quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Obscena - Dueto

Obscena

Veneno é o que não falta em tua veia,
Correndo livre pelo corpo todo,
Tão denso e tão viscoso feito o lodo,
Contido em teu sorriso de sereia.

Na veia tua corre só veneno,
Que dentro em ti cultivas e destilas,
E lanças pelo olhar, pelas pupilas,
De jeito disfarçado, vil, pequeno!

E com palavras falsas, coloridas,
Nos teus mortais venenos embebidas,
Manténs os que te amam na coleira.

Areia movediça! Traiçoeira!
Tens jeito d’uma mosca varejeira
Que deposita larvas nas feridas!

Edir Pina de Barros

Eu sei quanto me odeias, mas decerto
Presumo que talvez em nova face
A vida com certeza te mostrasse
Mortalha que deveras eu deserto,

E bebo este futuro mesmo incerto,
Sem ter sequer um desenlace
E o todo que deveras transformasse
No tempo aonde possa estar desperto,

E tanto quanto deva e me completo,
Por mais que eu te pareça qual inseto
No fundo sempre um torpe sonhador,

Que arrasta-se qual larva vida afora
A podridão que aos poucos me devora
Eclode nas crisálidas do amor...

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