segunda-feira, 4 de junho de 2012

O LÁZARO DA PÁTRIA AUGUSTO DOS ANJOS e marcos loures

O LÁZARO DA PÁTRIA AUGUSTO DOS ANJOS e marcos loures


Filho podre de antigos Goitacases,
Em qualquer parte onde a cabeça ponha,
Deixa circunferências de peçonha,
Marcas oriundas de úlceras e antrazes.

Todos os cinocéfalos vorazes
Cheiram seu corpo. À noite, quando sonha,
Sente no tórax a pressão medonha
Do bruto embate férreo das tenazes.

Mostra aos montes e aos rígidos rochedos
A hedionda elefantíase dos dedos
Há um cansaço no Cosmos... Anoitece.

Riem as meretrizes no Cassino,
E o Lázaro caminha em seu destino
Para um fim que ele mesmo desconhece!

AUGUSTO DOS ANJOS

A carne apodrecida em tão precoce
Momento da existência a vejo exposta,
Cortada e carcomida em cada posta,
Rapina do cadáver já se aposse,

Superna sensação que a morte endosse
Grassando nesta escória hoje composta
Desta opressão temível sendo imposta
Herética tortura enfim destroce.

Errática sem nexo, a multidão,
Ao ver entre as esquinas podridão,
Na face da criança ora esquelética,

Contorna o que se fez especular,
E segue rumo ao templo e vai orar,
Qual fora uma manada cataléptica...

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