sexta-feira, 8 de março de 2013

FARDO?

FARDO?

Não me deixe morrer, melhor a vida,
Mesmo esquecida nesse quarto escuro.
A dor golpeia funda e retorcida;
Eu tento audacioso pular muro...

A perna que quebrei, mordaz ferida
Não pode sufocar; então, perfuro
Os meus ossos expostos... Vai fendida
A alma; meu peito rasgo, sou obscuro...

Essa dor lancinante é simples fado,
A noite penetrante e sou culpado
Pelas minhas retinas maculadas.

Tateio, ondeio; seios teus são teias,
Quero tomar-te enfim nas minhas veias...
Se sou teu fardo, tuas mãos são fadas...

MARCOS LOURES

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