sexta-feira, 2 de setembro de 2011

IMAGEM DISTORCIDA - Dueto


Quisera conhecer teu outro lado,
Que nunca pude ver porque tu eras
Apenas uma fera entre as feras,
Sozinho e pelos cantos mui calado.

Quisera conhecer as primaveras
Dos teus amores, como hei sonhado,
Teu lado oculto, nunca revelado,
Mas me cansei das dores, das esperas.

Depois de tanta espera e tantos prantos,
Sem ter os teus amores, teus encantos,
Perdi-me nas veredas d’amargura.

E agora que me vens, sem ter pudor,
S’enflorando em crisálidas d’amor,
Eu trago em mim o outono da tristura.

Edir Pina de Barros

O quando viste outrora em distorcida
Imagem nunca fora o ser real,
O tanto que se faça bem ou mal,
Expressa esta visão pré-concebida,

Aonde a rude face te intimida,
Do próprio ser não vês sequer sinal,
O quanto desta farsa tão venal
Jamais expressaria minha vida,

Um cão encurralado reagindo,
Um verme pouco a pouco evoluindo,
No fundo não são meras fantasias

O fato é que decerto o que desenhas
Em frases dolorosas e ferrenhas
É como em falsas luzes tu me vias...

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