sábado, 19 de dezembro de 2015

Natal

Jesus nasceu. Na abóbada infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria...

Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus...
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na cruz.

Sobre a palha, risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vede o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.

Não nasceu entre pompas reluzentes;
Na humildade e na paz deste lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar.

No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presepe os guia,
Vem cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo,
Quem ama os fracos, quem perdoa o mal,

Natal! Natal! Em toda a natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve Deus da humildade e da pobreza
Nascido numa pobre estrebaria.

OLAVO BILAC

O pobre essênio criado em Nazaré,
favelas entre estradas suntuosas,
a simples margarida entre mil rosas,
a faca atravessando a tosca fé,

montando num simplório pangaré
em meio aos mil cavalos suntuosos,
palácios, ricos templos fabulosos,
lavando dos mendigos cada pé,

agora numa data sem valia,
brindado pela podre burguesia,
consumido entre taças de cristal,

continua exposto em miseráveis
casebres frente muros tão notáveis,
expulso em cada noite de Natal...

Marcos Loures.

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