domingo, 31 de julho de 2011

SONETOS 31/07/11

Decerto o que interessa a quem publica
É o lucro garantido e nada mais,
Tratantes editores, tais boçais,
Enquanto a canalhice multiplica,
A fúria desta turba sempre rica
Espúria rapinagem em venais
Antologias feitas tão iguais
No quanto esta bobagem frutifica.
Não quero e nem preciso que me leiam,
Meus passos noutros rumos devaneiam
E alheio ao que se mostra por aí,
Não posso me calar e me ensimesmo,
Escrevo no final para mim mesmo,
Porém a minha força eu não perdi.




Os vermes corroendo cada folha
Do que fosse a cultura nacional,
Regida pelas mãos de um animal
Comendo cada merda que recolha,
Vivendo tão somente numa bolha,
Buscasse o que não fosse irracional,
Porém ao ver tal fuça tosca, atroz e mau,
Dos pulhas entre os cães, não tenho escolha.
Prefiro a solidão, nego a partilha,
Cansado de lutar contra a matilha,
Meu mundo se apresenta em tons diversos,
A velha e carcomida poesia,
Morrendo um pouco mais a cada dia,
Imersa entre os mais tolos, torpes versos.

Não quero e nem teria qualquer chance
De crer ser mais possível ter nas mãos
Sementes de esperança, podres grãos,
Enquanto este vazio agora avance,
Olhando mais de perto, num nuance,
Encontro estes caminhos ledos, vãos,
E na aridez completa destes chãos,
A pedra sem proveito enfim se lance.
Cadenciando o passo rumo ao fato
Do quanto poderia e não retrato,
Esqueço o quanto tenha e nada vejo,
Somente a mesma angústia de quem pensa,
Tendo o silêncio como recompensa,
Matando qualquer forma de desejo.

Não digo mais ao tempo que se finda
Palavras que agradassem ou sequer
Tentando desvendar o que puder,
Na farsa mais atroz sempre bem vinda.
Enquanto uma horda imunda além já brinda,
O sonho do imbecil que tanto quer
Mal importando até o ser qualquer,
Que tolamente envolto se deslinda,
A farsa se anuncia a cada instante,
O tumular anseio se garante
Na espúria e tão dispersa realidade,
Meu canto silencia o quanto trago
E bebo cada gole deste vago
Momento feito em torpe falsidade.

As tantas emoções e rudes passos,
Ocasos entre versos e sonetos,
Os dias mais sutis em tantos guetos
Singrando nos momentos bem mais lassos,
Ainda que se veja alguma fonte
Bastasse tão somente o nada ser,
E possa no final reconhecer
O quanto se anuncia ou mais desponte,
Venenos entre templos, teus altares,
Aos poucos e decerto percebamos
A vida se perdendo em rudes ramos,
Sangrando o que decerto mal notares,
Esqueço cada passo e retrocedo
Somente me restando este degredo.

O canto em harmonia traça a paz
Que há tanto se perdera noutro rumo
E quando a fantasia enfim consumo,
O verso noutro instante já se faz,
O passo que pudera ser audaz,
O tanto quanto perca agora o prumo,
No velho delirar nada eu presumo,
Somente o meu anseio mais tenaz.
Apresentando sempre esta balela,
A vida noutra face se revela
E gera outro momento, crucial,
Meu canto ainda espelha esta vontade,
E quando trago na alma esta saudade,
Enfrento o mesmo velho ritual.

Eu sei da liberdade quando vejo
Um sonho após a queda que tivera,
Atocaiada sorte, rude fera,
Transcende ao quanto pude noutro ensejo.
Não tendo nem sequer o que ora almejo,
A luta se traduz em sorte mera,
E quando a poesia destempera
O verso se translada e dita o pejo.
Arcar com meus tormentos e seguir,
Depois do quanto possa presumir,
Jamais me transportasse aonde eu possa
Viver esta incerteza que resume,
O nada sem sentido, em frágil lume,
No quanto a fantasia fosse nossa.

O mundo se presume noutro instante
Enquanto esta incerteza nos domina,
Uma alma transparente e cristalina
Decerto outro momento em vão garante,
O passo que se preze doravante,
O fato mais audaz já determina
O tanto que pudera em luz divina
E o templo feito na alma se agigante.
O caos ora se espalha e vejo a fome,
Enquanto uma esperança se consome
Vagando sem saber qualquer amparo.
E nesta sensação busco e declaro
O vento me tocando mansamente,
E o tempo sem sentido se apresente.

Não mais que mera luz aonde um dia
Pudera acreditar em holofote
O quanto deste sonho se denote
No fundo nada mais, pois me traria,
Tocado pela fúria em ventania,
O mundo se anuncia em velho mote
E o quanto poderia e nos derrote
Grassasse sobre a rude assincronia.
Meu tempo se esvaindo lentamente,
E tendo o quanto possa e já se ausente
Dos dias onde o sonho me inundasse,
A vida de tal forma se transforma
Não tendo nem sequer caminho e norma,
Persisto na incerteza deste impasse.

Refaço cada passo e me acercando
Dos dias onde busque algum encanto,
Jamais imaginasse e não garanto
Sequer outro sentido bem mais brando,
Minha alma se perdendo, navegando,
Nos ermos de quem sabe como e tanto
Viver o mais completo e vil quebranto
Que o mundo desenhasse, sendo infando.
Reparos numa vida sem proveito,
Apenas o que reste tento e aceito,
Negando cada verso ou mesmo sonho,
No fim já nada mais me restaria
Nem mesmo a tão falada poesia,
Nem toda esta emoção que ora componho.

Nenhum comentário: