sexta-feira, 2 de setembro de 2011

02/092011


Usando a mesma face em tal detalhe
Ainda quando o sonho nos retalhe
Pousando noutro rumo mais audaz
O corte se aprofunda e o nada traz.
A vida se resume quando falhe
E sei deste vazio onde se encalhe
O barco da esperança, ora mordaz,
E deixa todo encanto para trás
Gestando o quanto pude e não viera
Matando dentro da alma a primavera
Gerando a confluência desta sorte
E nada que eu pudesse ou me conforte
Traria outra versão bem mais sincera
Mudando com certeza nosso norte.

2

Refeito desta queda aonde eu vira
A senda desenhada em tal mentira
Retorno de outro tempo que soubesse
Do quanto se presume a rara messe.
Não tento acreditar e se retira
A luta sem saber da rude mira
Ainda quando o sonho se confesse
Ou mesmo a poesia não se esquece.
Retorno do que fosse alguma luz
E sei quando a verdade nos conduz
E tanto deste passo que condiga
Meu verso traduzindo frágil liga
Enquanto no vazio reproduz
Seara tão audaz, mas tão antiga.

3

Unindo cada trama num anseio
Ditando este caminho enquanto veio
Cerzindo em cordoalhas os momentos
Matando com temores, desalentos,
Os tempos noutro engodo que rodeio
Vagassem pelo céu e mesmo alheio
Tramando da esperança rudes ventos
E tanto quanto possam passos lentos
Resumem a verdade sem sinais
Do quanto poderia e se te esvais
Jamais imaginasses tal entrave
Ainda que pudesse ser suave
Tentando adivinhar diverso cais,
A vida noutro tom sempre se agrave.

4

Resumos de palavras sem sentido
Os dias entre enganos, não duvido
Do todo que se molda a cada queda
E nisto nova estrada se envereda.
Os gozos ditam ordens da libido
E sei do quanto possa e; precavido,
Pagando cada engodo em tal moeda
Lutando contra a fúria que se enreda
Nos passos de quem tanto desejei
Acreditando sempre em rude lei
Ou mesmo na pujança do vazio,
O prazo determina o quanto espio
Tramando o que jamais inda verei.

5

Unindo minha voz esqueço o quanto
A vida se mostrara e sei, portanto
Que o velho caminheiro já cansado,
Traduz o que pudera e se me evado,
Aonde se mostrara, desencanto
Vagando no silêncio deste canto
Cortando pouco a pouco o prazo dado
A quem se fez somente desolado.
Restrinjo o quanto eu tenha noutra face
E mostro o que deveras mal se trace
Aplaco cada dor que a vida traga
A senda se anuncia em rude plaga,
E quanto mais presumo o desenlace
A morte num momento já me afaga.

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