Tentando acreditar no amor que sempre exprime
A solidez sagrada em sonhos multicores.

100

A vida se faz
No tempo que quero
Vivendo tenaz
O sonho sincero
Que possa e que traz
O tanto que espero
Sem fato mordaz
No quanto venero,
Amor que se deu
Sem medo sequer
No seu apogeu
O quanto vier
Trazendo o caminho
Aonde me alinho.

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