terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Não quero teu controle sobre mim,
Se faço ou não faço, passo
Caço e se descalço, estrepo o pé.
Dane-se!
Ou melhor, a vida e o pé são meus.

Não me deixe tão sozinho assim amor...
A noite não saberá o que fazer comigo.
Espero nas esquinas com ardor,
A bala que virá no fogo amigo.

Abrigos casamatas matas casas,
Camas e ressacas.
Ninguém é de ferro,
Se berro neste aterro nem atrevo.
Revivo e não mereço.

Ah! Tropeço faz parte do passo.
Do passo e do passado, passarinho...
Rimo o que vejo e o que estimo.
Extremo e não contente, resumo.

O sumo do que sou está exposto
Em vidros hermeticamente fechados,
Na quitanda da esquina.

Politicamente correto, sem matas que mate
Sem balas que negue
E sem amor que resfrie.
Sorriso balsâmico,
Anêmico e tetânico.
Correto.
Sempre correto.
Feto que aborto
Esgoto que jogo,
Vomito no fim.

Pedaço de mim
Que, vergonhosamente, escondo.

Luxúrias e lamúrias. Sangrias...

Espero que este espelho se quebre em mil pedaços.
Mil cacos, migalhas...
Espalhando meus restos pelas ruas
Formando as especulares fantasias.

Na órbita dos sonhos, sou hipócrita.
Ou pelo menos penso.
Imenso em um vazio sem precedentes.
Dentes e olhos vazados pela firme vontade de morrer.

Fumo desbragadamente.
Vergonhosamente
Estupidamente
De repente
Nada mente
E sou sincero.

Diabético, açúcar na poesia e na alma.
Sou dialeticamente imperfeito e profeticamente incauto.
Um auto retrato pútrido e fantasmagórico.

Não falo de Nada que não seja meu.
Eco de mim mesmo não aprendi a ser solidário.
Sol de mim mesmo, solitário.
Mas que se dane a noite e o dia.
A chuva é mais tinhosa.
E mentirosa como o frio
Que nunca vem se eu não quiser.

Ano que vem irei mudar...
Prometo, quem sabe?
O dente de sabre
Espera na esquina
E desatinadamente me agrada.

Amo sim.
Claro que temo isso,
Não sou burro.
Mas de fininho, vago sentado na cadeira
Por horas e horas.
Buscando o que não sei nem sei onde.
Mineiro compra bonde
O meu descarrilou...

Felizes anos velhos e ano novo.
São os mesmos e serão,
Ser tão ingênuo a ponto de achar
Que o simples fato de comprar folhinha nova
Muda a vida...
Eu sei que não.
Corro atrás,
De mim mesmo
E nada encontro
A não ser essa vontade
Louca de, louva deus,
Me entregar a um amor suicida
Que decida minha vida.

Mas, querida, me dê a mão
Que o sol desponta
E o ano novo apronta
As mesmas desilusões...

MARCOS LOURES

Um comentário:

Sandra Galante. disse...

Bela troca de palavras! Gosto quando o poeta brinca com os versos.Ficou show!