terça-feira, 23 de agosto de 2011

23/08/2011

Jamais acreditando num enredo
Diverso do que a vida me traria
Pousando aonde a sorte não veria
O tanto quanto possa e mais concedo,
Vencendo o caminhar audaz e ledo
A luta se desenha em agonia,
Regendo tão somente a fantasia
E nisto cada passo em vão procedo,
Ausento de mim mesmo quando busco
O velho delirar e sei do brusco
Cerzir deste vazio dentro da alma,
O rústico momento se transforma
E tendo a solidão como tal norma
Apenas a mortalha eu sei que acalma.

2

Quisera acreditar no que não veio
E mesmo se tentasse não versejo
Apenas tendo em mote o meu desejo
Ou todo este momento rude e alheio,
Não pude imaginar o quanto anseio
E trago o meu vergar onde dardejo
Marcando o movimento que ora vejo
Diverso do que possa e até rodeio.
No ocaso se esvaindo cada verso
Desvio o meu olhar deste horizonte
E tanto quanto sonhe até aponte
Rastreio cada estrela no universo
Matando a sensação que desaponte
Ou mesmo sonegasse o brilho e a fonte.

3

Retirantes do futuro
Esperanças mortas trago
E se possa noutro afago
Esta estrada eu não perduro,
Tendo o dia mais seguro
Ou decerto o velho mago
Traz o quanto aquém divago
Neste mundo amargo e escuro,
Restaurando cada encanto
Do que tente e não garanto
Nem sequer eu reconheço,
Poesia dita o rumo
E se veja o que resumo
Noutro sonho ou adereço.

4

Ruminando desde agora
O que prezo e não teria
A certeza me apavora
Incerteza mais sombria
O meu barco desancora
E outro tempo me traria
A vontade que vigora
Mesmo aquém de uma magia
Onde vejo o meu retrato
Sem proveito em vaga estância
O que possa e já constato
Vai além da mendicância
O momento dita o fato
Mesmo quando a luz alcance-a.


5

Nada resta deste sonho
Que pudera ter nas mãos
Ouso crer e até proponho
Na incerteza de outros vãos
Os momentos que medonho
Cada verso bebe os nãos
Muito aquém do quanto ponho
Sobre o solo árido, os grãos.
Já não sei nem represento
O que outrora fosse luz
A verdade encontra o vento
De tal forma me conduz
Transgredindo o pensamento
À mortalha já faz jus.

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