quinta-feira, 31 de maio de 2012

O GOSTO DO TEU BEIJO

O GOSTO DO TEU BEIJO

Eu quero o gosto salutar do beijo,
Roçando os lábios, mansidão trazendo;
Nesse querer, aprofundar desejo,
Num renascer, por todo amor, morrendo...
Quero viver ansiedade... Vejo
Nos olhos, brilho do luar, sorvendo...
Ah! Quem me dera conhecer perdão,
Seria assim, como m’erguer do chão...

Eu quero a mansidão do teu carinho,
Quero a ternura mansa de teus dedos
Percorrendo; macios, todo o ninho,
Onde se esconde todos meus segredos...
Eu quero me sentir belo azevinho,
E não guardar, sequer, nenhum dos medos,
Que tantas vezes foram empecilhos,
Que impediram, seguir enfim, meus trilhos...

Eu quero a sombra d’arvoredo em mim,
Beijar as mãos de quem carícia traz.
Sentir o teu poder, trazido assim,
Nessas manhãs que me permitem paz...
Esquecer quem sou, vindo d’onde vim,
Saber cada minuto, ser capaz
De penetrar esses caminhos tortos,
Vou esquecendo tudo, até meus mortos...

Ter amor, ter paixão, felicidade...
Saber que estás, por perto a todo instante;
Conhecer quão amarga uma saudade.
Amor, palavra que traduz constante,
Num diário exercício, liberdade...
Ao contrário, paixão, inebriante,
Delira e me maltrata, sem ter pena,
Enquanto o amor, suave manso, acena...

Perdido num passado me encontrava,
Sem luz, sem brilho, delirante algoz;
Juro-te, então, jamais imaginava,
Que poderia ouvir silente voz,
A voz do coração, que se negava,
Sequer mais uma chance, dor atroz...
Agora que conheço ser feliz,
Mergulho no teu colo e peço bis.

Amiga, me permita um desabafo,
A vida foi cruel, mas é passado...
Da fera solidão, senti seu bafo,
Meu mundo tantas vezes foi errado.
Quantas vezes calado estou, abafo
A sensação feroz do triste cardo.
Nos seus espinhos me feri demais,
Minha memória grita então, Jamais!

Quero a delicadeza de teus pés,
No caminho feliz que me ensinaste...
A vida tantas vezes no viés
Desviou-se do rumo que traçaste...
Meu barco, naufragando sem convés,
És o porto seguro, fiel haste
Sustentas com vigor a minha vida,
Quem dera nunca houvesse despedida...

Se bem sabes o quanto que te quero,
E quanto devo nunca tenhas cismas;
Em cada novo verso, eu sempre esmero,
Tentando prosseguir sem cataclismas;
Porquanto tanto amor, sempre tempero
As luzes vou filtrando em novos prismas...
Amada, nunca fujas de meus beijos,
A vida se traduz nesses desejos...

MARCOS LOURES

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