sexta-feira, 3 de agosto de 2012

ONDE ESTÁS?

ONDE ESTÁS?

Onde estás meu amor? E por que foste embora?
Minha janela aberta aguarda essa presença
Pois tudo está tão triste...Espero recompensa
Da prenda que não veio. A solidão demora...

Meu canto rasga o céu numa esperança em prece.
O mau jardim distante, esquece-se da flor,
A cada novo sonho, um mínimo rumor,
Meu peito enamorado aos poucos desfalece.

Percebe que não vens... E não virás jamais.
Em torno dessa lua o grito doloroso,
A minha alma chorosa, um espectro andrajoso,
Procura por parada, a vida nega o cais...

Tantas vezes sozinho. Em busca da verdade,
A dor dessa saudade espreita na tocaia...
O meu mar tão distante, a fina areia a praia...
Só me resta essa cruz, a dor da soledade...

Um dia fui feliz, um breve dia assim.
O beijo amaciado, a mansidão da noite...
O vento que soprava espera teu pernoite
Trazendo, no horizonte, amor que não tem fim...

Mas nunca regressaste espero-te cansado...
A solução da vida, a paz tão almejada.
O tempo vai passando, e não me sobra nada.
Meu leito de viúvo, a cama, o triste fado...

Nas cinzas do cigarro, imagem espectral,
Um resto de conhaque o pensamento voa..
Uma alma dolorida embalde inda ressoa,
A noite vai passando ... Inferno sideral.

O meu canto tristonho, amargura da vida.
O meu peito vazio, a noite sem ninguém.
Tortura o vento frio, aguardo pelo bem
Que sei que não virá, a noite está perdida.

Sou preso em dissabor, do amor que nunca tive
Quimera que me mata, a noite sem desejo.
O manto que me cobre, o sonho que versejo.
O templo que carrego, a saudade revive...

A marca mais profunda, imensa cicatriz,
Em brasa tatuada, espessa e dolorida,
Um bem que nunca veio, uma gota de vida
Num oceano imersa, e como ser feliz?

MARCOS LOURES

Nenhum comentário: