sexta-feira, 31 de maio de 2013

MEU REPENTE



MEU REPENTE

Quem me dera um repentista
Eu pudesse na viola
Todo o brilho que se assista
No luar quando consola
Coração de um sofredor
Que cantasse em serenata
A beleza de um amor
Que de tanto amor maltrata,
Sem temer o que virá
Sem sangrar em fantasia
Sendo aqui, sendo acolá
Todo o bem que se queria,
Na expressão mais gloriosa
Sem saber outro caminho,
O perfume dessa rosa
Esquecendo o seu espinho,
A palavra mais bonita
A canção de um passarinho
Que em meu peito, mansa, grita,
Faz do sonho um doce ninho,
Simplesmente poderia
Encontrar neste infinito
Feito em luz e fantasia
Sem saber de um mundo aflito,
Nem areia movediça
Numa praia tão dileta,
Esquecendo da cobiça
No sonhar de algum poeta,
Procurando de repente
Outro tanto que não tive,
Quem amando  traz semente,
Neste solo que cultive,
Esperando na colheita
Um sorriso mais amigo,
Cada dia se deleita
Na certeza de um abrigo,
A cigarra sertaneja
Num inverno rigoroso,
Da formiga que peleja
Tenha alento caprichoso,
Tantas vezes fui feliz,
Neste mundo mesmo atroz,
Vou fazendo o que mais quis
Vou soltando a minha voz,
Meus amigos, no meu verso,
Eu procuro ser honesto,
Caminhando no universo
Emoção em rima; empresto,
Não queria na verdade
Num repente em redondilha,
Esquecer felicidade,
Nem tampouco ser uma ilha,
De Catulo Cearense
Quero a forma e a fantasia
Outro sonho em que se pense
Feito em trovas com magia,
Nada mais que outro momento,
Meu amigo e companheiro,
Procurando enquanto tento
Mostrar meu canto mineiro,
Lapidando uma palavra
Que pudesse diamantina,
Vou cevando minha lavra
Sob a lua que fascina
Refletindo toda a prata
Que reflete teu olhar,
Dominando a imensa mata
Onde eu possa caminhar,
Sem temer nem chuva ou vento,
Sem temer uma tocaia,
Libertando o pensamento,
Que a palavra não me traia,
Distraindo quem pudesse
Me mostrar a solução
Quanto amor, amor tivesse
Inundando  em emoção.
Vou saindo de mansinho,
Minha viola guardando,
Trovejando com carinho,
No bornal sigo levando
Tudo aquilo que desejo,
O beijo de uma morena,
O tempo justo de um beijo,
Que, gostoso, me serena,
Se de nada mais reclamo
Com meu verso tão quebrado,
É que trago aqui quem amo,
Por isso eu ando de lado,
E terminando essa história
Que de longa já te cansa,
Toda a luz e toda a glória
Se traduza em esperança...

MARCOS LOURES

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