sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ironia de Lágrimas

Junto da morte é que floresce a vida!
Andamos rindo junto a sepultura.
A boca aberta, escancarada, escura
Da cova é como flor apodrecida.

A Morte lembra a estranha Margarida
Do nosso corpo, Fausto sem ventura…
Ela anda em torno a toda criatura
Numa dança macabra indefinida.

Vem revestida em suas negras sedas
E a marteladas lúgubres e tredas
Das Ilusões o eterno esquife prega.

E adeus caminhos vãos mundos risonhos!
Lá vem a loba que devora os sonhos,
Faminta, absconsa, imponderada cega!

( Cruz e Sousa )

A morte, em primavera molda o quanto
pudesse além da cova que nos trama
a própria persistência de uma chama
grassada pela angústia em desencanto,.

Regada tantas vezes pelo pranto,
ousando procriar em novo drama
a interminável solidão que ora me chama,
sem mesmo me causar qualquer espanto,

o manto a recobrir o corpo inerte,
expressa a o fértil solo,e assim reverte
num êxtase supremo, a eternidade.

os dias mais felizes, meros traços
desta ópera que é feita em passos lassos
nos laços sem resquícios de verdade...

Marcos Loures.

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